Gabriel
Eu realmente não gostava daquele ambiente hospitalar.
Eu tinha passado tanto tempo no leito de um hospital, que mesmo para os fins que fomos levados ali,aquilo me incomodava. Mas,eu tinha prometido a Norma,que a acompanharia durante todo o processo da gravidez.
Engraçado, que justo eu que tinha horror a crianças,agora era pai de dois.
Kauã já estava com doze anos e Norma tinha botado na cabeça que queria realizar seu sonho de engravidar. Resultado: lá fui eu reverter a vasectomia.Fomos informados que havia uma chance de somente 30 a 40% de chances de eu conseguir engravida-la e enquanto eu estava cheio de receio,já que se eu não conseguisse nossa segunda opção seria a inseminação artificial, Norma estava cheia de entusiasmo.
Durante o primeiro mês após a vasectomia, nós tranzavamos quase que ininterruptamente e essa ansiedade de Norma, nos custou uma crise.
Por mais que eu amasse minha esposa,a ideia de ir pra cama com ela,como o cumprimento de um dever me incomodava. E além disso,ela constantemente dizia que era melhor nós tentarmos logo a inseminação, porque o seu relógio biológico estava correndo e pelo visto eu não conseguiria dar-lhe um filho,até Kauã estava estressado e passava mais tempo na casa dos amigos,que em casa.
Em decorrência disso,o clima em casa se tornou insuportável,eu entrei em contato com o Doutor Lomanto, pois desde o meu acidente e enfarto,ele havia se tornado um bom amigo,e lhe pedi a casa de Vila Verde pra passar um tempo.
Durante esse período eu acreditei que meu casamento estava findo. Norma e eu não nos falávamos, Kauã vinha me visitar algumas vezes.
Surpreendentemente,acabei me aproximando de dona Sílvia,ela me parecia tão solitária que certa vez,enquanto eu passava com algumas compras ela me convidou para tomar um café.
Fiquei apenas duas semanas em Vila Verde e durante esse período, eu sempre a acompanhava para um café e conversávamos.
Em nenhum desses dias eu a vi receber visitas,ou telefonemas. Eu me recordava do modo como Isabel e principalmente Isabela,me falavam de como ela as sufocava,que eu só conseguia imaginar que quando elas se desvencilharam da mãe,fizeram isso de uma vez por todas. Eu não as condenava por não aparecerem,mas também não podia deixar de sentir pena daquela senhora.Infelizmente não pude fazer uma grande diferença na vida dela,já que depois de exatas duas semanas Kauã me ligou avisando que a mãe estava passando muito mal e eu quase sofri um segundo acidente de carro devido a velocidade que eu dirigi.
Agora ali estávamos nós, já haviam se passado oito meses desde aquela crise em que Norma me recebeu em casa atirando-me um sapato,vomitando no chão e desmaiando em seguida,fazendo o que provavelmente seria a última ultrassonografia.
A crise tinha passado no momento em que fomos informados da gravidez e desde então.
Aguardávamos ansiosos a chegada do nosso segundo menino.
No inicio,Kauã se mostrou preocupado com a chance de nós não o amarmos mais,porque ganharíamos um filho biológico,mas deixamos claro para ele,que independente de qualquer coisa ele sempre seria nosso filho mais velho.
Os temores do Kauã passaram com o tempo,já que não mudamos o nosso comportamento com ele. E eu nem poderia.
Ele foi a primeira criança que eu amei,Norma e eu lutamos para conseguir a guarda definitiva dele e ainda estávamos enfrentando um processo para conseguirmos adotá-lo.
Não nos importava que ele fosse o filho de um idiota qualquer que engravidou a mãe dele e sumiu e que ela,a mãe,fosse idiota o suficiente pra não enxergar o quanto ele era um garoto especial. Ele era o nosso filho e moveriamos céus e terra por ele.Agora ele se mostrava tão apaixonado pelo irmãozinho e ansioso por sua chegada quanto eu.
Levantei um pouco,fugindo dos meus devaneios,me apoiei na bengala,já que fiquei com uma sequela na perna direita e fui dar uma volta pelos corredores,enquanto Norma se preparava para irmos pra casa,ao fim da consulta.
Chegamos em casa e fui direto para a cozinha,esquentei a comida que já tinha deixado previamente pronta,enquanto Kauã se preparava para ir a escola.
Norma foi deitar-se pois estava um pouco letárgica com a gravidez.Almocei na companhia do meu filho e fui levá-lo a escola,deixei-o no portão e o vi aproximar-se da amiga que chegava na companhia de Isabela. Observei-os por um tempo,me perguntando se algum dia eu teria coragem de me aproximar e falar com ela.
Dei a partida no carro e segui rumo a empresa.
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Paixão sem limites
RomanceIsabela sente-se triste e confusa ,aos trinta anos vive com a mãe e mais duas irmãs e jamais experimentou uma paixão, sem contar que é virgem. Até que a chegada de um novo vizinho na pequena localidade onde vive,altera esse quadro em sua vida. Gabri...