• Sixty Eight •

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Eu fui acordada com o toque da minha mãe em meu ombro querendo que eu acordasse, abri meus olhos e limpei-os vendo a mais velha segurar o telefone em uma das mãos e tentar me acordar com a livre.

— SaeJin... - Ela chamou e eu me virei na cama, ficando de frente para minha mãe. — É o YoonGi, ele quer que você o acompanhe no enterro do sr. Min hoje.

Ela falou e eu respirei fundo passando minhas mãos pelo rosto, assenti e agradeci à minha mãe pela informação, ela me entregou o telefone enquanto eu me sentava na cama e me deixou sozinha novamente.

— YoonGi... - Eu falei ainda com voz de sono.

Sae... você pode vir? Por favor, eu não vou aguentar aquilo sozinho. - Ele disse fraco e eu consegui identificar um tom choroso em sua voz, o que fez meu coração rachar em mil partes.

Aquela voz partia meu coração, aquela tristeza, se eu pudesse, eu traria toda pra mim. YoonGi não merecia estar passando por aquilo, o mais triste era que ele amava o pai, por mais que o sr. Min não tenha sido um pai exemplar, YoonGi o amou e o respeitou como um pai maravilhoso.

YoonGi é o exemplo de pessoa que eu tenho orgulho de me envolver, orgulho de amar. Eu nunca havia sentido isso por ninguém, nunca havia ido tão longe com alguém.

— Eu vou estar lá, não se preocupe. - Falei sentindo uma imensa necessidade de abraçar aquele menino naquele momento, abraçar e dar o colo que aquela madrasta nunca deu à ele.

Aquele colo que ele nunca teve a oportunidade de receber, aquele carinho que ele sempre ansiou por, aquele beijo na testa que ele ama receber...

YoonGi me contou todos os detalhes do funeral com o horário e o local, me comprometi em estar lá e encerrei uma ligação com um pedido. O pedido de que ele ficasse bem até eu chegar.

Informei minha mãe sobre os horários que, infelizmente, não coincidiam com meu turno escolar, ou seja, eu teria que faltar a aula naquele dia. Minha mãe concordou em deixar eu não ir à escola naquele dia e eu agradeci.

Fui até meu banheiro e tomei um longo banho quente, estava frio lá fora, nevava levemente mas o vento fazia barulho em minha janela. Terminei o banho e me enrolei na toalha, antes que eu pudesse vestir alguma peça negra, eu vi meu celular vibrar sobre minha cama.

Me aproximei do aparelho e vi o rosto alegre de Shuna no ecrã.

Shuna, a quanto tempo eu não falava com ela, a última vez que nos vimos foi naquela maldita noite na casa de ChiNo, durante esse período de férias, ela tentou contato comigo mas, por culpa de seus pais, ela teve que mudar de escola. Eu sentia falta dela, sentia falta dos momentos que vivemos juntas, por que ela teve que estragar tudo aquilo por culpa de um garoto?

Amizades que são estragadas por um garoto nunca foram verdadeiras mas, eu gosto de pensar que ela queria que eu fosse feliz, que ela estava fazendo aquilo só para proteger meu coração de alguma ferida.

Afastei todos os pensamentos que me ligavam à garota das trancinhas que eu conheci há alguns anos atrás e abri meu armário procurando alguma peça escura. Encontrei algumas roupas então juntei um par de botas com uma legging negra e um suéter preto.

Abri uma pequena gaveta embaixo da minha penteadeira e encontrei aquele crucifixo dourado com aquela bela frase atrás, suspirei e tranquei o colar em meu pescoço.

Me despedi da minha mãe e peguei um táxi até o cemitério onde YoonGi havia me dito que ocorreria o enterro. Ele pediu que eu o acompanhasse apenas nessa parte do funeral, ele não me queria no velório, achava que era um momento que eu não precisava presenciar. Como sempre, eu respeitei sua decisão.

Todos caminhavam do local que havia ocorrido o velório, até a área onde o caixão seria enterrado, o cemitério era em um colina, o frio era presente e a névoa também. Encontrei o grupo de pessoas vestindo seus melhores trajes negros e tentei encontrar YoonGi.

Infelizmente, meus olhos encontraram mãe e filha abraçadas, Sara e a sra. Wang se encontravam perto do caixão, Sara não parava de chorar abraçada com a mãe, enquanto a mais velha segurava as lágrimas. Pelos menos aquelas duas tem sentimentos.

Suspirei parando um pouco para descansar da subida, senti um par de braços envolver meu tronco e me abraçar com força, virei meu rosto para o lado e encontrei um garoto de fios claros a me abraçar. YoonGi?

— YoonGi? - Perguntei e ele soluçou sobre meu ombro, fazendo meu coração apertar. Oh Deus, eu não consigo ve-lo assim.

— Eu não vou lá, eu não quero ver... - Ele falou entre lágrimas e eu assenti acariciando seus cabelos.

— Tudo bem, YoonGi... - Eu falei enquanto observava de longe a roda se formar envolta do caixão, todos vendo-o ser colocado a 9 palmos da terra.

— Ele era muito importante pra mim, Sae... - YoonGi falou e eu fechei meus olhos sentindo o coração dele bater devagar sobre as minhas costas.

— Eu sei... amor. - Disse e me virei envolvendo meus braços atrás dele, YoonGi apoiou sua testa em meu ombro e deixou as lágrimas correram soltas.

Eu nunca havia visto YoonGi tão frágil quanto naquele momento, ele estava fraco, seu toque era frio e sua voz chorosa carregava tristeza me preocupava cada vez mais.

— Queria poder transferir toda essa dor pra mim, você sabe disso... - Completei e ele assentiu. Aquele ambiente só deixava YoonGi com mais peso em suas costas ainda, aquilo o machucava.

Posicionei minhas mãos em suas bochechas e ergui seu rosto vendo os rastros brilhantes que as lágrimas haviam deixado em suas bochechas e seus olhos avermelhados de tanto chorar.

— Quer ir pra casa? - Perguntei olhando em seus olhos, ele pensou por alguns segundos até assentir. — Certo, vamos para casa... você precisa descansar.

Era muita coisa para YoonGi, ver seu próprio pai ser enterrado, ele não aguentaria e eu pressenti isso, envolvi meu braço em sua cintura e o guiei pelo descampado dos túmulos até a entrada do cemitério. Deixado o vento frio secar as lágrimas dele, YoonGi fechou os olhos tentando dissipar aquela dor em seu coração mas, a dor de uma perda é tão forte quanto a de uma bala.

Pedimos um táxi. Eu me sentei no banco de trás e coloquei a cabeça de YoonGi sobre meu colo, enquanto o motorista fazia caminho até a residência de YoonGi, meus dedos brincavam com os fios já não tão coloridos de YoonGi e os olhos do mais velho iriam se fechando os poucos.

Era aquele o meu objetivo, fazer YoonGi esquecer um pouco aquela dor, mesmo que fosse por só alguns minutos. Se eu não podia dividir aquela dor comigo, eu queria, ao menos fazê-lo esquecer-se dela por algum tempo...

DIAMOND 》 SugaOnde histórias criam vida. Descubra agora