DIAMOND 》 Suga

• Fifty Five •

Aquele episódio da minha festa de aniversário ficou atormentando-me por uma semana, eu não conseguia acreditar que meus melhores amigos haviam feito aquilo comigo. Eu fui completamente traída por eles, Shuna queria que eu não ficasse com YoonGi, Hyun se aproximou de Shuna para poder ficar comigo. Existe alguém nesse mundo que não queira coisas materiais de mim?

E YoonGi... ele estava certo, esteve esse tempo todo... Por que eu sinto que depois que nos separamos só aconteceram tragédias na minha vida, como se uma onda de azar tivesse me atingido? Como se eu tivesse perdido o meu mais precioso amuleto da sorte...

20 de Janeiro, 18:30

Eram exatas seis e meia da tarde, o clima de Seul estava mais frio que o normal, quando falávamos, uma fumaça de ar quente saía de nossas bocas, sinal de que a temperatura estava baixa demais.

Eu ajeitava meu casaco de lã bege enquanto esperava a xícara avermelhada se encher de expresso. Era noite, e já estava escuro, por causa do frio. As luzes da cafeteria em que trabalho ainda estavam acesas, aquecendo o local, era quase o final do meu expediente e haviam poucos clientes na cafeteria.

Servi uma mesa com uma porção de biscoitos e logo voltei para o caixa enquanto BaeHim secava as últimas xícaras, na cozinha.

Peguei meu celular para checar se havia alguma mensagem, e por sorte, não tinha nenhuma. O sino sobre a porta, que avisava a chegada de um novo cliente, soou pelo estabelecimento, fazendo-me tirar os olhos do celular e guarda-lo.

Assim que meus olhos âmbar ergueram-se, a única coisa que consegui fazer foi apertar a borda do balcão. E meus belos olhos tiveram que observar aquele casal se aproximar do balcão. Aquela garota, que não tem um pingo de amor no coração e aquele garoto, que um dia já amei.

Eu senti um pouco de tudo naquele momento, mas além de todos os sentimentos, eu descobri que não havia esquecido YoonGi, não havia esquecido a sua pele clara e aqueles olhos negros, aqueles lábios avermelhados por causa do frio e aqueles traços asiáticos, pelos quais eu fui apaixonada. Não havia esquecido dele, eu tentei arduamente mas não consegui, vê-lo foi como ter uma recaída nas  drogas.

— Sae! - Sara falou e abriu um leve sorriso. — Eu falei que voltaria.

Por que nós terminamos assim YoonGi? Por que eu estou fazendo o papel da menina com o coração despedaçado e você, o papel daquele que jura os votos á outra mulher? Você nunca me amou? Eu fui enganada? O tempo que passamos juntos não significou nada?

Assassinei todas aquelas perguntas mentalmente e engoli o nó que se formara em minha garganta. Eu sou orgulhosa o suficiente para não deixar aparente que vê-lo estava me despedaçando por dentro.

— O que gostaria de pedir? - Perguntei, abrindo um simpático sorriso.

— Ahm, dois frapuccinos de baunilha, por favor. - Ela pediu e eu  assenti registrando o pedido, os olhos de YoonGi evitavam encontrar os meus. Os meus estavam baixos e acabaram encontrando uma sacola da Armani nas mãos dele, forcei o maxilar e desviei meu olhar.

Sara me deu as notas e eu lhe entreguei o troco. Me afastei deles e fui até a máquina que realizava aquele tipo de pedido, apoiei-me na mesma enquanto ela fazia todo o trabalho, eu estava de costas para aqueles dois, o que me deu a oportunidade de fechar os olhos e deixar uma singela lágrima descer pela minha bocehca, tratei de limpa-lá rapidamente e pegar os dois frapuccinos, já prontos.

Levei os pedidos até os dois, colocando-os no balcão, Sara continuava com aquele sorriso clínico e vitorioso no rosto. YoonGi pegou o seu café e o pulso de Sara puxando-a.

— Vamos embora, Sara. - Ele disse e olhou de soslaio para mim, segure essas lágrimas mais um pouco, só mais um pouco Saejin.

— Oh sim, temos que ir para casa, obrigada pelo café, até mais Saejin. - Sara falou e YoonGi a puxou mais uma vez levando-a até a porta. E então os dois saíram da cafeteria.

Antes que eu pudesse liberar aquelas lágrimas, BaeHim me abraçou, apertei-a e comecei a chorar. Bae me levou até a cozinha enquanto eu soluçava e grunhia de dor.

— E-Ele vai se casar, Bae. - Eu disse e ela acariciou meus fios castanhos.

— Oh meu amor... - Ela falou me consolando. — Eu sei como dói.

— E... não será comigo. - Eu falei e ela se afastou, cobri meu rosto com as minhas mãos e desandei a chorar.

— Você é uma menina tão linda, não chore, haverão outros garotos Sae-

— Mas é ele quem eu amo, Bae! - Falei tirando as mãos do meu rosto e tentando manter minha respiração em tempo normal. — Depois de tudo o que passamos, ele acaba com tudo assim, tão rápido quanto começou...

— Ei... acredite em mim, isso vai passar. - Ela tentou me convencer.

— Não! Não vai! Por que as pessoas tentam me convencer disso? Já faz um ano e eu ainda me lembro de cada detalhe daquela noite, em que ele quebrou o meu coração! - Eu falei alto e me afastei de Bae desamarrando o meu avental.

Arremessei-o com força sobre a pia da cozinha e caminhei até a área dos funcionários, seguida por BaeHim.

— Sae! O que você vai fazer?! - Ela perguntou preocupada, solucei mais uma vez enquanto pegava meu casaco no cabideiro, vesti-o e voltei para o balcão da cafeteria. Pulei-o e caminhei até a saída do estabelecimento. — Sae, por favor! Não faça nenhuma loucura!

Fechei a porta da cafeteria e comecei a caminhar pela rua, abracei-me esfregando meus braço, tentando evitar o frio. As lágrimas, as malditas, continuavam a descer pela minha bochecha.

Eu preciso amar alguém... eu preciso que alguém me diga que está tudo bem, mesmo não estando, eu preciso que alguém me segure agora. Mas, quem? Meus amigos são traidores, quem eu amo é a causa da minha dor e minha mãe está no trabalho. Eu estou sozinha. O que eu tenho a perder agora?

— Parabéns YoonGi, você conseguiu destruir tudo o que me restava, você conseguiu que de tanto te odiar passar a te amar, mas e agora? O que você faz, joga tudo no lixo. - Falei comigo mesma.

E então eu cheguei em casa, abri a porta e apoiei-me na mesinha de centro, derrubando um vaso de vidro da minha mãe, fazendo o mesmo se quebrar em mil pedaços ao bater contra o chão. Me ajoelhei perto dos cacos e fitei-os. Meu coração apertou, como se estivesse sendo pressionado á algo mas, eu sabia que era só aqueles pedaços de vidro quebrado que estavam a me lembrar de como eu me sentia naquele momento...

Destruída.