Capitulo LIII

2.3K 237 19
                                    

O humor de Otávio não tinha melhorado muito.
Ele estava mudo no avião e eu não forcei uma conversa,repousei a cabeça em seu ombro,pensando nos efeitos que aquela discussão com a ex-sogra tinha causado nele.
Era estranho como haviam pessoas que tinham a capacidade de minar a nossa alegria,de consumir as nossas energias,nos jogando num poço de amarguras. Eu convivia com uma pessoa assim,que parecia sugar minha energia vital. Minha mãe! E eu entendia exatamente porque Otávio estava daquele jeito.
-Você conhece Pernambuco?-ele parecia estar tentando se distrair.
-Nunca saí da Bahia,mas já ouvi falar muito bem de Fernando de Noronha! É um lugar lindo não é mesmo?
-Maravilhoso! Você vai amar conhecer o Douglas. O cara é uma figura!
-Vocês se conheceram na faculdade, certo?
-Sim. Ele deixou a faculdade, limpou a conta bancária e foi pra Fernando de Noronha, montar uma pousada.
-Você já esteve lá?
-Eu ajudei a construir, passei três meses em Noronha,ajudando o Douglas com a obra. Tinha dias em que nós íamos dormir de madrugada. Você vai gostar da ilha e da pousada!
-Tenho certeza que sim! Amanhã termina a nossa tortura?-brinquei para descontrai-lo de vez.
-Que tortura?-ele se fez de inocente e passou a acariciar minha nuca,meus cabelos estavam presos num coque o que facilitava o caminho da sua mão pelo meu pescoço,ele beijou o alto da minha cabeça-Eu amo o cheiro dos seus cabelos.-eu sorri- Então essa é a primeira vez que você pega um avião?
-Sim
-E não está com medo?
-Deveria?
-Ah,não sei! Eu fiz a minha primeira viagem de avião com Fátima- mais uma vez ela- Nós fomos esquiar na Argentina e eu quase infartei quando entrei no avião.
-Não consigo imaginar você dando um siricutico por conta de uma viagem simples.
-Foi só a primeira vez,porque eu fiquei pensando no fato,de que o avião iria deixar o chão.
-Essa é a dinâmica dos aviões ,eles precisam sair do chão para voar.
-Engraçadinha! É que eu tenho pânico de lugares alto.
-Desde quando?-eu me lembrava dele subindo os morros e de um acampamento da escola onde juntamos dinheiro para comprar material de escalada e ele junto a outros meninos escalaram uma montanha em Chapada Diamantina.
-Acredite começou na faculdade, eu caí de uma daquelas escadinhas de três degraus,enquanto trocava uma lâmpada e desde então...
-Sério isso?
-Pois é, uma coisa tão boba ,desencadeou em mim uma fobia crónica de altura.
-Acho que você devia conversar com meu psicólogo.

-Olha eu estou bem com o meu medo de altura.Vai dizer que vocêzinha não tem uma fobia.
-Só uma.
-E o que seria?
-Barata
-Toda mulher tem medo de barata.
-Eu não tenho medinho,Otávio! Eu tenho pânico, eu quando vejo uma barata perco o ar,tenho calafrios e até já desmaiei.
-Seu psicólogo sabe disso?
-Nunca achei relevante falar a respeito.
-Talvez você devesse.
-Você também. Estou com sono.-repousei um pouco mais a cabeça em seu ombro e prendi os braços em torno da sua cintura.
-Boa noite,anjo.
-Boa noite.

Chegamos no fim da tarde em Pernambuco, o amigo de Otávio estava nos esperando e iria levar-nos de barco até sua pousada na ilha.
Ele era alto, moreno,tinha cabelos escuros num corte militar,parecia muito sério,até agarrar Otávio pela cintura e erguê-lo no ar.
-E aí, Mano! Olha que eu achei que você nunca viria aqui.- ele voltou-se para mim- Então essa é a famosa Isabela?
-Famosa!
-Já ouvi falar muito de você. E acredite não foi de hoje. Você é linda!
-Obrigada!
-Nossa! Você é tão...compacta.
-Olha eu já tinha ouvido piadas sobre a minha altura,mas essa é, realmente muito boa.
-Não liga,meu amor! Ele sempre fala primeiro e pensa depois.-Otávio abraçou-me pelo ombro.
-Eu não te ofendi,não é?
-Não, imagina!-eu ri e fui envolvida num forte abraço, ele era mesmo muito espontâneo.

A viagem até a pousada não foi demorada,eu queria ter aproveitado mais,no entanto passei os vinte minutos de barco,no banheiro da cabine,pondo pra fora meu café e almoço.
Chegamos a pousada que ficava na Praia de Atalaia e tinha um visual incrível.
Aquela não era só uma praia,era a praia,a areia claríssima,e o mar de um azul quase cristalino. Haviam mirantes e recifes de coral,eu sabia que tínhamos que ir para a pousada, mas tudo o que meu corpo queria era um banho de mar,mas eu esperaria.
-Sabia que aqui você pode nadar com tubarões?- Douglas observou.
-Sério?
-Eu mesmo já fiz- foi a vez de Otávio se manifestar.-Claro que há regras para isso.
-Preparei um roteiro pra vocês amanhã. Passeio de buggy,trilha ao ar livre,mergulho...
-Com tubarões? -a ideia me espantou um pouco.
-Só se você quiser,moça!
-Será que eu tenho coragem?
-Veremos- Otávio desafiou.
 
A pousada era um ambiente rústico ,mas suave,com algumas carrancas na recepçao, redes de pescas nas paredes e boias penduradas no teto. Havia também uma série de conchas de diversas cores e tamanhos.
A recepção era uma área ampla e haviam diversas plantas ornamentais frutíferas, os chalés eram distribuídos nas laterais, cabanas coloridas com um varandado onde ficavam penduradas redes,todas tinham uma carranca na lateral da porta.
Douglas havia nos alojado na primeira cabana,e nos ajudou com as malas.
-Temos poucos hóspedes nessa temporada e a maioria dos chalés está vago,por isso separei esse pra vocês. Aqui vocês tem uma visão privilegiada da praia e se acordarem cedo,vão ver um belo espetáculo do nascer do sol.
-Fantástico! -eu estava mesmo encantada.
-Preparei uma boa mariscada pro nosso jantar. Aguardo vocês em uma hora.
-Você cozinha?
-Nem sempre,mas a ocasião é especial,meu melhor amigo desnaturado e a namorada dele aqui,eu tinha que fazer algo especial. Até daqui a pouco.

A cabana era uma graça,havia uma saleta com sofá de vime,um arranjo de orquídea,uma mesa com quadro cadeiras e um quadro pendurado, uma suite ,com uma enorme cama de casal,guarda-roupas,frigobar e televisão de tela plana e no banheiro tinha uma grande banheira e sob a pia de mármore, um outro arranjo de mármore.
-Gostou?
-Acolhedor- respondi tirando as roupas e entrando na banheira.
Otávio sentou-se à borda e ligou a torneira quente.
-Sais de banho?
-Por favor.
Ele depositou os sais na água e uma espuminha refrescante se formou.
-Entra aqui comigo.
-Se eu entrar aí, Douglas vai ficar muito zangado.
-Por que?
-Porque não vamos comer a famosa Mariscada dele.-ele apanhou um frasco sobre a pia,colocou um pouco do liquido nas mãos e passou a esfregar nos meus ombros.-Fragrância de açaime
-Delicioso!
Ele ficou um tempo massageando meus ombros,prostou-se nas minhas costas,afastou meus cabelos e sussurrou no meu ouvido.
-Dessa noite você não escapa.
-Mas,hoje é sexta-feira.
Ele apanhou a minha mão direita e friccionou sobre seu membro dentro da calça,estava duro.
-Meu garoto não vai aguentar esperar até amanhã.
-Que safado!
-Lhe mostrarei o safado logo após o jantar.
Ele levantou-se e saiu.

Paixão sem limitesOnde histórias criam vida. Descubra agora