15° Capítulo

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Quando recebemos uma rasteira da vida, não podemos permanecer no chão, temos que levantar e começar a lutar, porque a vida não vai parar e esperar você se recompor, ela continua.

Eu sei que às vezes pode parecer impossível continuar, mas alguém no mundo precisa de você.

Estava procurando pelo carro quando fui surpreendida por alguns homens armados, me prenderam no porta malas, perdi a noção de quanto tempo fiquei lá.

Quando finalmente pararam, colocaram um saco preto tampando minha cabeça, andamos por alguns minutos até um tipo de galpão (onde estou agora) e me amarraram em uma cadeira, como nos filmes.

Estou aqui há duas semanas, só bebendo um pouco de água e pedaços minúsculos de pão. Até agora, não consegui descobrir aonde posso estar, e quem são essas pessoas, porque eles sempre estão com máscaras. Depois de todo esse tempo, alguém abre a porta do galpão e entra com dois homens com sacos pretos na cabeça, Nathan e Petros. Amarram-nos numa cadeira igual a mim e tiram os sacos.

Nathan olha para mim assustado e silaba "sinto muito" e respondo "a culpa não é sua".

--Olha só o que temos aqui, um traficante em busca de vingança, seu irmão gênio porém ingênuo, e uma enfermeirazinha que acha que está fazendo o certo. Vocês acham que podem ganhar do Ambrogino?--diz um homem alto e magro, ele tem sotaque italiano.

--Alonzo... --Nathan foi interrompido por um soco no rosto. Petros se remexe na cadeira e se controla para não dizer nada e levar um soco também, eu não consigo olhar para ele então fecho os olhos.

--Mais alguém? --Espera uns seis segundos e continua-- Muito bom, o patrãozinho chegará em breve.

O jeito com que Alonzo diz 'patrãozinho' parece como se estivesse caçoando dele.

Finalmente abro os olhos e vejo Nathan. Silabo "sinto muito" e ele responde "a culpa não é sua" reproduzindo minhas próprias palavras.

Alonzo puxa Nathan até uma sala, depois Petros e finalmente eu. Estamos soltos aqui, é tão estranho dizer isso porque parece que somos animais. O quarto é muito pequeno, sujo, e escuro por causa da minúscula e única janela.

A primeira coisa que faço é desabar nos braços de Nathan, choro muito até que ele me olha nos olhos, passa a mão no meu cabelo e diz:

--Não vai ser sempre assim. Nesse quarto, nesse lugar. Eu te prometo, vou tirar a gente daqui.

Eu apenas assenti com a cabeça.

Me aninhei a Nathan enquanto Petros andava de um lado pada outro do quarto. Passamos cerca de duas horas naquele lugar até que ouvimos barulhos do lado de fora.

--Abra.

Então a porta foi aberta por Alonzo, e o mesmo homem que vi pelo olho mágico no hotel entrou na sala. Ambrogino. Ambrogino Rodriguez, um dos maiores mafiosos dos Estados Unidos, um dos mais procurados pela polícia nacional e internacional.

--Meus velhos amigos, meus irmãos preferidos. E olha só, temos uma bella donna*. --então se virou para mim e disse-- Mi scuso per il modo in cui ho trattato il mio amico**.

--Io non credo***. --respondo.

--La bella donna può parlare in italiano****. --levanta uma sobrancelha, como se estivesse meio em dúvida meio debochando de mim.

--Patrão, --e dessa vez, Alonzo diz com respeito-- está na hora de ir.

Então Ambrogino sai e Alonzo fecha a porta novamente. E estamos sós novamente.

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Nota do capítulo:
*Bela mulher;
**Me desculpe pela maneira como meu amigo te tratou;
***Não acredito em você;
****A bela mulher sabe falar em italiano.

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