• Thirty •

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N/A: Feliz natal! Talvez vocês tenham uma surpresa hoje, quem sabe?

Eu sabia que não podia acreditar nele, eu sabia que as palavras dele eram ilusórias, e ainda sim, eu quis acreditar que ele sentia algo por mim. Garotas, seres tão estranhos, com sentimentos fortes, por mais que algumas não pareçam, são frágeis.

Eu precisava esfriar a cabeça, me afastei da área com pinheiros e acabei chegando no litoral, observava o lago prata por causa do reflexo do céu enquanto meus pés passava sobre a areia. Cheguei até a margem e senti a água chegar em minhas canelas.

Estava gelada, completamente gelada, muito diferente de hoje de manhã, ignorei a temperatura e desci um pouco, deixando que a água tocasse parcialmente minhas coxas. Alisei a superfície da água causando algumas leves ondas e bagunçando o reflexo do céu.

E então eu mergulhei, a temperatura do meu corpo, a raiva e a vontade de chorar se dissiparam naquele momento, movimentei-me, abri meus olhos e consegui ver o fundo do lago, era um pouco escuro mas eu conseguia ver a luz da lua transpassar pela superfície e chegar até mim.

Minhas roupas flutuavam assim como meu cabelo, soltei um pouco de ar e nadei sentindo minhas roupas e cabelo se moverem na água de acordo com meus movimentos.

Assim que o ar começou a me faltar, eu emergi e inspirei, boiei um pouco e percebi que o céu já estava rosado, estava prestes a amanhecer, nadei até a margem e me deitei na areia enquanto observava a coloração mista entre as nuvens...

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Acordei ao sentir meu corpo ser remexido e meu nome ser chamado. Assim que abri meus olhos vi o sorriso de um garoto, mas foi tão rápido quanto ele puxou para um abraço.

— Sae, você está bem? - Ouvi uma voz diferente e me afastei.

Era Namjoon, limpei meus olhos e inclinei meu tronco me apoiando com os cotovelos atrás.

— Namjoon...? Hm, bom dia. - Eu falei e forcei um sorriso.

— Você me assustou, não está com frio? Está uns dezenove graus  aqui fora. - Ele disse, era por isso que a água estava tão fria noite passada.

— Um pouco, eu não sinto muito frio. - Falei e ri, ele suspirou e baixou o zíper do moletom cinza. — E-Ei não preci-

A peça já estava sobre as minhas costas, eu queria recusar mas minhas pernas se encontravam arrepiadas por causa da temperatura e aquele casaco estava quentinho. Eu sorri em agradecimento.

— Como você veio parar aqui? - Namjoon perguntou me ajudando a levantar.

— Eu... eu queria dar um mergulho. - Eu falei dando ombros, ele me olhou com a expressão de repreensão, pois sabia que eu estava mentindo. — E acabei adormecendo no litoral.

— Ok, vamos passar na sua barraca para pegar algumas roupas secas... - Ele aconselhou e eu assenti, assim que chegamos na área das barracas, a maioria dos alunos estavam lá reunidos, conversando ou comendo algo.

Todos pararam de fazer o que estavam fazendo para me olhar, curiosos e críticos, como os daquele dia no colégio.

— Perderam alguma coisa aqui?! - Namjoon perguntou cerrando as sobrancelhas e todos trataram de, rapidamente, prestar atenção em outro canto, que não fosse nós.

Caminhamos mais um pouco até que por um milésimo de segundos eu encontrei Suga, ele parou na minha frente, sua expressão preocupada deu lugar para uma desconfiada. Ele tinha o crucifixo nas mãos.

— Sae... - Ele disse, eu ri baixo e fiz sinal negativo com a cabeça, como se não aprovasse o que ele tinha feito. Ele não tem o direito de olhar na minha cara depois da noite passada.

— Vamos, Namjoon. - Seguimos nosso caminho até minha barraca, limpei uma lágrima singela antes que ela caísse dos meus olhos e parei enfrente a minha tenda.

— Foi ele, não foi? - Namjoon perguntou, eu suspirei e tirei o casaco dele o entregando para o dono.

— Sim mas já sabia, eu já esperava isso dele, então não faz diferença, não mais... - Falei e sorri fraco.

— Se eu e os garotos pudermos fazer algo por você, é só avisar tudo bem? - Ele perguntou e eu assenti...

Depois de tomar um banho no banheiro das meninas, que consistia em uma casinha de madeira com três chuveiros e três cabines, com um vestido talhado na porta, troquei de roupa. Pus uma calça de moletom azul escura e uma regata branca, calcei meus converse's também brancos e me dirigi para a fogueira.

O clima estava frio, havia um pouco de névoa entre os pinheiros, os alunos estavam reunidos comendo o café da manhã, com "café da manhã" eu quero dizer só uma banana para cada um. Sorri fraco com o pensamento e me sentei ao lado de Shuna.

— Eu preciso da minha melhor amiga. - Falei pondo minha mão sobre a dela, Shuna estava me ignorando desde a noite passada e depois do que aconteceu eu precisava abrir o jogo com ela.

Ela virou o rosto e viu os meus olhos brilhando por causa das lágrimas acumuladas, ela segurou meu rosto e eu rolei meus olhos para Suga, ela entendeu a minha mensagem e assentiu, nos levantamos e saímos daquela área.

Longe, sobre uma pedra, perto da margem do lago eu chorava enquanto abraçava Shuna, solucei e ela alisava minhas costas pedindo para eu me acalmar e contar á ela o que havia acontecido.

Foi o que eu fiz, contei sobre a noite passada e contei sobre sentimento que estava descendo descontroladamente em mim.

— Sh-Shh... Está tudo bem... - Ela tentou me consolar, cobri meus olhos sentindo as lágrimas esquentarem minhas bochechas frias.

— Você tinha me avisado, eu devia ter te escutado... Me perdoe, por favor... - Falei abraçando a cintura dela e chorando em seu colo.

— Não se preocupe com isso agora... Ele não te merece, você é linda, inteligente, tem um ótimo gosto para música...

Eu ri baixo e ela acariciou meus fios castanhos, criando uma trança com eles... Lá estava eu, chorando por um idiota, eu sabia que terminaria assim, tenho que assumir as conseqüências...

— Garotos vem e vão, mas as amigas, Sae, elas estarão aqui.

Aquela frase foi o suficiente para eu exterminar a sede na África com as minhas lágrimas. Shuna tem razão, garotos nos quebram, as amigas estarão lá para juntar nossos pedaços de volta...

Era hora de ir embora, depois que todos já haviam desmontado suas barracas, entramos no ônibus. A chuva forte atingia as janelas do ônibus e suas gotas escorriam na vertical, Hyun estava dormindo na poltrona ao meu lado, Shuna e Kwang se encontravam na frente.

Diferente da vinda, naquele momento do fundão se ouvia apenas o som do ronco de Hoseok... brincadeira, ele não ronca, mas o silêncio era predominante, não só no fundão, como no ônibus inteiro, para muitos era por causa do clima de volta de passeio, pra mim... era por causa de Suga.

DIAMOND 》 SugaOnde histórias criam vida. Descubra agora