Capitulo XLII

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Otávio

Eu estava enganado,ou aquilo que eu estava vendo no rosto de Isabela, era libido? Aquela mulher estava me desejando?
Será que eu estava conseguindo algum êxito no meu plano de conquistá-la?
-A água está ótima, não é? -aproximei-me o máximo que era permitido sem invadir seu espaço.
-Está! -ela parecia estar acordando de uma espécie de transe- Acho que eu vou viver nessa piscina.
-Sabe que faz um tempo desde a última vez que eu tomei um banho aqui.
-Por que?
-O papai é meio sem-graça. Se você não tivesse aqui,aposto que ele não entrava.
-Culpado!
-Acho que você está precisando se distrair um pouco, Otávio.
-Acho que você tem razão! -estranhamente aquilo me deu uma ideia. Uma ótima ideia! E envolveria ela, diretamente. -Talvez uma viagem?!
-Legal!-Sofia quase gritou- Quando você vai viajar,papai? Eu tenho aula não posso ir,eu posso ir pra casa da vovó? Leva a tia Isabela.
-Eu?-Isabela surpreendeu-se e eu ri de como aos cinco anos o raciocínio de Sofia era rápido.
-Por que não? Seria um modo de você também fugir um pouco de tudo o que esta te fazendo infeliz. E você pode ir sim,filhota. Vou organizar pro fim de semana, até porque o papai e a tia Isa trabalham.
-Prefiro ir pra casa da vovó.
-Não quer a nossa companhia, Sofia?
-Não é isso,papai! É que podia ser uma viagem de adultos.
Eu sorri,percebi o que aquela garotinha estava tentando e ei gostava daquilo. Agora eu tinha uma pequena cupido me ajudando.
-Meninas,vou deixar vocês um pouco, tenho que dar um telefonema.
Dei um beijo na testa da Sofia e outro na bochecha de Isabela próximo aos lábios e notei sua pele arrepiar-se um pouco. Acho que eu estava mesmo agradando.
Fui até o chuveiro e demorei um pouco mais que o necessário. Era meio ridículo,mas eu estava me exibindo pra Isabela! Depois vesti o roupão e fui para o escritório.  Claro que recebi uma bronca de Maria por molhar o chão que ela tinha limpado.
Telefonei para Douglas,meu grande amigo,que deixou a faculdade para investir num hotel pousada em Fernando de Noronha. Eu estava torcendo pra que ele tivesse vagas pro próximo fim-de-semana,e posso dizer que eu dei muita sorte. Reservei um dos chalezinhos,deixando tudo,devidamente,esquematizado. Depois reuni forças e telefonei pra minha sogra. Aquela mulher e eu realmente não nos bicavamos, mas quando o assunto era Sofia as diferenças sumiam. Acertei com ela de deixar Sofia lá na sexta-feira a noite e apanhá-la na segunda-feira.
Estava tudo certo para eu pôr meu plano em prática. Só faltava uma coisa.

Isabela

Depois de um bom tempo,percebemos que Otávio não voltaria a piscina,e como Sofia já começava a sentir frio,saímos da piscina e eu acompanhei-a até seu quarto,ajudei-a com o banho,escolhi um vestido pra ela e penteei seus cabelos.
-Você nunca quis casar,tia Isabela? -ela perguntou enquanto eu trançava seus cabelos
-Eu...-fui pega de surpresa-Claro que sim,meu anjo! Mas,eu nunca tive pretendentes.
-Você é bonita!
-Obrigada.
-E o meu pai?
-Seu pai?
-É, meu pai,ele é bonito,cheiroso e você podia casar com ele.
Eu sorri. O pai dela era bem mais do que bonito e cheiroso,era um homem como poucos, o homem certo pra qualquer mulher e justamente, por isso,eu não podia me apaixonar por ele. Nós éramos amigos,eu não podia estragar tudo.
-Seu pai ainda vai encontrar uma ótima mulher,vai se casar e ela vai ser uma mãe pra você.
-Você podia ser minha mãe!
Eu beijei o alto da sua cabeça,eu não sabia o que responder.
-Vamos descer?
-Vamos. -ela tomou minha mão e acompanhou-me até a sala.
Otávio estava deitado no sofá dormindo,roupão aberto,peito exposto,me dando uma vontade descontrolada de me aninhar a ele."O que estava acontecendo comigo?"
-Vou em casa tomar banho,meu anjo.
-Você vem jantar com a gente,tia?
-Não, meu amor! Não posso abusar desse jeito da hospitalidade do seu pai,mas se você quiser pode ir jantar comigo.
-Tá bom!-ela deu-me um beijo no rosto e eu segui rumo a minha nova casa nos fundos.
Eu tinha ficado pouco tempo ali,mas era um ambiente, realmente, acolhedor.
Otávio tinha feito um belo trabalho na reforma, qualquer pessoa gostaria de morar ali. Tomei um gostoso e demorado banho e fui para a cozinha. Tirei algumas coisas da geladeira,liguei o rádio e comecei o preparo de uma carne de panela,com arroz de brócolis e salada verde. No rádio tocava um especial de Paralamas do Sucesso e eu acompanhava Cuide bem do seu amor, errando algumas vezes a letra,mas eu não me importava,e com certeza o Herbert Viana também não. Eu só queria cantar,eu estava feliz, estava bem,nem parecia mais aquela mulher depressiva e insegura.
Eu pensava em Otávio enquanto cortava a carne,na verdade a minha imaginação foi longe e eu vislumbrava cenas de nós dois juntos.
-Porta aberta,cachorro dentro.-escutei a voz dele na minha sala e quase cortei o dedo,Sofia veio correndo para a cozinha e ele em seguida.- O cheiro está bom! O que é?
-Na verdade é só tempero,estou recheando já vou colocar a carne.
-Já sei onde vou jantar hoje.
Coloquei a carne junto com o tempero e virei na sua direção, ele estava usando uma bermuda tactel preta,de elástico na cintura e só, e a minha vontade de acariciar os pelos do seu peito veio com força total.
-Brócolis, eca!- Sofia tirava-me daquele pensamento -Eu não gosto de brócolis.
-E agora?
-Vou jantar em casa.
-Sofia- Otávio repreendeu-a
-Ela está certa,Otávio! Ela não é obrigada a comer se ela não gosta.-voltei-me para a menina- Eu posso fazer um macarrão, você gosta?
-Adoro!
-Vai me ajudar a fazer?
-Vou.
-Tem certeza que é uma boa ideia,Bela?-Otávio era um pai superprotetor
-Relaxe Otávio, ela não vai se cortar,não vai queimar o dedo. Eu só vou ensiná-la a fazer um belo macarrão com molho de tomate...
-E queijo- ela acrescentou- Eu adoro queixo.
-E queijo.-sorri

O jantar foi mais que agradável,Sofia estava falante,contando casos da sua escola ao longo da semana,terminamos de comer e ela alegou sono,Otávio queria leva-la pra casa,mas ela quis deitar-se na minha cama, o pai tentou contestar mas,ela estava resoluta.
Fomos pra varanda, coloquei duas redes nos arcos,uma pra cada e sentamo-nos de frente um pro outro,soprava uma brisa suave.
-Quer conversar sobre os últimos acontecimentos?
Eu não queria conversar mas,eu devia isso a ele.
-Não sei nem por onde começar.
-Bom! Eu não quero um relatório sobre a sua vida,eu só acho que você está precisando conversar. Tenho te achado muito triste,ultimamente.
-Eu tenho depressão, esqueceu?
-Eu sei,mas,algumas coisas reforçam isso.
-Tipo uma desilusão amorosa,por exemplo.
-É assim que você se sente?
-Eu não tenho certeza- decidi desabafar tudo- Eu achava que estava amando um homem e agora eu não sei mais. No começo eu me sentia especial,eu fiz planos,eu achei que nós iríamos casar.
-E o que aconteceu?
-Ele já era casado.
-Entendo. Mas,você ainda espera algo desse homem?
-Não! Mas...
-Mas?
-Eu não sei. Eu voltei a ficar com ele depois, mesmo sabendo que ele era casado,e da última vez,eu me senti suja.-eu estava chorando e ele levantou-se, vindo sentar do meu lado- Eu estou bem.
-Não esta,não- ele aninhou a minha cabeça no seu peito e afagou meus cabelos,o seu perfume amadeirado misturado ao cheiro da sua pele invadiram as minhas narinas, apoiei minha mão em seu peito acariciando seus pelos- Você precisa de um homem que cuide de você!
Foquei seus olhos e ficamos um tempo assim, olhos nos olhos,um sorriso começou a contornar seu rosto e eu passei a encarar seus lábios e acariciar seu rosto. Não percebi como eu cheguei aquele ponto,mas quando me dei conta eu estava com os lábios colados ao dele.
Deus! Como aquela boca era quente e macia,sua língua era atrevida mas,ao mesmo tempo suave,ele apertava-me a cintura e acariciava minha nuca. Aquele foi o melhor beijo da minha vida e eu queria terminá-lo na cama,mas ele afastou-se,acariciou meu rosto,beijando em seguida meus lábios com leveza.
-Eu vou indo,Bela. -ele beijou-me mais uma vez e levantou-se- Pela manhã eu venho buscar a Sofia.
-Eu...-não sabia o que dizer,será que ele não tinha gostado,levantei-me e me aproximei- Me des...-ele levou o dedo aos meus lábios depois voltou a beijar-me com furor.
-Não estrague isso com um pedido de desculpas. Até amanhã.
Observei-o afastar-se com um sorriso bobo nos lábios, tocando-os ainda sem acreditar naquele(s) beijo(s).

Otávio

Eu tive que ter um autocontrole inacreditável para não tirar aquele vestidinho floral de Isabela e fazer amor com ela ali mesmo naquela rede. Mas depois de tudo o que eu ouvi dela,eu tinha que mostrar a ela que nem tudo se resumia a sexo,mas eu não podia evitar que meu corpo a desejasse.
Só me restava uma solução para aquela noite. Algo que eu não fazia há muito tempo. Fui para o banheiro e me masturbei com a imagem do corpo dela de biquíni e a sensação daquele beijo.

Paixão sem limitesOnde histórias criam vida. Descubra agora