Cap.34

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"Baixinha linda eu te quero e o meu sonho é: pra me beijar te ver ficar na pontinha do pé..."
Acordei com alguém me cutucando, olhei pro lado e vi o Lucas.
- Lucas: Bom dia morena.
- Mari: Bom dia amor.
- Lucas: Quer ir pra casa? Pra poder dormir direito?
- Mari: Não, eu vou ficar.
- Lucas: Eu já esperava essa resposta, então eu trouxe uma roupa, toalha, seus itens de higiene...- ele fez uma voz de mulher pra falar isso e acabou me arrancando uma risada. - E trouxe um amigo que tava guardado.
- Mari: Se for meu elefantinho, eu posso explicar, é que foi minha mãe que me deu...
- Lucas: Elefantinho?! Morena, eu nem sabia disso. Eu trouxe seu violão.
- Mari: Ah tá, obrigada. - aquele momento que você quer enfiar a cara em um buraco.
- Lucas: Bom, eu tenho que ir. Vou arrumar algumas coisas da faculdade.
- Mari: Ta bem. - ele me beijou e foi embora.
Assim que ele saiu fui fazer minhas higienes, voltei pro quarto e como não tinha nada pra fazer, fui futricar nas minhas redes sociais. Assim que abri o facebook apareceu uma atualização do Lucas.
Lucas Gonçalves está em um relacionamento sério com Mariana Borges.
Chorem inimigas, muahaha. Como ele mudou o status, eu também mudei o meu. Guardei o celular e fui conversar com a Keith. "Mas tia Mari, ela não pode falar com você." Eu sei, porém, eu posso falar com ela, então...
- Mari: E aí amiga, já ta quase acordando? Então, eu vou contar algumas coisas pra você que aconteceu enquanto estávamos brigadas...
Fiquei conversando com ela por quase uma hora, até minha barriga começar a gritar e eu ter que ir comer alguma coisa. Comprei um sanduíche natural e suco de uva. Quando sentei na mesa da cantina meu celular tocou.
Ligação on
- Mari: Alô.
- Xxx: Oi Mari, sou eu.
- Mari: Hum, quem?
- Xxx: Shane, de Las Vegas.
- Mari: Aaah, oi Shane, como conseguiu meu número?
- Shane: Com o Lucas, quando vocês vieram aqui. Esqueci de te pedir, então pedi pra ele.
- Mari: Ah sim, ta tudo bem?
- Shane: Ta sim. Eu quero saber duas coisas...
- Mari: Pode perguntar.
- Shane: Primeira, a Briana ta bem? Ela tá namorando alguém aí? E o Bryan também, claro.
- Mari: Eles estão bem, e não, a Briana não ta namorando.
- Shane: Ah. E a segunda é o seguinte, eu e o pessoal estávamos querendo ir pro Brasil, pra ver vocês e pra fazer uma festinha de despedida, já que mês que vem todo mundo vai pra rumos diferentes. Será que tem como ficarmos na sua casa, porque a verba que os papis liberaram foi praticamente só pra passagem.
- Mari: Claro, vai ser ótimo receber vocês.
- Shane: Ufa, obrigado. Então nos vemos daqui duas semanas. Tchau.
- Mari: Tchau.
Ligação off
Até que vai ser legal essa festinha de despedida. Comi meu lanche e voltei pro quarto. Cheguei lá e o médico estava olhando alguma coisa na Keith que não entendi. Ele só falou que ela tá estável, mas com previsão de acordar em uma semana, iludido, eu sei que ela vai acordar bem antes. Sentei do lado dela de novo e então vi meu violão do lado do sofá. Quando eu aprendi a tocar e cantar, a Keith vivia me falando que quando eu ficasse famosa não esquecer dela. Então me lembrei da última música que ela pediu pra mim cantar: Love Yourself - Justin Bieber. Cantei pra ela e por um segundo eu vi ela mexer a mão, mas acho que foi coisa da minha cabeça.

X
Por volta de 20:00 horas, todo mundo veio pro hospital. Então, eu fui pra casa pra tomar um banho de verdade. Assim que sai do hospital, dei de cara com quem eu menos queria: Gustavo.
- Gustavo: Oi Mariana, ta doente?
- Mari: Não é da sua conta.
- Gustavo: Que isso Mari, vai me tratar desse jeito? - assim que ele chegou perto de mim, senti um cheiro forte de álcool.
- Mari: Sai Gustavo, você tá bêbado. - tentei passar por ele, mas ele é mais forte e maior do que eu.
- Gustavo: Calminha aí, agora você vai me escutar. - ele agarrou meu braço e saiu me arrastando pra um beco ali perto. - Não se faça de santa Mariana, eu sei que você só me falou aquele dia que não me amava porque sabia que eu não ia te querer mais. Eu peguei sim a Keith e não me arrependo nem um pouco disso, só não sei porque não vi ela antes, nem tinha perdido meu tempo com você. E por último, você, escuta bem isso, VOCÊ foi a culpada pela morte da sua mãe, sua garotinha mimada.
Quando ele falou isso, foi pior do que qualquer coisa que ele falou antes. Consegui soltar meu braço e sai correndo, eu sei que não podia dirigir no estado que tava, mas não queria voltar pro hospital e aguentar perguntas de todo mundo. Peguei minha moto e fui pra casa, quase bati, mas repito: QUASE. Cheguei e corri pro meu quarto, eu sei que não tem ninguém em casa, mas entrei no quarto e tranquei a porta, fui pro banheiro e tranquei a porta também. Sentei no chão e lembrei de cada palavra do Gustavo, ele tá certo, foi por minha culpa que minha mãe morreu. Eu chorava tanto, queria acabar com aquela dor dentro de mim. Abri a gaveta do armário e vi uma lâmina. Eu sei que prometi pro meu pai que nunca mais faria isso, mas eu não to aguentando. O primeiro foi por ser idiota e me deixar envolver com o babaca do Gustavo, o segundo foi por ser culpada pela morte da minha mãe e os outros foram só pra aliviar. Em um certo ponto eu não aguentava mais fazer isso, então soltei a lâmina e apaguei.

*Monica on
Fiquei sabendo da situação da Keith e queria muito ir no hospital ver ela, os pais dela e a Mari. Realmente, nunca conheci ninguém com o coração maior que o da Mari, primeiro me acolheu na casa dela quando precisava, agora perdoa a Keith pelo que ela fez. Infelizmente não teve como eu ir, porque minha mãe deu uma piorada e eu não podia sair do lado dela, já que sou a única que me importo.
Essa noite a enfermeira da minha mãe vai passar a noite aqui, então vou dar uma ida no hospital. Cheguei lá, vi a Keith e o pessoal, mas o Lucas falou que a Mari foi pra casa, então resolvi ir lá ver ela.
Cheguei lá e a luz do quarto dela tava ligada, toquei a campainha e nada, liguei no celular dela e ninguém atendeu. Fiquei preocupada e resolvi ligar pro Lucas. Falei pra ele o que tava acontecendo e em quinze minutos ele chegou mais o Victor. Eles abriram a porta e então fomos no quarto dela. Bati na porta e nada, gritei ela e nada, ta legal, eu to muito preocupada.
- Victor: Não, ela não ta fazendo isso... - na hora que ele falou isso, eu saquei o que era.

*Lucas on
O Victor falou umas coisas lá que não entendi nada, mas pela cara da Monica, ela entendeu.
- Monica: Lucas, arromba a porta.
- Lucas: Por que?
- Monica: ANDA LUCAS. - a menina começou a chorar e isso me preocupou muito.
- Lucas: Ta, mas me explica o que você quis dizer Victor.
- Victor: Lembra quando a Mari tinha 14 anos e começou a se cortar?
- Lucas: Não, não, não. Ela não fez isso.
Na hora que ele falou, eu desesperei. Tentei arrombar a porta, mas não conseguia, parecia que ela tinha o dobro de madeira que uma porta normal tem.
- Lucas: Que droga de porta. É feita de chumbo?!
- Victor: Então...é que... A Mari tinha mania de bater porta quando tava brava, então eu dei uma reforçada na porta... - disse e passou a mão no pescoço.
- Lucas: Ai que legal.
- Victor: Deixa de ser mole muleque. Vaza daí. - sai de perto da porta e o o Victor meteu o pé nela, a porta abriu na hora.
Entramos e nada da Mari, encontrei o capacete dela jogado perto da cama e vi a porta do banheiro fechada. Tentei abrir mas tava trancada também.
- Lucas: A do banheiro também é reforçada?
- Victor: É. Mas eu abro. - ele meteu o pé mas a porta não abriu. Bateu de novo e nada. Então dessa vez eu fui e meti o pé nela. Quando a porta abriu eu tive a pior visão da minha vida: minha morena jogada no chão, mais branca que o normal e uma poça de sangue do lado dela. Aí sim eu desesperei. Peguei ela no colo e sai correndo pro carro. A Monica foi atrás com ela, e o Victor na frente comigo. Uma viajem de quinze minutos de casa até o hospital, eu fiz em cinco minutos.
Chegamos lá e eu entrei gritando já. Levaram ela pra uma sala e falaram que iam fazer exames nela. Ficamos esperando por uns trinta minutos e o médico chegou.
- Dr.: Parentes da paciente Mariana Borges Nogueira.
- Victor: Aqui.
- Dr.: O senhor é o pai dela?
- Victor: Sim.
- Dr.: Vocês que encontraram ela?
- Victor: Foi.
- Dr.: E como ela estava?
- Lucas: Desacordada caramba, assim como ela chegou aqui. Agora dá pra falar como ela tá?!
- Dr.: Calma aí rapaz. A paciente perdeu bastante sangue, mas não o suficiente pra deixa-la em um estado grave. Ela está estável, mas desacordada, mais por causa dos remédios que foi preciso dar do que por causa do ocorrido.
- Monica: Podemos ver ela?
- Dr.: Podem sim, quarto 215.
É o quarto do lado da Keith. Entramos lá e minha pequena tava tão pálida, eu tive que segurar pra não chorar, a Monica já tava chorando a muito tempo e o Victor não aguentou ver a filha daquele jeito.
- Victor: Meninos, vocês me dão um minuto com ela? - concordamos e saímos da sala.

*Victor on
Quando entrei ali e vi minha filha tão pálida, eu não aguentei. Sentei do lado dela e peguei sua mão, estava tão geladinha.
- Victor: Oi minha princesa, porque você fez isso? Você tinha me prometido que não faria mais. Eu sei que você tá passando por muita tenção nesses últimos dias. Primeiro sua mãe, nossa rainha, nos deixou. Agora a Keith em coma. Mas minha flor, não precisava fazer isso. Eu não sei o que aconteceu quando você saiu daqui, mas era só você ter voltado pra cá. Eu não podia ter deixado você sozinha, me desculpa.

*Mari on
Comecei a acordar e ouvi uma voz de homem me pedindo desculpa. Abri um pouco meu olho e vi meu pai, apertei sua mão então ele olhou pra mim.
- Mari: Gustavo...- sussurei.
- Victor: O que minha filha?
- Mari: Gustavo...
- Victor: O que tem ele?
- Mari: Eu vi ele...
- Victor: Filha dorme, amanhã você me conta direito isso.
Nem teimei com meu pai, meu corpo tava muito mole e pedia uma boa noite de sono. Apaguei em poucos segundos.

* Lucas on
O Victor saiu da sala e então eu e a Monica entramos. Ficamos um pouco ali e então fomos dar uma olhada na Keith. Já era por volta de 23:00 horas, então resolvi voltar pro quarto da Mari e dormir. Daqui não saio, daqui ninguém me tira. O Victor também ia dormir aqui, então eu peguei a cadeira e ele o sofá. O cansaço bateu e em alguns minutos eu dormi.

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