Capitulo Final

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Rever Isabela sempre mexia com as minhas lembranças,eu não tinha mais aquela paixão por ela,não queria atrapalhar seu casamento e não tinha mais a menor pretensão de tê-la de volta. Mas,era inevitável não ser bombardeado por uma série de recordações. Poderiam passar muitos anos e eu sempre pensaria em Isabela com nostalgia.

Trabalhei até as três da tarde e fui para a minha consulta com o Doutor Osmar. Eu ainda tinha crises de pânico e nunca deixei o consultório. Anelli ainda trabalhava lá,mas agora a sua aparência estava diferente.
Ele usava roupas sociais masculinas, os cabelos alisados e curtissimos e óculos de grau. Dentro de uma semana ela estaria se casando com a prima de Isabela. Eu tinha sido convidado por ela,mas ainda pensava se iria ou não. Era um tanto covarde,mas eu não sabia se algum dia eu estaria pronto pra encará-la de frente depois de tanto tempo

Após a consulta com doutor Osmar,ofereci uma carona a Anelli e tivemos uma gostosa conversa enquanto eu dirigia e pra minha infelicidade ela me fez jurar que estaria presente na sua cerimonia de casamento. Eu não poderia mais fugir daquele encontro.

Isabela

Nunca em toda a minha vida eu tinha visto um vestido de madrinha tão detalhado.
Não que eu não tivesse gostado,mas eu me perguntava se o meu vestido era aquele vislumbre,como seria o de Ivana.
Era um vestido branco trabalhado em croché e renda.
Não eram apenas as  noivas que usavam branco?
Isadora e Isabel pareciam tão surpresas quanto eu com o deslumbre das peças.
-Não sabia que a tia Sónia,estava com tanto para gastar- Isabel comentou
-A própria Ivana bancou o casamento- Isadora afirmou tentando fechar o zíper as suas costas.- Ela aceitou a Ivana se casar com uma mulher,mas não pagou um centavo.
-Nossa!-eu me surpreendi -Não sabia que a tia Sónia era tão sovina.
- Ela não é sovina, é preconceituosa!-Isabel pôs-se atrás de Isadora para ajudá-la -Foi uma medida desesperada pra fazer com que a Ivana não se casasse.
Dei de ombros,terminamos de ajeitar os vestidos e nos encaravamos como se procurando algo para corrigir.
Os cabelos de Isabel,agora louro platinados,estavam trançados e presos num coque alto bem detalhado. Os meus traziam uma trança solta que começava no alto da cabeça e terminavam na cintura,haviam flores desde o começo até o fim da trança e os cabelos de Dora foram escovados e estavam soltos,já que eram muito curtos para serem trançados,e havia uma tiara com flores brancas.
-Se nós estamos nesse capricho todo,imagina a noiva!
Rimos juntos e descemos as escadas onde encontramos o motorista.
-Onde está a Ivana?-perguntei
-Na limusine,senhoras!

Fiquei surpresa ao constatar que Ivana,estava exatamente igual a nós.
-Por que a noiva está vestida como as madrinhas?-Dora perguntou curiosa.
-Não gostaram?
-Eu achava que a noiva deveria brilhar.
-Relaxem!-Ivana coçou o nariz como fazia quando mentia ou estava nervosa,mas ignorei isso,ela iria se casar,era natural.
A limusine deu a partida e nós seguimos caladas. Estranhei quando o veiculo adentrou o condomínio dos avós de Sofia,e fiquei mais surpresa ainda quando o motorista nos ajudou a descer dentro da propriedade.
Observei o local preparado para um casamento ao ar livre,com bancos de igreja dispostos de um lado a outro. Avistei parentes de Otávio de um lado,junto há alguns de nossos amigos,parentes de Fernando,a mãe e o irmão do Lucas,alguns parentes de Anelli e membros da nossa família.
Então olhei com atenção e vi Anelli de fraque ao lado de Fernando,Lucas e Otávio e só então me dei conta do que estava acontecendo.
Seu Nestor aproximou-se de nós e colocou os véus acima de nossas cabeças e nos entregou os buquês.
-Eu vou conduzir as noivas.
Vítor estava de terno e gravata borboleta e seguiu em frente levando as alianças,logo atrás Sofia e Vitória faziam as vezes de damas de honra,e nós quatro éramos conduzidas ao altar por Nestor ao som da marcha nupcial.
Tia Sónia e Dona Sílvia estavam sentadas na primeira fileira ao lado da minha sogra e enquanto minha mãe parecia feliz e satisfeita,minha tia teve o desprazer de se vestir toda de preto e chorava, mas nem por isso Ivana desistiu.
Seu Nestor entregou-nos a nossos respectivos pares e pôs-se ao lado de sua esposa no altar,tomando o seu lugar como testemunha,do outro lado Douglas e sua esposa Rebeca seriam as outras testemunhas.
Pela primeira vez em anos,Dona Heloísa olhou-me com um sorriso verdadeiro e percebi que não haviam mais diferenças entre nós.
Olhei na direção de minha mãe e ela sorriu pra mim,eu retribui o sorriso e voltei a encarar o meu marido.
-Você não perde a capacidade de me surpreender.
-E isso é ruim?-ele perguntou com um sorriso.
Encarei minhas irmãs que estavam tão embasbacadas e felizes quanto eu.
-Isso é maravilhoso!

A cerimonia correu como esperado e a festa também ocorreu na mansão de Seu Nestor e Dona Heloísa, ela me cumprimentou com um abraço e disse que eu era uma ótima mãe pra sua neta.

Mas,o ponto mais surpreendente desta festa foi ver Gabriel e a esposa grávida ao lado de Kauã,e então eu me dei conta de porque aquele garoto me parecia tão familiar.
Ele aproximou-se de nós,trazendo sua mulher pela mão.
Norma foi a primeira a falar comigo e deu-me um beijo no rosto como se fossemos velhas amigas.
-Somos convidados da Anelli!-ele parecia querer justificar a sua presença ali.
-Nossos filhos estudam juntos!-Norma apontou para o menino um pouco distante -Ele gosta muito da sua filha
-A nossa filha também gosta muito dele!-Otávio afirmou e para a minha surpresa ele não parecia tenso e sisudo como da última vez que o vimos- Vai ser papai de novo?
-Pois é! -Gabriel coçou a cabeça -Eu fui intimado a reverter a vasectomia ou ela arrancaria a minha cabeça.
-Boa sorte e felicidades pra vocês!-desejei tomando Otávio pela mão para que nos distanciarmos.
-A vocês também.-Norma apressou-se em dar-me um novo beijo no rosto
-Vamos cumprimentar a Anelli. Foi um prazer revê-los.

            Dia seguinte

-Que mundo pequeno,hein!- Otávio observou enquanto terminávamos de colocar as malas no carro para seguir para a nossa lua-de-mel coletiva em Fernando de Noronha.
Tínhamos passado a noite toda sem tocar no assunto,mas eu sabia que logo ele viria a baila
-Por que,meu amor?
-É um pouco curioso que justo o Gabriel seja o pai de um dos melhores amigos da nossa filha. Acho que devíamos convidar ele e a esposa pra jantar.
-Sério?! -encarei-o -Não seria um problema pra você?
Ele puxou-me para si,encostando-me na porta do carro e me beijou possessivo.
-Não mais,porque eu sei que você é só minha.
-Eu te amo,doutor Otávio!
-Eu te amo,Maria Isabela

Paixão sem limitesOnde histórias criam vida. Descubra agora