• Sixty Seven •

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Eu abraçava YoonGi, nós estávamos sentados na sala de espera, ele respirava rápido e passava as mãos pelos fios desbotados a cada minuto. Meu coração também não estava tão bem mas, o de YoonGi estava pior e eu queria poder tirar aquela dor dele. Queria que eu estivesse a sentir aquilo, não ele.

Então, é disso que se trata o amor? Meus olhos encontraram o rosto pálido e os olhos avermelhados de YoonGi. O fato de eu querer sentir aquela dor por ele? Pus minha mão em sua nuca acariciando seus fios esverdeados. Amor, é a primeira vez que eu tenho certeza que estou te sentindo e... você é tão cruel às vezes.

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Infelizmente o sr. Min não sobreviveu.

Antes que os joelhos de YoonGi pudessem ceder, eu o segurei usando toda a minha força para não deixá-lo cair. Ele chorava, e prendia os gritos de dor em sua garganta, eu sabia que ele o fazia e que ficar ali só o traria mais angústia, ele precisava liberar aquele sentimento.

Sra. Wang e Sara também choravam, contudo, elas pediam explicações para o médico, perdidas em seu próprio desespero, não repararam que eu segurei YoonGi e levei-o até o elevador.

— Vamos sair daqui... - Eu falei e ele me abraçou forte afundando seu rosto em meu pescoço.

O elevador nos deixou no último andar, peguei na mão de YoonGi e subimos uma escada de serviço até o terraço do hospital, era final de tarde, a cirurgia havia durado muitas horas, e foram os piores momentos que YoonGi viveu em sua vida.

Seu pai estava morto e YoonGi não sabia o que fazer, a não ser gritar. YoonGi gritava todos os seus sentimentos de dor para fora, lágrimas ácidas desciam pelas suas bochechas enquanto ele estendia os braços e gritava para o universo. Do terraço daquele hospital sob o céu alaranjado de um por do sol em Seul.

Era para aquilo que eu havia levado YoonGi até lá, ele não podia engolir seus sentimentos como sempre fez, ele tinha que bota-los para fora pois, se não o fizesse, iria acabar enlouquecendo.

— Obrigado... - Ele falou e eu respirei fundo assentindo.

Me sentei no chão do terraço enquanto observava o sol se por atrás dos belos arranha-céus espelhados de Seul, senti uma presença se sentar ao meu lado e YoonGi se juntou á mim pondo sua cabeça sobre meu ombro.

— Quer ir pra casa? - Perguntei e ele negou com a cabeça.

— Só mais alguns minutos... - Ele falou com a voz chorosa.

Então ali ficamos, observando o céu escorrer nos tons amarelo, depois rosa, em seguida o laranja... Até que o sol tivesse se puído completamente e desse espaço para as estrelas no céu.

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Eu estava em casa, sentada no sofá de cabeça baixa enquanto minha mãe brigava comigo, ela dizia algo sobre eu ter saído do colégio sem a permissão dela mas, meus olhos estavam focados na janela que dava visão para o céu noturno estrelado.

Eu me perguntava se YoonGi estaria bem, como aquela casa estaria naquele momento, como a pequena Yuna reagiria ao saber da notícia.

— SaeJin, você está me ouvindo?! - Minha mãe falou firme tirando-me dos meus devaneios.

Tentei esquecer um pouco minhas preocupações com YoonGi e expliquei á minha mãe o que havia acontecido, sobre o hospital e morte do sr. Min.

Oh, eu não sabia... - Minha mãe aprecia arrependida de jorrar todas aquelas repreensões encima de mim.

— Sim, YoonGi está muito mal... - Falei correndo minha mão pelos cabelos. Minha mãe se sentou ao meu lado e suspirou.

— Eu imagino... mas, você me deixou preocupada. - Ela me abraçou vendo que eu mesma não parecia bem.

— Desculpe omma. - Falei e ela colocou uma mecha dos meus cabelos para trás da minha orelha esquerda.

— Posso subir? - Perguntei e ela assentiu.

Me levantei do sofá e segui meu caminho subindo as escadas até chegar ao meu quarto. Me deitei na cama e fiquei encarando o céu negro da minha janela.

Assim que cansei de observar o céu, me levantei pois, a sede me atingia, limpei meus olhos e abri a porta do meu quarto. Desci as escadas de vagar  mas, parei no último degrau quando ouvi a voz da minha mãe vindo da cozinha.

Eu não sei John... Eu estou sem saída, você sabe disso... Não, ela está noiva... Você não precisa decidir nada, eu sou a mãe dela e eu estou aqui com ela... Eu falarei com ela no momento certo. Fale comigo depois.

Olhei pela fresta da porta e vi minha mãe desligar o telefone e apoiar na bancada da cozinha com uma expressão triste em seu rosto, ela pôs as mãos sobre o rosto e respirou profundamente.

Ela estava falando de mim e... John... com meu pai.

Eu queria perguntar à ela o que ela falava com ele e perguntar o porquê dela não ter me avisado que ele ligara para saber notícias nossas... ele nunca liga. Eu sentia um pouco de saudade dele, por mais que ele não tenha sido tão presente na minha vida nos últimos anos, ele ainda era meu pai e eu queria falar com ele. Ela devia ter me avisado mas, optou por não fazê-lo. Por que?

A expressão da minha mãe era de preocupação e eu queria ir até ela para cessar as minhas duvidas mas, meu corpo não respondeu aos meus comandos, me mantive parada vendo minha mãe encarar o telefone sobre a bancada da cozinha tentando organizar os pensamentos, como eu bem conhecia ela, era claro que algo estava a proeocupando.

Assim que ela se virou eu senti meus movimentos me obedecerem e virei as costas, subi as escadas de volta até meu quarto. Deitei em minha cama e me cobri ouvindo os passos da minha mãe se aproximarem da porta do meu quarto.

Me virei para a parede ao lado da minha cama e ajeitei o travesseiro, fechei os olhos rapidamente e ouvi a porta do meu quarto ser aberta, uma fresta de luz, vinda do corredor, iluminou o cômodo e eu senti um peso sobre a cama.

Minha mãe tocou meus fios castanhos acariciando-os, como ela fazia quando eu era menor, minha respiração foi se tornando mais devagar a cada segundo que ela fazia carinho sobre minha cabeça.

— Ah querida... - Ela começou pensando que eu estava em sono profundo. — Está sendo tão difícil, eu não quero me separar de você... Eu não quero te separar dele.

Aquelas palavras entraram em minha mente e se antitérmico nela por toda a noite. Separar... Por que?

DIAMOND 》 SugaOnde histórias criam vida. Descubra agora