Mais uma noite que eu dormi mal pensando nela. Só Deus sabia o quanto eu queria essa mulher,cada vez que eu a beijava eu sentia um desejo enorme,mas o modo como ela desabafara comigo,sobre como ela se sentiu usada pelo homem que foi o seu primeiro,fez com que eu achasse,que tinha que esperar mais,tinha que passar-lhe confiança. Quer dizer,ela confiava em mim,eu tinha certeza disso,mas a questão era ela se sentir segura em relação a mim como homem.
Eu a desejava tanto,mas eu não sei porque eu sentia que nós não devíamos ir pra cama até eu ter certeza de que ela sentia o mesmo que eu. Eu me sentia como uma donzela indefesa e isso era tão conflituante. Acho que lá no fundo era eu que precisava reforçar minha confiança nela. Tantos anos se passaram e ela estava tão mudada ,que eu não sabia ao certo como lidar com ela ,e ainda tinham todas as minhas duvidas sobre o passado.
Consultei o relógio na parede,passava um pouco das onze horas,talvez ela estivesse acordada e nós pudéssemos conversar e assim fazermos amor e dormir de conchinha.
Levantei,decidido a ir até lá, mas o telefone tocou e eu fui atender.
-Alô! -fiquei um tempo na linha ,escutando a voz desesperada da minha mãe, as notícias não eram boas, e aquela minha conversa com Isabela teria que esperar,meu pai precisava de mim.
Fui até a casa dela e bati na porta algumas vezes,ela veio me atender sonolenta.
-Otávio? Aconteceu alguma coisa?-seu tom era preocupado.
-Meu pai sofreu um infarto,Bela.
-Oh,meu Deus! Como ele esta?
-Estável, mas eu tenho que ir pra Vale do Mucuri,minha mãe não tem noção do que fazer,e eu mesmo estou preocupado.
-Você vai agora?
-Sim,e eu preciso que você fique com a Sofia. Tudo bem?
-Claro! Quer ajuda com as malas?
-Sim,por favor.
Ela me ajudou a arrumar as malas e me acompanhou até o portão.
-Dorme na minha casa,por favor.
-E você achou que eu ia deixar a Sofia dormir sozinha?
-Disponha do meu quarto.
-Seu quarto?
-É, nosso quarto.
-Tá- ela deu-me um beijo suave e acolhedor nos lábios- Me liga quando chegar lá.
-Certo.
Parti deixando as duas mulheres da minha vida naquela casa,e torcendo para que o estado do meu pai fosse menos grave do que o tom de voz de minha mãe sugeria.
Dirigi o mais rápido que eu pude e era permitido. Meu pai e eu tínhamos as nossas desavenças, mas isso não queria dizer que não nos amávamos, e eu estava ansioso para vê-lo ,dar-lhe um forte abraço e um beijo na careca. Cheguei no hospital entre quatro e cinco horas da manhã, e para minha surpresa,meu pai já estava recebendo alta. O que me deixou estarrecido. Como assim uma pessoa sofria um enfarto a noite e era liberado pela manhã? Mas,antes que eu tivesse um ataque de fúria, o médico que o atendeu,explicou-me que o que meu pai teve,não foi um princípio de infarto,mas uma angina pectoris. Com uma semana de repouso,e uma mudança nos hábitos alimentares,ele ficaria bem
-Oi pai,como é que está o senhor?-aproximei-me da cadeira de rodas,onde ele estava ,devagar- O peito ainda dói?
-Você não ouviu o doutor,fio? Exagero da tua mãe.
Minha mãe olhou pra meu pai,desaprovando-o, aproximou-se de mim e me deu um forte abraço.
-Exagero meu! Quando estava lá, comendo uma dor desgraçada aí não era exagero meu. Que bom que você veio meu filho.
-Eu não podia deixar de vir,mãe.
-Será que agente já pode ir pra casa?- eu sentia falta daquela rabugice do meu velho.
-Podemos sim,pai.
-E eu tenho que ficar nessa cadeira-de-rodas?
-Só por enquanto,meu velho.-minha mãe tinha mesmo muita paciência com ele.
Fomos para fazendo,meu pai foi deitar,praticamente, obrigado por minha mãe,eu queria que ela também fosse dormir, já que eles tinham passado a noite no hospital, mas ela insistiu em me fazer um café e disse que não conseguiria mais dormir. Minha mãe era assim,sempre cuidando de nós.
Tomei um café preto com pão de queijo com ela e depois fui pra sala,ligar para Isabela,tentei o celular,mas o sinal ali era mesmo terrível, então usei o fixo.
-Alô- Isabela me atendeu na segunda chamada.
-Oi Bela!
-Eu já estava ficando preocupada,você demorou a ligar.
-Eu sei,mas é que a viagem daí de Salvador até aqui é bem longa.
-Como está seu pai?
-Bem,foi só um susto. Angina. Vou ficar aqui até a sexta-feira pelo menos, preciso que você desmarque as consultas dessa semana. Vou ligar pra Luciana pra ela ir ficar com a Sofia.
-Ok!-ela acordou,perguntando por você, eu expliquei a situação e ela ficou um pouco preocupada.
-Ela esta aí?
-Acabei de deixa-la na escola.
-Obrigada,eu ligo a tarde pra saber como vocês estão.
-Não deixe de ligar, ela esta ansiosa pra saber do avô. Vou agora pro consultório desmarcar as consultas.
-Ok,passa o celular pra Maria,preciso falar com ela.
Maria trabalhava comigo desde que casei com Fátima, ela já trabalhava com a minha falecida esposa antes e ela foi indispensável quando Fátima morreu. Eu precisava esclarecer a ela o motivo da minha ausência. Maria estava acostumada a ser a única mulher na minha casa, e era um pouco territorial,então eu tinha que deixar bem claro pra ela que Isabela era minha namorada e que estava ali para ajudar. Era uma situação engraçada,mas Maria não era só uma empregada era um membro da família.Isabela
Esperei a chegada de Luciana, a babá de Sofia para poder sair,eu tinha que ter certeza que ela estaria ali para buscar Sofia no horário de saída da escola. Maria insistia que poderia ir,mas ela já tinha tanto o que fazer. Notei que ela não gostou muito da minha insistência em esperar,só esperava que ela não criasse uma antipatia comigo,por causa disso.
Deixei as duas e fui para o consultório, remarcar todas as consultas de Otávio e aguardar algumas pacientes que iriam lá apenas,para buscar exames.
Eu era a única ali e aquilo estava realmente desgastante,era muito chato passar o dia todo ali sozinha e eu teria que esperar até o fim da tarde,porque chegariam medicamentos.
Na saída para o almoço,lá estava Gabriel na porta do meu trabalho e porque será que eu não estava surpresa?
-Oi Isa!
-O que você quer,Gabriel?
-Te ver. Vim te buscar pra almoçar .
-Não, obrigada!
-Você ainda não entendeu que eu não aceito não como resposta?
-Não me interessa o que você aceita ou não. Eu só quero que você me deixe em paz.
-Eu queria conversar um pouco, sua irmã me disse que você saiu de casa por minha causa,eu me senti culpado.
-Minha irmã?-Isadora não poderia ter sido,ela era discreta,mas talvez movida pela ideia de que ele foi o responsável, poderia ter sido um desabafo,mas não Isadora não cometeria esse ato de indiscrição. -Isabel?
-Essa mesma.
Aquilo acendeu um pisca alerta no meu cérebro. Desde quando Isabel falava de assuntos de cunho pessoal e familiar com os vizinhos? Principalmente sendo o vizinho novo e homem? Será que estava acontecendo algo entre eles? Não! Loucura minha! Isabel era tão fanática quanto minha mãe, era pudica demais,puritana demais,mas eu estava curiosa sobre o teor daquela conversa,acompanhei-o até um restaurante ali próximo,onde eu quase sempre almoçava.Gabriel
-E então? Como foi essa conversa?O que a Isabel te disse?
-Apenas que vocês brigaram na sua casa,por conta de uma conversa entre nós que elas interceptaram no seu computador.
-Entendi! Mas por que a Isabel te contaria isso?
-Não sei- é claro que eu sabia,porque ela estava louca pra me dar e deu,como deu- Talvez,ela tenha ficado com raiva, porquê você saiu de casa.
-Duvido muito! Isabel sempre quis me ver pelas costas.
-Então não sei,mas ela me disse e eu fiquei preocupado com você.- Toquei seu rosto e ela esquivou-se, engraçado que o fato dela fugir de mim,só me encorajava a seguir adiante.- De repente,eu virei o bicho papão pra você.
-Não é nada disso,Gabriel. Eu estou dando um rumo na minha vida,estou namorando.
-Imagino que você esteja namorando o louro do restaurante.
-Exatamente!
-E qual é o nome do sortudo?
-Otávio.
-Está feliz?
-Muito feliz.
-Que bom!-exibi meu sorriso mais cínico.- Mas,eu não vejo em que isso nos impede de continuar.
-Você está brincando?
-Não! Vai dizer que ele é mais gostoso que eu?-ela ficou vermelha- Seja honesta,ele é assim tão bom de cama?
-Isso não é da sua conta!
-Calma!-ela estava muito na defensiva- Ou será que...?Não! -eu estava me divertindo- Ele é do tipo respeitador, vocês nunca...
-Isso não é assunto pra eu tratar com você.
-Esse seu nervosismo é falta de sexo,Isa. Aposto que eu posso te dar aquele trato que você adora.
-Eu vou embora.
-Não vai comer?
-Não- ela ia levantar-se, mas eu agarrei seu braço
-Espera,pensa bem! Quanto tempo você acha que vai aguentar esse namoro morno?Você transpira sexo meu bebé, é uma gata no cio.
Ela forçou o braço pra cima,soltando-se da minha mão, deu-me as costas e eu notei que tinha colocado o dedo em uma ferida e confesso que aquilo estava divertido. Tipo: reconquistar uma mulher que estava me dando desprezo, seria um desafio interessante
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Paixão sem limites
RomansIsabela sente-se triste e confusa ,aos trinta anos vive com a mãe e mais duas irmãs e jamais experimentou uma paixão, sem contar que é virgem. Até que a chegada de um novo vizinho na pequena localidade onde vive,altera esse quadro em sua vida. Gabri...