Capítulo XLIV

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Aquele clima de romance entre mim entre mim e Otávio durante a festa estava fantástico. Nosso beijo foi rápido e expressivo,afinal não podíamos ficar nos pegando numa festa infantil e tínhamos que observar Sofia,nos afastamos durante a festa mas,nossos olhares não se perdiam,eu brincava com as crianças, observando cada gesto dele e pensando em como eu fui tão burra de não perceber antes o homem maravilhoso e gostoso que ele era ?
-Tia,vamos brincar de esconde-esconde? -Sofia chamava minha atenção.
-Claro,meu anjo,deixa que eu conto.
As pessoas me olhavam como se eu viesse de outro planeta,mas eu não me importava,ali entre as crianças eu me sentia muito mais a vontade,até porque nós tínhamos quase o mesmo tamanho. Encostei-me em uma parede e comecei a contagem.
-Já estão todos escondidos.-senti o hálito quente dele no meu pescoço- Melhor você ir procurá-los.
Voltei-me pra ele com um sorriso nos lábios e uma vontade louca de beijá-lo.
-Tudo bem,melhor eu ir.
-Quer ajuda?
-Seria trapaça.
-Verdade,então boa sorte.
Fui a procura das crianças, mas com um desejo incontrolável de voltar até ele e beijá-lo e foi assim pelo resto da tarde. Eu realmente me distraia com as crianças, brincamos de mais algumas rodadas de esconde-esconde, pega-pega,policia e ladrão,dentre outras coisas que me faziam correr. Ao fim da tarde eu estava descabelada,suada,com o vestido sujo e os pés esfolados,já que eu havia tirado os saltos e me encontrava com eles no chão.
Eu havia corrido e dançado muito entre os pequenos e sentia uma estranha sensação de liberdade e euforia.

Otávio

Ela tinha mesmo trinta anos?
Eu a observava a distância,brincando com os pequenos, pés no chão, cachos ao vento e o vestido esvoaçante que vez ou outra dava uma visão da sua calcinha cor-de-rosa, eu até pensei em aproximar-me e comentar com ela que quando ela corria,dava pra ver sua peça intima porque a parte de trás do seu vestido erguia-se um pouco,mas ela estava tão leve,tão solta,que não era justo eu estragar a sua alegria por algo tão ínfimo.
Óbvio que eu estava com ciúmes de todos aqueles olhos de homens depravados ,encima dela,claro que eu queria que aquele vestido fosse mais comprido,mas naquele momento o meu ciúme era algo tão pequeno,tão tolo,diante de toda a alegria que ela estava sentindo. Naquele momento, ela tinha cinco,seis,sete,talvez oito anos de idade,não mais que isso,e ela estava feliz como a muito eu não via.
De certo modo,eu me sentia orgulhoso,eu sabia que não era o motivo da sua alegria ali,mas tinha contribuído para tal. Nossos olhares se cruzaram,enquanto ela estava dentro de uma roda,com os pequenos em volta dela e me deu aquele sorriso,capaz de iluminar o meu mundo.
Nós estávamos nos comendo com os olhos e ela não tinha mais sete anos. Aproximei-me da roda que estava se desfazendo naquele momento.
-Descalça,moça?
-Está falando comigo ou com a Sofia?
Sofia riu,estava tão suada,descalça e descabelada quanto Isabela.
-Com as duas- aproximei-me mais de Isabela e dei-lhe um beijo suave nos lábios.
-Vocês estão namorando?-os olhinhos de Sofia brilhavam e Isabela me encarava sem saber o que responder.
-Estamos- respondi seguro.
-Que bom!-Sofia abraçou Isabela.
-Acho melhor irmos pra casa agora.-a decepção no rosto das duas era muito engraçada- Precisamos ir,meus amores.
-Podemos ir na pizzaria- a ideia foi de Isabela,e o sorriso de orelha a orelha de Sofia só demonstrava que ela amou a ideia- Tudo bem,Otávio.
-Claro que sim,o que vocês me pedem sorrindo que eu não faço chorando,quer dizer,o que vocês me pedem chorando que eu não faço sorrindo.

Passava um pouco das oito da noite,quando voltamos pra casa,Sofia dormia no banco de trás, e eu pensava no trabalho que eu teria para lhe dar banho quando chegássemos.
-É sério essa história de namoro?-Isabela perguntou com um tom de voz cansado,mas sério.
-E por que não seria?
-Desde quando?
-Desde quando,o quê?
-Desde quando surgiu esse seu interesse por mim?
-Você duvida que um homem pode se interessar por você? -eu queria encará-la enquanto cconversávamos, mas eu tinha que prestar atenção a estrada.
-Um pouco.
-Você tem sérios problemas de auto-estima.
-Talvez eu tenha.
-Isso não foi uma pergunta. Foi uma constatação,Bela.
-Desde quando, Otávio? -ela tinha urgência daquela resposta.
-Eu não sei especificar, exatamente.
-Como assim,não sabe especificar?
-Não é tão simples-encarei-a um minuto e ela me olhava atenta,voltei a atenção a estrada- Eu sempre gostei de você?
-Sempre?
-É, Bela. Eu errei por nunca ter dito nada,mas eu gosto de você desde que nos conhecemos.
-Eu não imaginava? Por que você nunca disse nada?
-Por que eu era muito tímido e você me via só como amigo.
-E por que agora?
-Pelo modo como você me olha.
-Presunçoso!
Eu encarei-a e ri,ela ruborizou.
-Adoro quando suas bochechas ficam vermelhinhas de vergonha.-ela sorriu.
-Você casou com a mãe da Sofia pensando em mim?
-Quem está sendo presunçosa agora?
-Não é isso...eu...-ela se atrapalhava com as palavras. -eu só... Você disse que sempre...e...
-Eu amei a Fátima! Eu estava muito mal com a sua ausência, com o seu silêncio, e aí eu a conheci,nos apaixonamos.
-Entendo.
-Agora eu pergunto,por que?
-Por que,de quê?
-Sua distância.
-Podemos falar disso outro dia.
-Achei que esse era o momento de pormos as cartas na mesa.
-Há muitas cartas pra por na mesa.
-Tá!
-Não fica zangado,Otávio! E que eu não tenho uma explicação óbvia pra isso.
-E quando você tiver uma explicação óbvia pra isso,nós voltamos a falar nesse assunto?
-É importante pra você?
-Muito importante.
-Então voltaremos a tocar nesse assunto.
Seguimos um bom trecho da viagem calados,até que ela quebrou o silêncio.
-Vamos terminar a noite brigados?
-Não estamos brigados.
-Você ficou tão quieto!
-Só pensando!
-Em que?
-Por que as mulheres sempre querem saber o que os homens estão pensando?-ela deu de ombros- Essa sua mania é terrível.
-Os ombros?

-Quer que eu pare?
-Não! Isso faz parte de você! Até porque você não conseguiria.-ela deu de ombros novamente- Viu? Você nem percebe que faz.
Ela sorriu.
Nós chegamos e ela me ajudou a tirar Sofia do carro e levá-la para cama,trocamos um beijo de Boa noite e ela foi para a sua casa nos fundos.
Eu percebi que ela queria ficar,que apenas esperava um convite. Eu não dormiria com ela ainda,se o meu tesão podia esperar,o dela também podia.
Observei pela janela ela contornar o jardim e entrar,então fui para o banheiro da minha suíte e mais uma vez aliviei o meu tesão como um adolescente pervertido.

Paixão sem limitesOnde histórias criam vida. Descubra agora