Capitulo LXI

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Isabela

Ali estávamos nós ,em volta de uma grande mesa com pelo menos dezassete pessoas e ainda haviam primos que não puderam vir nos recepcionar,mas que passariam na fazenda depois para ver Otávio.
Éramos eu,ele,Sofia,seus pais,seus tios Mário e Estela,sua tia Laura ,que era viúva e suas gémeas Rute e Raquel, Cláudio,seu primo tabelião, Carmem,sua prima que parecia ter saído de um catalogo da Avon,e que não tinha ido com a minha cara e mais cinco crianças, dois garotos filhos do Cláudio, uma menina de cabelos louros,filha da Carmem,tão arrumada e perfeitinha, quanto a mãe e mais um casal de gémeos ,filhos da Rute,a gémea casada.
Eu observava todas aquelas pessoas reunidas,rindo e celebrando a chegada de Otávio e pensava no quanto a minha família era distante.
Por parte de meu pai,só tínhamos uma tia,Cristina, solteira,sem filhos,psicóloga e que nos visitava pouco,porque minha mãe a detestava. Por parte de minha mãe,havia apenas tia Sónia,que era viúva
e minha prima Ivana,que sempre foi minha única amiga e confidente.
Eu estava me divertindo vendo todos ali,contando suas vidas e falando de trivialidades,diante de uma mesa que,facilmente, alimentariam um batalhão. Os poucos minutos que passei ali,calada,só observando a conversa,eu já sabia um pouco sobre cada um naquela mesa.
Rute havia se casado aos quinze anos pois engravidaram dos gémeos e seu marido era metalúrgico como seu falecido pai e não estava conosco por conta do trabalho, Raquel era solteira e fazia faculdade de pedagogia,dava aulas numa escolinha próxima a sua casa e residia com a mãe. Cláudio,era casado com uma moça argentina que conheceu no carnaval em Belo Horizonte,tinha dois filhos e sua esposa estava esperando o terceiro,ela também não dividia a mesa do café conosco, por conta do seu trabalho como enfermeira no hospital do município ,e Carmem era uma espécie de celebridade na família,já que seu marido era piloto e ela sempre tinha grandes histórias de suas viagens em volta do mundo,para contar. Ela me olhava com um misto de desdém e revolta. Talvez ,porque ela tenha sido a primeira namorada do Otávio e toda a família acreditava que um dia eles fossem se casar e ter uma ninhada de filhos,até Otávio pegar todos de surpresa e sair de Vale do Mucuri.
Eu me sentia um pouco desconfortável pelo modo como Carmem me encarava,como se fosse me fuzilar no primeiro vacilo que eu desse.

Terminamos de tomar café da manhã e eu fui para a cozinha com Dona Eleonor, mãe de Otávio,ajudá-la com a louça.
Aos poucos o pessoal foi se dissipando restando apenas nós e as crianças.
-Então você e a moça da escola?-era a primeira vez que conversávamos diretamente e eu estava um pouco nervosa- Meu irmão me disse que você e meu filho não se separavam nessa época, tanto é que eu fiquei muito surpresa quando ele me apareceu aqui com a médica, mãe da Sofia.
-Nós éramos só amigos naquela época.
-Deus sabe o que faz! E quando vai ser o casório?
-Ainda não escolhemos uma data. Faz pouco tempo que ele fez o pedido.
-Eu imaginava que você fosse mais alta. Pelo menos agora,eu não vou ser a única baixinha da família.
Nós rimos muito juntas e passamos a conversar sobre como era Otávio na infância, das dificuldades que a família enfrentou antes de conseguirem comprar o próprio sitio e depois as terras ao redor e transformar em fazenda,das noites em que ela dormiu sem comer,para que Otávio jamais passasse uma noite de sua vida com fome. De como ela tentou dar um irmão para o filho,mas nunca conseguiu e também de como Seu Otacílio se sentiu magoado,quando o filho deixou o sítio para se tornar doutor.
-Ele devia sentir orgulho, dona Eleonor.
-Ele sente,filha! Mas,ele sempre teve medo de que nosso filho não alcançasse seus sonhos e voltasse para casa desolado. Ele queria que Otávio aprendesse a cuidar da terra,que gostasse de plantar de colher,mas nosso filho sempre quis ser médico, desde novinho com a idade da Sofia,ele dizia que ia ser médico e ia trabalhar no posto da Vila.
Sorri.
Terminamos de lavar a louça e fomos para a varanda observar as crianças brincando.
Sofia estava solta,alegre com os primos que os pais só voltariam para buscar no fim da tarde.
Enquanto isso,eu e dona Leonor nos tornávamos mais íntimas.

Eram quatro da tarde,eu havia acabado de dar banho em Sofia e deixado-a na sala com a avó, aprendendo a fazer croché e fui tomar o meu banho,quando Otávio adentrou a suíte, estava um pouco alcoolizado e eu me assustei ao vê-lo sentado na cama,tanto que derrubei minha toalha, ele aproximou-se abraçando-me pelo meio e beijando meu pescoço.
-Você é muito gostosa,sabia?
-E você esta bêbado! -eu respondi rindo,eu não estava mal-humorada.
-Tentei acompanhar meu pai e o Cláudio e olha o que eu consegui,estou um pouco tonto.
Eu ri e me desvencilhei dele,sentando na cama,ele foi até o banheiro,lavou o rosto e voltou,sentou-se ao meu lado,me puxou para si e beijou minha boca sem o mínimo pudor,suas mãos percorriam todo o meu corpo,enquanto ele me beijava ardente. Ele soltou-me por um instante e tirou a camiseta e o short preto,ele não estava de cueca.
Voltou a beijar-me,fazendo-me deitar na cama,sua língua fazia movimentos circulares em minha boca. Ele afastou minhas pernas ,encaixando-as em sua cintura e penetrou-me num movimento rápido, seu membro deslizou pra dentro de mim e ele sussurrou no meu ouvido.
-Você está sempre tão úmida, tão pronta pra mim!
Apertei sua nuca,puxando seus cabelos enquanto ele se movimentava sobre mim,até que alcançamos o orgasmo juntos.

Havíamos acabado de tomar banho e estávamos deitados na cama,relaxando antes de descer. Ele brincava com os meus cabelos e eu com os pelos do seu tórax.
-Case comigo,Bela?
-Você já me pediu um casamento,esqueceu? Amnésia alcoólica?
-Não- ele sorriu- Case comigo amanhã.
-O quê? -ergui o rosto para encará-lo -Como assim?
-No cartório da cidade. O que você acha? Eu falei com o Cláudio e ele disse que se quisermos e tivermos as testemunhas podemos casar amanhã.
-Acho que você bebeu demais,Amor!
-Eu nunca falei tão sério na minha vida. Case comigo amanhã?
-Amanhã é domingo,o cartório não funciona.
-Meu primo é o tabelião, esqueceu?
-Otávio,isso é muito precipitado.
-Por quê?
-Até outro dia nós éramos só amigos,agora somos noivos e você já quer casar.-sentei em sua barriga,encarando seus olhos azuis.
-Por que não?
-Eu...-não sabia o que responder.
Ele levou as duas mãos para a minha nuca e puxou-me para si,beijou minha boca e acrescentou.
-Eu posso te fazer feliz,Bela!
-Eu sei,Amor! Mas...-ele voltou a beijar-me
-Diga sim!-ele sussurrou entre meus lábios.
- Otávio, eu...-mais uma vez ele me interrompeu com um beijo de tirar o fôlego.
-Só diga sim!
-Sim!-não importava se era precipitado,se era o meu desejo e não a minha consciência falando. Eu já tinha dito sim ao pedido de casamento. Por que não casar logo? -Sim,eu caso com você amanhã!

Paixão sem limitesOnde histórias criam vida. Descubra agora