"Não há nada para comparar o tremendo vazio que deixas em mim..."
*Gusta on
Acordei com uma baita dor de cabeça, levantei e vi que ainda estava com a roupa que sai na noite passada, blé. Fui pro banheiro e fiquei quase uma hora em baixo do chuveiro tentando lembrar o que eu fiz ontem. Lembro que o Kaio me ligou e me chamou pra ir no bar novo aqui perto. Ele passou aqui em casa, me pegou e assim que chegamos lá encontramos uns amigos. Nos sentamos juntos e ficamos conversando sobre um monte de coisa. Depois disso são só flashes: os meninos falaram algo sobre a Keith, eu vi no meu facebook que o Lucas ta em relacionamento sério com a Mari (o que me deixou com muita, muita, raiva), eu fui no hospital, briguei com alguém na porta e essa pessoa saiu correndo. Depois disso é só borrão.
Sai do chuveiro, vesti uma bermuda jeans e fui atrás de comida e de remédio. A Karol tava jogada no sofá, tomei um remédio e resolvi tentar quebrar o gelo entre nós dois.
— Gusta: Cadê a mamãe?
— Karol: Saiu. — falou curta e grossa.
— Gusta: Ah qual é Karol, vai me tratar assim até quando?
— Karol: Até você crescer e virar homem de verdade.
— Gusta: Me perdoa tá, eu sei que fui idiota. — sentei ao lado dela no sofá.
— Karol: Gustavo, eu tenho 16 anos e tenho mais juízo que você que tem 20.
— Gusta: Vai continuar esfregando na minha cara que eu fui imbecil? Acha que eu não sofro a cada dia que passa por ter feito isso?! — sem perceber, deixo uma lágrima escorrer.
— Karol: Vem cá. — ela me puxou e me deitou em seu colo. — Por que você fez isso? Tipo, ela foi a única garota que você arrumou que presta e que te amou de verdade e não por causa do dinheiro do papai.
— Gusta: Eu... Eu não sei. Eu pensei que se eu traísse ela, ela voltaria pra mim depois. Assim como o Fábio faz com a mamãe. — não gente, eu não chamo o Fábio de pai.
— Karol: Não é porque o papai não presta que você tem que ser assim. — nessa hora a campainha tocou. — Eu vou indo, marquei shopping com umas amigas. Te amo gazela.
— Gusta: Também te amo anã, se cuida. — beijei a testa dela e ela saiu.
Fui pra cozinha arrumar alguma coisa pra comer. Fiz miojo (já posso casar u.u) e suco de laranja. Assim que ia sentar pra comer, a campainha tocou. Deve ser a Karol, esqueceu a chave e voltou pra pegar.
Assim que abri, só deu tempo de sentir um murro no meu nariz e eu cair no chão. Quando olhei pra cima vi o Lucas vindo pra me bater de novo.
— Gusta: Espera! Eu posso pelo menos saber o porque de estar apanhando?!
— Lucas: Não se faça de inocente Gustavo. — bang, outro murro.
— Gusta: Cara, para. Eu não sei o que eu fiz ontem, okay?! Dá pra me explicar, por favor.
— Lucas: Claro. — ele me puxou pelo braço e jogou no sofá. — Ontem você foi no hospital que a Keith ta internada, encontrou a Mari na porta e falou o que não devia pra ela. Por SUA causa, ela se cortou de novo e foi pro hospital também. Ta feliz bonitão?!
— Gusta: Muita informação. Primeiro, por que a Keith ta internada?
— Lucas: Leucemia. Mais alguma pergunta ou já posso quebrar sua carinha de boneca?
— Gusta: Uou, espera. O que exatamente eu falei pra Mariana?
— Lucas: Se me fizer repitir, vou ter mais vontade de te bater.
— Gusta: Lucas, eu preciso saber, por favor. Dá pra gente conversar como gente civilizada? Eu sei que fiz muita pisada, mas antes disso éramos melhores amigos. Por mais que isso não aconteça nunca mais, eu preciso saber o que eu fiz ontem. — ele respirou fundo e sentou do meu lado no sofá.
— Lucas: A Mari ta dormindo todo dia no hospital com a Keith, ontem a gente mandou ela pra casa. Ela foi e depois de um tempo a Monica me ligou falando que a luz do quarto da Mari tava ligada mas ela não abria a porta nem atendia o celular. Eu fui com o Victor pra casa, então encontramos ela desmaiada no banheiro com uma poça de sangue em volta. Ela ficou internada de ontem pra hoje, mas já foi liberada... — nessa hora meu coração apertou.
— Gusta: E...e ela contou o que eu disse pra ela?
— Lucas: Contou... — ele fez uma pausa e aquilo me matou por dentro — Ela contou que você chegou bêbado e levou ela pra um beco, começou a falar que ela se fazia de santa mas não era nada disso, que não se arrependia de ter pegado a Keith, que perdeu seu tempo com ela e... — ouvindo aquilo eu tive nojo de mim mesmo, e aquele "e"...
— Gusta: E o que?
— Lucas: E que foi culpa dela a mãe dela ter morrido. — eu me odeio.
Senti meu coração parar por frações de segundo, minha garganta secou e eu chorei como uma criança que roubaram o doce. Eu queria voltar no tempo e não ter nem saído de casa aquele dia, eu queria ir atrás da Mari e pedir perdão por ter entrado na vida dela.
— Lucas: Cara, não chora. — me abraçou.
— Gusta: Me desculpa por isso...
— Lucas: Não é pra mim que você deve desculpas.
— Gusta: Mas ela não vai querer me ouvir.
— Lucas: Deixa passar uns dias, aí você tenta falar com ela.
— Gusta: Beleza. Quando ela vai pra Paris?
— Lucas: Ela vai pra Inglaterra. O pai dela não deixou ela ir pra lá por causa dos atentados e tal. Vejo treta por causa disso... Ela vai daqui um mês, eu acho.
— Gusta: É bom conversar com você de novo.
— Lucas: É. Tenho que ir, falei pra Mari que ia no supermercado.
— Gusta: Okay. E felicidades pro casal.
— Lucas: Valeu.
Ele foi embora e eu fui pro banheiro dar um jeito na minha cara. Lavei o nariz e fui atrás daquelas coisas que mulher passa na cara, no quarto da Karol. Achei um corretivo, acho que é isso, e fui arriscar a usar. Passei e até que disfarçou legal o roxo no meu olho. Então fui pra cozinha e enfim comi, e também cheguei a conclusão de que hoje to muito chorão.
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Meu Lugar
DiversosMariana é uma jovem de 17 anos. Sempre sonhou com seu futuro e com sua independência. Seus pais se separaram quando ela tinha 5 anos, e então ela se mudou pra São Paulo com sua mãe. Garota sonhadora mas sempre com os pés no chão. Ama desenhar e pre...