Capítulo LIX

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Isabela

Estávamos de volta a Bahia e Otávio estava um pouco tenso,enquanto dirigia e eu já imaginava porquê. Íamos a casa de Dona Heloísa buscar Sofia e eu não via a hora de encontrar aquele doce anjo. Estava morta de saudades dela.

-Você pegou um belo bronzeado,Bela!
-Na verdade,você também!
-É, acho que eu consegui ficar mais dourado sem ficar vermelho. Não fiquei com uma cor tão sexy quanto a sua,mas...-eu sorri- Aliás, falando em sensualidade... De onde veio aquele espartilho? Você não estava levando nenhuma bolsa na escuna.
-Foi um presente do Douglas.
-O que?-ele deu uma freada brusca me assustando.
-Calma! Ele achava que precisávamos de algo pra apimentar a noite...
-E se sentiu no direito de comprar roupa íntima pra minha mulher.
-Foi a Rosa quem comprou,bobo!- eu ri e vi sua expressão se suavizar- Ele só entrou com o dinheiro nem viu o presente-ele voltou a dar partida no carro -Na verdade,ele até propôs que fosse um vibrador pra eu usar em você.
Ele gargalhou
-Acho que eu não ia curtir muito isso.Eu prefiro deixar lá atrás intocado.
-E se fosse pra você usar em mim?
-Lá atrás?
-Por que não?
-Você não estranharia? Quer dizer,pode doer -mal sabia ele! E eu ri- Por esse sorriso ,eu suponho que você já...
-Uhum!
-Tá! -sua expressão se tornou dura.
-Otávio,você sente ciúmes do meu passado?
-Não! -ele respondeu rápido demais sem me encarar,depois suspirou- Ok! Eu sinto ciúmes do seu passado!
-Por que?
-Bem! Não é um passado tão distante.
-Mas,eu já esqueci. Só há um homem nesse mundo pra mim.
-E quem seria esse homem?
-Um certo médico meio tapado,louro,gostoso...-observei-o rir- e que tem um sorriso lindo.
Chegamos ao portão da imponente casa de Dona Heloísa e Otávio saiu do carro para tocar o interfone.

-Boa tarde,Dona Heloísa. -ela nos aguardava na varanda e Sofia não estava com ela.- Onde esta minha filha?
-Saiu com o Nestor. Achei que vocês só voltariam amanhã- ela tinha um jeito intimidador.
-Nós achamos melhor voltar hoje mesmo.-respondi- O consultório ficou fechado a semana passada. Não podíamos fazer as clientes esperarem mais.
-Não entendo por que?-seu tom era puro deboche- Afinal,Otávio nunca vai ter problemas com dinheiro. Ele herdou uma fortuna.
-Eu não herdei nada! Eu sou tutor,é diferente,o dinheiro que eu gasto Dona Heloísa, é meu. Fruto do suor do meu rosto.
-Você quer me dizer que da pra manter o seu estilo de vida com um salário de ginecologista.
-A senhora se surpreenderia. Ou a senhora acha que apenas o seu ramo da medicina merece valor? -Ele desdenhou- Bom,a senhora por favor peça ao Nestor para levar a Sofia em casa,quando eles chegarem. Eu estou com saudades da minha filha.

Seguimos viagem calados por uma parte do trajeto.
-Essa mulher me enlouquece!-ele começou a desabafar- Sabe quando uma pessoa merece uma surra? Esse é o caso! Ela,simplesmente, se acha a pessoa mais importante do planeta e vai jogar na minha cara a herança da filha dela pro resto da vida. E ela acha mesmo que a minha profissão não é importante.
-O que ela faz?-eu estava curiosa.
-É neurocirurgiã como a filha e o Nestor é cardiologista.
-Uma família de médicos. Será que a Sofia vai ser médica também? -eu queria mudar o rumo da conversa
-Talvez! Eu me sentiria orgulhoso! Mas,de verdade eu só quero que ela seja feliz,em qualquer coisa que ela se decida a fazer.
-Isso é o que importa, não é?
-E você,moça?
-O que?
-Quero saber quando você vai prestar vestibular?
-Como assim?
-Estou entrando na sua vida pra te ajudar a perseguir os seus sonhos.
-Só por isso?
-Claro que não! Mas,eu quero que você seja feliz. Você é ótima com números,você sempre quis ser administradora. Não há mais nada que te impeça.
-Eu não tenho mais certeza disso.
-Tem sim,só está insegura. Amanhã mesmo vou fazer a sua inscrição no vestibular. Aproveitar que estamos em época.
-Otávio,há anos eu deixei ensino médio. Como você acha que eu vou me sair numa prova de vestibular?
-Eu sugiro que você estude.
-Mas...
-Sem mas,Bela. Vou te inscrever para a prova e ponto.
-Ok!-eu não conhecia aquele lado controlador dele,mas se ele estava se preocupando comigo,aquilo me fazia bem- Vestibular,aí vou eu.

Não demorou muito para que o avô de Sofia chegasse com ela e a pequena veio correndo para os meus braços, causando um pouco de ciúmes no pai.
-Então você é a moça que ganhou o coração do meu genro e da minha neta?-ele era simpático, ao contrario da esposa- Estou feliz que eles não ficarão mais sozinhos.
Aquilo me surpreendeu.
-Quer entrar pra um drinque, Nestor?
-Tem aquele licorzinho de tamarindo da fazenda dos seus pais?
-Com certeza.
Fomos para a sala de estar e Otávio serviu-nos o famoso licor. Seu sogro era um homem sorridente e eu me perguntava como ele poderia ser casado com aquela megera.
Sofia estava no meu colo,brincando com o anel em meu dedo. Acho que ela estava curiosa sobre ele.
-Então,quando vocês vão se casar?-ele perguntou.
Dei de ombros,não sabia o que responder,na verdade queríamos conversar com Sofia antes.
-O mais breve possível.-encarei-o e ele me fez um sinal de calma- Vem cá, Su.-ela obedeceu,indo sentar-se no colo dele- Sabe o que é? Esses dias que o papai e a tia Bela passaram em Noronha,o papai pediu a tia Bela em casamento e ela disse sim- ele afagava seus cabelos enquanto falava e a pequena exibia um sorriso- Você vai ser a nossa Daminha de honra.
-Viva os noivos!-Seu Nestor berrou assustando-nos -Espero ser convidado pro casório.
-Não se preocupe,Nestor. O senhor é nosso convidado de honra.
-Acho que a Heloísa não vai ficar muito feliz,mas eu torço por você, filho! Você fez a minha Fátima feliz como nunca e merece tudo o que a vida tem de melhor a oferecer.
-Obrigada,Nestor!
-Eu sei que não facilitei as coisas pra você e minha filha, mas só Deus sabe o quanto eu me arrependo! Heloísa nunca foi capaz de enxergar o quanto você é correto! Me perdoe,filho.
-Pare de me pedir perdão,Nestor. Será o bendito que toda vez que nos virmos vai ser isso?
-Ah,filho! Eu estou ficando velho e sabe como são os velhos. Eu só quero me redimir.
-Já esta mais do que redimido.

Acompanhamos Seu Nestor até o portão depois de mais umas doses de licor,ele já estava um pouco alto e Otávio chamou um táxi para levá-lo. Não foi fácil convencê-lo a não dirigir,mas Otávio conseguiu demovê-lo. Eles pareciam realmente pai e filho.
O táxi não demorou e voltamos para dentro de casa,jantamos e eu coloquei Sofia na cama,depois fui para o quarto com Otávio.
Era a primeira noite em dias,que dormíamos juntos sem sexo. Apenas de conchinha, aproveitando a companhia um do outro.

Paixão sem limitesOnde histórias criam vida. Descubra agora