Capitulo LXXII

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Otávio

Eu me sentia mal! Eu queria chorar,eu queria descontar a minha raiva em alguém. Mas,eu estava ali sentado,aguardando ser chamado para embarcar,enquanto comia um sanduíche de queijo borrachudo com um suco de laranja ,extremamente doce e fraco.
Eu queria parar de pensar em Isabela nem que fosse por um instante. Queria esquecer seu rosto,o cheiro dos seus cabelos, a textura da sua pele,mas queria,principalmente esquecer que ela estava grávida e o filho poderia não ser meu. Aquilo me dava raiva! Muita raiva! Feria o meu orgulho e o meu amor próprio,feria o meu ego,destruia meus planos.
Por mais que eu soubesse que ela não me traiu,algo dentro de mim gritava o contrário.

No avião eu pensava na viagem que tínhamos feito juntos e em como tudo foi tão perfeito. Eu queria esquecê-la por alguns dias,e pensando bem Fernando de Noronha não era a melhor opção pra isso,mas eu não havia pensado nisso. Eu só queria encontrar o meu amigo e esperava que ele me apontasse uma solução,porque eu era incapaz de decidir por mim mesmo.

Cheguei em  Pernambuco já tarde e não haviam escunas disponíveis até a manhã. Por sorte consegui vaga em um hotel pra repousar aquela noite.

Fiz o check-in no hotel,pedi uma garrafa de vodka e subi para o meu quarto.
Tomei um banho demorado,vesti o roupão e fui para a cama,liguei a TV sem me preocupar em que canal,apenas queria ouvir algo,apanhei um copo sobre o frigobar e enchi-o de um dose abundante. Eu queria beber até esquecer os problemas,até esquecer Isabela,até esquecer aquele maldito Gabriel. Até esquecer meu próprio nome.

O primeiro copo desceu rasgando a garganta e eu ri do quanto eu era fraco e ridículo! Tomei o segundo copo e o efeito foi bem parecido,e quase tive uma ânsia de vómito, mas insisti em beber e ao chegar ao meio da garrafa eu já me sentia bem. A sensação de embriaguez era reconfortante e me livrava de pensar.

Isabela

Sofia havia me indagado curiosa sobre a razão de seu pai ter viajado as pressas e eu precisei me conter para não me debulhar em lágrimas e inventar uma desculpa convincente de que tinha a ver com o trabalho.
Coloquei-a para dormir e fui para o meu quarto,quer dizer,quarto do Otávio! Que parecia imenso sem ele ali. Deitei-me,sentindo o seu cheiro de loção pós-barba e as lágrimas vieram,mas não tive tempo de chorar pois fui impedida pelo telefone. Atendi-o apressada,pensando que poderia ser Otávio,para dar notícias da viagem.
-Alô.
-Isabela?-era mesmo Otávio,mas a voz estava engrolada como se ele tivesse bebido- É a minha mulherzinha?
-Otávio,você bebeu?
Ele riu alto,parecia histérico.
-Eu sou um corninho agora,meu amor. Cornos bebem pra esquecer o chifre...irc- era óbvio que ele estava muito bêbado,mas isso não deixou de me ferir.
-Onde você está. Já chegou a Noronha?
-Não...irc... Eu tô numa meda de hotel em Pernambuco, tomando todas porque a vadia da minha esposa pode estar grávida de um maldito filho da puta.
-Otávio, eu...
-Já sei,esse filho bem pode ser meu,mas também pode ser do Gabriel... Aquele,irc...maldito filho da puta. Talvez,seja dos dois. Já pensou,Isabela. Você seria caso pra estudo. Ter um filho de dois homens diferentes.
-Otávio, você não pode falar assim comigo.-as lágrimas teimavam em descer.
-Que merda,hein Bela?-seu tom de voz mudou e ela sabia que ele também chorava.-Por que você fez isso com a gente?
A ligação foi cortada e ela deitou-se, se sentindo ainda mais aflita que antes.

Otávio

Acordei as dez horas da manhã do dia seguinte com uma batia dor de cabeça,no chão uma garrafa de vodka vazia e meia de uísque denunciavam o quanto,eu tinha extrapolado aquela noite,observei o telefone fora do gancho e me lembrei de ter ligado para Isabela,mas por mais que me esforçasse,não lembrava o que eu poderia ter lhe dito. Apanhei o telefone e liguei para a recepção, pedi para fecharem a conta,enquanto eu me banhava e também pedi que me conseguissem engov e sal de frutas. Pelo visto,aquela ressaca ia render,

Aprontei-me e desci,meu estômago roncou,mas eu estava enjoado demais para comer qualquer coisa.
Acertei a conta,tomei de bom grado os remédios no próprio balcão,dei uma gorjeta a moça pela simpatia e segui meu caminho.
Precisava tomar uma escuna, ou lancha até Noronha e torcia para que Douglas estivesse por lá,já que eu não tinha avisado que viria.

A mistura de vodka, uísque e o balanço do mar não foi nada boa e eu fiz o meu trajeto,vomitando liquido e bile, já que de sólido,nada havia no meu estômago.

Cheguei a praia, agradecendo a Deus por estar pisando em terra firme.
Segui para a pousada e encontrei Douglas já na recepção.
-Otávio,parceiro!-ele recebeu-me com um abraço seguido de um tapinha nas costas- E a nossa querida minion? Onde está ela?
-Isabela ficou em Salvador. Eu vim pra cá porque precisava de um tempo longe dela.
-A pequena noiva está te enlouquecendo?
-Esposa! Já nos casamos. Eu só não sei até quando ficaremos casados.
-Como assim? O que houve?
-Me consiga um chalé e daqui a pouco falamos. A conversa será longa,amigão. Tenho muito pra contar!

Paixão sem limitesOnde histórias criam vida. Descubra agora