Quando Você Apareceu

24° Capítulo

Os dias foram passando mais depressa do que eu gostaria. Boa parte de minha vida tinha voltado ao normal. Havia recuperado meu emprego, estava no meu apartamento com minha gata...

Todos os dias depois do trabalho, ia cuidar do meu pai. Ao contrário de mim, sua ferida estava se curando rapidamente, já a minha estava cada vez mais funda.

O vento gelado de dezembro só me relembrava o vazio que sentia depois que voltei para casa. A neve caía, e, ao contrário dos filmes, não era tão divertido.

Cada manhã, quando ia trabalhar, ficava olhando para os lados, tentando achar Nathan. Mas só haviam pessoas cheias de casacos e gorros, correndo para chegar ao trabalho ou à escola.

Algumas pessoas se voluntariam para decorar a cidade, o Natal estava próximo, e meu lado esquerdo do peito vazio, então Meredith escreveu meu nome na lista de voluntários e eu sei que ela apenas fez isso porque sabe que estou triste. Mas eu não estava nem um pouco empolgada para pendurar luzinhas e estátuas brilhantes.

-Grace, pode pegar a caixa dos sinos no caminhão, por favor? -me pediu Henry, outro voluntário. Trabalhávamos juntos na decoração da prefeitura.

-Claro. -caminhei sem ânimo até o pequeno caminhão onde levávamos as decorações, peguei a caixa e o ajudei a colocar os sinos nas portas.

-Sabe, não quero te assustar, mas acho que aquele homem está te olhando há alguns minutos.

Virei minha cabeça para a outra calçada. Lá estava ele, acenando para mim.

-PETROS! -Gritei correndo e o abraçando forte. -Como você está?

-Estou muito bem, finalmente aproveitando a liberdade. E você? O que tem feito?

-Nada de mais, você sabe, cuidando do meu pai, trabalhando, ajudando a transformar a cidade no cenário de um desenho infantil... -respondi irônica.

-Tem razão, esse papai noel com roupa de roxa parece o Barney. -observou ele.

-Você veio sozinho? Onde está Nathan? -finalmente perguntei.

-Ele está, como sempre, planejando alguma coisa. Me pediu para te entregar isso. -peguei o papel de suas mãos, era um convite.

Senhorita Walker,

É com grande satisfação que o Restaurante Craft a convida para nosso jantar especial de Natal.
Informamos também que nesta comemoração natalina nosso melhor pianista, Willian Bernoit, estará tocando seu melhor repertório. Vista-se a rigor e venha desfrutar das maravilhas da nossa gastronomia.
Sua reversa está marcada para o dia 15 de Dezembro, às 21:00 horas. 

Com os cumprimentos do Chefe Theodore Pitcher.  

Li e reli o convite várias vezes. Finalmente iríamos jantar. Me lembro da primeira vez que ele disse isso.

*flashback on*

--Nathan, você passou dos limites.

Ele havia me tirado do meu dia de folga, acordado os outros pacientes e  gritado feito louco. Eu estava brava, muito brava.

--Grace. -a forma como o som do meu nome sai pela sua boca faz com que eu queria escuta-lo todos os dias.

--O que?

--Eu vou te levar para jantar. Mesmo que tenha que te sequestrar.

*Flashback off*

É engraçado pensar como todas as coisas aconteceram tão rápido. Como tudo que eu tinha antes não era o bastante sem ele.

Tirei meu olhos do convite e olhei para Petros. Ou para o lugar onde Petros estava antes de desaparecer. Sumiu. Do nada.

Coloquei meu convite na bolsa e não o tirei de lá até chegar em casa. Dia 15. TRÊS DIAS!

-Meredith, é uma emergência e eu confio no seu senso de estilo. -liguei para Meredith, eu precisava de alguém para dizer o que vestir e não vestir.

-AH MEU DEUS! MINHA AMIGA TEM UM ENCONTRO! -Gritava ela do outro lado da linha. -Chego aí em vinte minutos.

Quando minha amiga finalmente chegou, expliquei sobre Nathan.

-Você não pode deixar um homem desse escapar. Você precisa estar magnífica!

Então fizemos a coisa que eu mais detesto e que ela mais ama. Compras. Entramos em, pelo menos, oito lojas até achar uma pequena e aconchegante. Uma em que a vendedora não ficou se senguindo por todos os lugares e me oferecendo vestidos como uma avó oferece comida.

Depois de vinte e seis vestidos, sim eu contei, parecia que eu tinha achado o escolhido.

Saí do provador e olhei para Meredith. Sua boca em perfeiro círculo significava que era realmente esse.