Quando Você Apareceu

8° Capítulo

Extraordinário. Milagre. Algo que divide sua vida em primeira parte e segunda parte. Eu já comentei sobre isso, lembra?

Eu disse que nunca deixaria ele escapar. Mas e se ele escapar de mim, e se quando eu estiver de costas, ele simplesmente desaparecer?

Alguns vão parar, sentar e chorar. Eu digo que é o mais comum e o mais cômodo. Os outros, poucos, porém corajosos, vão correr atrás de seu milagre. E eu vou fazer isso.

--Philipe mora aqui perto. Vamos.

Andamos até um prédio de cinco andares, com um aspecto antigo, na verdade rústico era a palavra certo. Entramos, ninguém à vista, subimos as escadas até o terceiro andar. Apartamento 312. Tudo ali parecia ter parado no tempo. Nathan bateu ma porta duas vezes.

Então a porta se abriu e pude um japonês alto e magro.

--Nathan! Petros! E você?

--Grace, esse é minha...--Nathan ia dizer alguma bobagem então apertei sua mão.

--Sou Grace, --coloquei a mão ao lado da boca para que Nathan não pudesse ver e disse-- ele me sequestrou.

--Ah, claro! Entrem. --adentramos no apartamento. Parecia que tínhamos nos transportado para outro lugar. Tudo ali era muito moderno, tudo parecia de última geração, ao contrário do prédio em si. --Grace, gostaria de uma água?

--Sim, obrigada.

--Philipe, precisamos daquela encomenda que eu te pedi da última vez que nos falamos. --Nathan e Petros estavam analisando um aparelho de som, enquanto eu estava sentado no sofá.

--Claro, está encima da mesa.--disse Philipe na cozinha.--Aqui sua água.

--Obrigada.

--Philipe, se encomodaria em ceder seu tão moderno apartamento para dois caras procurados pela polícia e uma dama indefesa?

--Oi?

Os três riram. Parecia crianças conversando, fui até a janela e fiquei olhando. Papai.

Peguei meu celular em minha bolsa e mandei uma mensagem para ele.

Olá papai,
Decidi tirar uns dias de folga. Estou trabalhando muito. Não se preocupe, estou bem. Não há muito sinal, então talvez se o senhor ligar eu não atenda. Eu não sei quando eu volto. Mas te ligo assim que souber.

Beijos, Grace.

Pronto.

--Grace?

--Oi Nathan.

--Vem, vamos comer.

Ele haviam pedido um pizza. Comemos e começamos a arrumar as coisas. Dormiríamos aqui e iríamos cedo para outra cidade ver um amigo de Petros. Foi o que Nathan me disse.

No quarto, dormi na parte de cima do beliche, enquanto Nathan na parte de baixo. Petros dormiu em uma cama de solteiro.

Demorei para dormir, e quando finalmente estava quase dormindo, fiquei com sede. Droga. Me levantei e fui até a cozinha tentando ser o mais silenciosa possível. Bebi a água e quando ia saindo para a sala, bati em algo. Levei um susto e quase cai no chão.

--Grace! Calma aí!

--Nathan, que susto!

E ele começou a rir. E então ri também. Encostei minha cabeça em seu peito e ele pôs sua cabeça sobre a minha.

--Você é maluca. Vem.

Então fomos cada um para sua respectiva cama. E dormi. Feito uma pedra.

.......

A primeira coisa que vi quando acordei no outro dia foi o Sol. A segunda foi um pedaço de papel.

Grace,

Eu lamento muito por ter te envolvido nisso.
Eu gostaria de ter te conhecido em outra ocasião. Em outra vida talvez.
Eu não sou bom com palavras. Deve ter percebido isso. Estou fazendo o que acho certo, te deixando fora disso. Volte para casa. Não tente me procurar, meu irmão e eu nos envolvemos com pessoas perigosas, e eu não quero que eles machuquem você. Não quero que eles estraguem mais sua vida, mais do que eu estraguei.
Grace, eu sinto muito. Sou um covarde por não dizer isso cara a cara para você. Se por um milagre isso acabar bem e você não me odiar, ainda poderei te levar para jantar.

Nathan.