"Ela cansou, olhou pra trás, bateu a porta e disse já vou..."
Acordei por volta de 5:30 da manhã, perdi o sono. Continuei deitada pra ver se voltava a dormir, mas comecei a pensar em tanta coisa que resolvi levantar. Desci e encontrei meu avô na cozinha.
- Rodrigo: Perdeu o sono?
- Mari: Aham. O senhor também?
- Rodrigo: Sim.
- Mari: Acho que já vou voltar pra casa, tenho algumas coisas pra arrumar e alguns conhecidos pra me despedir.
- Rodrigo: Claro, querida. Nós podemos ir na sua casa às 7:00 horas?
- Mari: Pode sim, vou esperar vocês. Agora vou pegar minhas coisas. - ele me deu um beijo na testa e voltei pro quarto.
Arrumei minhas coisas, fiz minhas higienes, passei o endereço lá de casa pro meu avô, me despedi e fui embora.
Cheguei em casa por volta de 6:40 da manhã. Entrei sem fazer barulho e fui direto pro quarto. Ao entrar, me deparei com o Davi arrumando minha mala.
- Mari: Bom dia.
- Davi: Ah, oi pequena.
- Mari: O que ta fazendo?
- Davi: É que...como você não arrumou, eu resolvi dar uma ajudinha.
- Mari: Ai Davi. - o abracei. Nos sentamos na cama e ele ficou mexendo no meu cabelo.
- Davi: Como foi lá?
- Mari: Foi bom. Eles me explicaram tudo e vão vir aqui mais tarde falar com o papai. Descobri que tenho um irmão. - nessa hora vi que o Davi ficou um pouco rígido, como se soubesse de tudo. - Você sabe quem ele é?
- Davi: Não posso falar princesa. Mas você vai descobrir, sei que vai.
Ficamos conversando por um bom tempo. Desci e fiz um pequeno café da manhã, já que o Davi arrumou minha mala, fiquei com tempo. Logo meu pai levantou, me abraçou e foi lanchar. As 7:00 horas em ponto a campainha tocou. Fui atender e pedi para os meus avós esperarem. Sai correndo e puxando meu pai pra sala.
- Victor: Calma menina, parece que o mundo ta...- ele calou assim que viu meus avós na sala.
- Rodrigo: Meu filho.- minha vô não se controlava mais, foi até meu pai e lhe abraçou.
O Davi estava descendo as escadas, saí puxando ele de volta pro quarto para meus avós conversarem com meu pai.
Victor on
Quando vi meus pais na sala, não acreditei. Minha mãe chorava incontrolavelmente e meu pai estava parado, sem reação.
- Pérola: Me perdoe, querido. - ela me soltou e então meu pai se aproximou. Ainda sem reação, ele olhava dentro dos meus olhos como se quisesse me contar tudo apenas com um olhar. Lágrimas rolavam pelo meu rosto e uma gota solitária escorreu pelo seu.
- Rodrigo: Meu garoto. - me abraçou e então senti minha camiseta se encharcar com suas lágrimas.
Depois desse momento melancólico, nos sentamos para conversar. Eles me explicaram toda a história, eles também me contaram que o irmão da Mariana voltou pro Rio. Ficamos conversando por algum tempo e eles resolveram ficar para ir conosco no aeroporto.Mari on
Depois de quase uma hora com o Davi no quarto, resolvemos descer, até porque eu tinha algumas pessoas pra visitar. Descemos e meus avós foram cumprimentar o Davi. Avisei que tinha que sair, mas que voltaria pro almoço. Peguei meu capacete e fui pra casa da tia Katerine. Chegando lá, meu tio veio abrir a porta.
- Mari: Oi tio.
- João: Oi minha filha. Entra.
- Mari: Só vim me despedir de vocês.
- Katerine: Você já vai hoje? - disse saindo da cozinha. Sua barriga estava pequena ainda, mas linda.
- Mari: Vou sim, depois do almoço.
- Katerine: Oh, minha menina. - veio ao meu encontro e me abraçou. - Sua mãe ficaria tão orgulhosa. - disse no meu ouvido. A apertei mais ainda.
- João: Será que também posso abraçar ela ou ta difícil? - soltei minha tia e fui abraçar meu tio. - Juízo menina, nos dê notícias no mínimo cinco vezes...por dia.
- Mari: Claro, tio.
Me despedi deles, dei um beijinho na barriga da minha tia, disse um "titia já ama você", e fui embora.
Toquei direto pra casa do metido a David Beckham, quer dizer, pra casa do Chris. Cheguei lá e a tia Ester veio abrir a porta (sim, tenho uma penca de tia).
- Mari: Oi tia.
- Ester: Quem é vivo sempre aparece. - me deu um abraço e abriu espaço pra eu poder entrar.
- Mari: Vim me despedir de vocês.
- Ester: Vai pra onde?
- Mari: Londres, fazer faculdade.
- Ester: Pra tão longe? Sentiremos sua falta.
Bom, deixe-me fazer um pequeno resumo: a Ester ajudou muito minha família. Ela sempre ajudou minha mãe a cuidar de mim, estudei por um tempo curto com os meninos, mas isso aproximou mais as nossas famílias. Então é por isso que estou aqui me despedindo da minha tia.
- Mari: Cadê os homens da casa?
- Ester: Christopher e Lohan estão na empresa, o Christian está no quarto.
- Mari: Posso ir lá?
- Ester: Claro, querida.
- Mari: Com licença.
Fui subindo as escadas e vi a porta do quarto dele aberta.
- Mari: Toc toc. - ele tirou o olho do celular e olhou pra mim.
- Chris: Uai, a princesa sai da torre?
- Mari: Dorme Christian, vai que você sonha com seu humor e ele realmente aparece.
- Chris: Hahaha. O que tu quer aqui?
- Mari: Vim me despedir...mas antes quero falar sério contigo.
- Chris: Lá vem.
- Mari: Vem mesmo. - puxei a cadeira da mesinha do computador e me sentei. - Cara, que ceninha foi aquela que tu aprontou com a Blair aquele dia?
- Chris: Que dia?
- Mari: Quando ela foi lá em casa por causa do Gustavo. - ele então se lembrou e mudou sua expressão de amigável para cão raivoso.
- Chris: Não é da tua conta.
- Mari: A partir do momento que envolve o sentimento das minhas amigas, sim, é da minha conta. - disse e me levantei ficando na sua frente.
- Chris: A partir do momento em que ela é minha namorada, tu não tem o direito de se meter. - ele se levantou também e tenho que confessar que isso me intimidou, até porque ele é mais alto, mas não deixei transparecer.
- Mari: Agora ela é sua namorada?! Bom saber. Espero que você se lembre disso quando os outros te perguntarem e você tiver sido afetado pela doença da idiotice.
- Chris: Quem tu pensa que é pra falar assim comigo? Sai do meu quarto!- ele aumentou a voz e eu não deixei por menos, ignorei seu "pedido" de me retirar e continuei falando.
- Mari: Sou a SUA amiga, a garota que cresceu com você e seu irmão, mas não consegue entender o porque você age assim. Sou a pessoa que ta querendo te ajudar a não perder a única garota que realmente vale a pena. A garota que não quer ver sua amiga sofrendo, porque o namorado age como criança. - peguei em seu braço, mas ele tirou minha mão.
- Chris: Eu não preciso da ajuda de quem acha que me conhece.
Sim, isso doeu, doeu pra caramba. Por que? Porque eu cresci com ele, sei como ele é, sei que no fundo existe um Christian educado, maduro e sensato. Fiquei parada na sua frente, olhando para ele com aquela fisionomia de general do exército, tentando segurar uma lágrima que insistia em aparecer no canto do meu olho.
- Chris: Por que ta me olhando desse jeito?
- Mari: To aqui pensando em fazer um curso de agricultura. - ele me olhou com uma cara de "o que isso tem a ver?!".
- Chris: Você é louca? Pra que vai fazer isso?
- Mari: Nada...só pra aprender a época certa de plantar a mão na tua cara! - disse e olhei seria pra ele.
O Christian continuava a me encarar sem pronunciar uma palavra sequer. Eu queria matar ele, mas ao mesmo tempo abraça-lo por ser um irmão pra mim.
- Mari: Só me escuta uma vez na sua vida. Deixa de ser grosso e arrogante com a Blair.
- Chris: Esse é meu...- o cortei.
- Mari: Seu jeito, eu sei. Mas tenta ser menos com ela. A Blair é uma garota incrível, carinhosa e sensível. Sim, ela quer ser durona, a mãe de todos, mas lá dentro tem uma menininha que necessita de carinho...do namorado dela! Por favor, não me faça machucar sua cara porque você machucou o coração dela, okay?
- Chris: Okay, extintor de fiat. - me olhou de rabo de olho e começou a rir.
- Mari: Agora tenho que ir. - dei um abraço nele e um tapa, só pra não perder o costume. (Nota: Blair, se você estiver lendo isso, me desculpe por bater no seu boy).
- Chris: Se cuida, juízo, não faça nada que eu não faria.
- Mari: Ta bom, não vou pra lua.
Saí de seu quarto e ao chegar na sala encontrei tio Lohan e Christopher.
- Mari: Oi tio. - o cumprimentei com um abraço.
- Lohan: Oi pequena grande Mari.
- Mari: Oi Christopher. - também o abracei.
- Christopher: Fala aí toquinho.
Conversei um pouco com eles e fui embora.
Ao chegar em casa me deparei com Phelipe, Nayara, Davi, meu pai e meus avós, na sala.
— Mari: Oi, oi.
— Victor: Oi filha, estávamos te esperando pra almoçar.
Fomos pra mesa, conversavmos bastante, terminamos de almoçar e voltamos pra sala.
— Pérola: Então minha menina, já que você esta indo embora, vou te dar algo pra se lembrar sempre de mim. — ela tirou uma gargantilha da bolsa e me entregou. Na gargantilha vinha escrito "família", era linda. A abracei e ela se sentou novamente.
— Rodrigo: Bem, querida, eu fiquei com a melhor parte. — ele faz uma cara que demonstra o contrário, mas logo sorriu. — Então, eu sei que você está louca pra saber quem é seu irmão. Ele está onde você menos procura, onde você menos possa imaginar... Ele está aqui — meus olhos percorreram toda a sala imediatamente, então, pararam no Phelipe. Não, não pode ser...ou pode? Mas, não nos parecemos em nada.
— Victor: Sim, vocês se parecem. — meu pai fala como se pudesse ler minha mente. — Olha bem. Vocês dois tem a mesma manina de levantar a sombrancelha quando desaprovam algo, o mesmo sorriso, uma leve covinha do lado esquerdo, vocês conversam mais com os olhos do que com a boca, quando estão nervosos entortam a boca...não tem como negar. — é, reparando assim...
— Phelipe: Será que...— ele abre os braços meio que com receio do que vai pedir, porém a irmã dele é uma manteiga derretida. Corri até ele e lhe abracei. — Você não tem ideia de como quis fazer isso todo esse tempo que estava contigo.
— Mari: Me abraçar?
— Phelipe: Não, te contar a verdade.
Ficamos ali mais um pouco, porém chegou a hora. O Davi foi até meu quarto e pegou minhas malas. No carro do meu pai foi ele, o Davi e o Phelipe, meus avós foram no seu carro e eu chorei pro meu pai pra ir na minha moto. Qual é? Vou deixar minha bebê pra trás. Assim que desci no aeroporto, meu celular tocou.
Ligação on
— Mari: Alô.
— Xxx: Oi meu amor.
— Mari: Ai meu Deus, Lucas, que saudade.
— Lucas: Eu também estou morrendo de saudade, princesa.
— Mari: Por que não me ligou antes?
— Lucas: Desculpa, é que cheguei e já foi uma correria. Achar meu apartamento, ir na faculdade resolver as papeladas...essas coisas.
— Mari: Entendi.
— Lucas: Mas me conte as novidades.
— Mari: Bom, vou dar uma resumida e depois te conto melhor. Encontrei com meus avós e descobri que tenho um irmão.
— Lucas: Uou. Você já ta indo?
— Mari: Sim, já to no aeroporto.
— Lucas: Então vai lá, quando chegar me liga pra conversarmos melhor.
— Mari: Okay, beijo amor.
— Lucas: Beijo bebê, te amo, se cuida.
— Mari: Também te amo.
— Lucas: Ah, tem uma carta pra ti na sua mala. Só abre quando estiver lá.
— Mari: Okay.
Ligação off
Entrei no aeroporto e encontrei o pessoal lá dentro. "Tia Mari, que pessoal?" Todo mundo, tipo, todo mundo mesmo: Blair, Dália, Chris, Kaio, Amanda, Ester, Lohan, Christopher, Rafaela (namorada do Christopher), Davi, meu pai, meus avós, Gustavo, Monica, Phelipe, Nayara, Katerine, João e... Keith.
— Monica: Não sei o que essa garota quer aqui. — me abraçou e falou em meu ouvido.
— Mari: Quer que eu a empurre na frente do avião.
Abracei todos, menos a Keith, por motivos óbvios. Chorei pra caramba. A Dália me esmagou em seu abraço, sentirei saudades dessa doidinha. Blair, a garota responsável, mãe de todos, mas que se tornou uma grande amiga. Chris, bipolar, mas que no fundo é o cara mais top que existe (por favor Chris, ao ler essa parte, não se ache, até porque o cara mais top é meu Lucas). Kaio, aquele cara modelo, que todas querem, amigo que aparece quando você precisa. Amanda, fofinha, delicada, super amiga. Dona Ester, ela é o porto seguro da família, a mais estável e mais sensata da casa. Seu Lohan, durão, não dá o braço a torcer, mas é um super pai e super marido. Christopher, cabeça, sabe o que quer e faz o possível pra ter um clima agradável em casa. Rafaela, não tenho muito o que falar por falta de convívio, mas sei que faz o Christopher super feliz. Davi, nem sei por onde começar, meu primo, meu amor, meu lindo, meu loiro que amo tanto, aquele cara que mata e morre por quem ele ama. Papai, o melhor do mundo, meu porto seguro, o homem mais incrível que conheço, que apesar de sofrer, se faz de forte pra ajudar os outros. Meus avós, os conheci agora, mas já os amo muito. Gustavo, me chifrou, mas aprendeu e agora é um grande amigo. Monica, com seu jeito meigo conquista a todos, forte, guerreira e que amo demais. Phelipe, irmão que acabei de conhecer, espero que dê tudo certo. Nayara, linda, esparolada (tipo eu) e que vai ser minha futura prima, já sei disso. Katerine, mulher linda, forte, batalhadora, minha tia maravilhosa. João, bravo, responsável, mas que por dentro é uma manteiga derretida. Keith...desprezível.
— Phelipe: Mari, eu vou contigo pra Londres.
— Mari: Sério?!
— Phelipe: Sim. — o abracei, vai ser ótimo ter meu irmão comigo.
O Davi se afastou do pessoal e eu fui ver o que foi. Ele estava com minha mochila nas costas.
— Mari: Hey, o que foi?
— Davi: Que? Não foi nada.
— Mari: Não mente pra mim.
— Davi: Eu perdi todos esses anos longe de ti, ta que te cuidava de longe e tal, mas queria ter estado com você.
— Mari: Para com isso, você apareceu, isso que importa. Você está aqui comigo, está me vendo fazer o que sonhei. E você não tem ideia de como eu estou feliz por ter você aqui comigo. — nos abraçamos e ficamos assim até aquela voz enjoada começar a falar nos auto-falantes.
A tia Katerine me entregou um envelope cheio de fotos, desde quando nasci. Me despedi de todos e antes de ir embarcar a Keith me chama.
— Keith: Eu gostaria de te pedir pra me perdoar, de verdade, eu me arrependi por ter feito isso com você. — reparei na sua aparência e vi o quanto ela estava doente, mais branca que o normal, olhos fundos, boca seca...meu coração apertou.
— Mari: Quem me garante que posso acreditar em você de novo? Que isso não faz parte de nenhum joguinho seu?!
— Keith: Eu...eu te dou minha palavra. Mariana eu to morrendo, não quero que isso acabe assim. — seus olhos se encheram de água.
— Mari: Keith, eu confiei demais em você, você era uma irmã pra mim. Mas tudo bem, eu te perdôo, mas não será tudo como antes.
— Keith: Nem espero que seja, não mereço. Mas obrigada por me perdoar, você é uma pessoa incrível.
A abracei e ninguém entendeu nada, mas enfim. Aquela voz irritande deu o último aviso de nosso vôo, então eu e o Phelipe fomos. Dei uma última olhada e um último aceno. É a partir de agora que me torno uma nova pessoa.

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Meu Lugar
RandomMariana é uma jovem de 17 anos. Sempre sonhou com seu futuro e com sua independência. Seus pais se separaram quando ela tinha 5 anos, e então ela se mudou pra São Paulo com sua mãe. Garota sonhadora mas sempre com os pés no chão. Ama desenhar e pre...