23° Capítulo

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Perder alguém que você ama nunca é fácil. No meu trabalho, preciso não me abalar com as mortes que acontecem. Porém, quando a morte chega para pessoas que conheço, isso me afeta de uma forma que eu não consigo entender.

Nunca fui boa em lidar com a morte. É difícil entender que você nunca mais vai ver essa pessoa, nunca vai falar com ela, nem abraçar, nem nada. Ela só existe nas nossas memórias, mas isso é insuficiente.

Naquele momento, o mundo interio não existia mais, não sentia o chão sob meus pés. Minhas pernas se tornaram como finos galhos, se um vento sopasse, eles cairiam do chão. O ar faltava, como se eu estivesse em uma montanha muita alta.

Alonzo estava no chão, morto. Um tiro bem no coração. Ambrogino também havia levado um tiro, porém, este acertara seu braço esquerdo. Meredith estava no chão, estancado a ferida, como uma boa enfermeira.

E por fim, meu pai. Um tiro no tórax.

Me atirei no chão ao seu lado, rasguei sua blusa estancando a ferida. Hora de tentar ser profissional.

-Me desculpe, não consegui proteger você... -Ele tentanva falar, porém, tapei sua boca para que ele não se engasgasse com sua sangue.

-Nathan! Chame uma ambulância. -digo rapidamente.

Nathan já havia ligado para a ambulância minutos atrás. Talvez eu tenha paralisado com a cena.

Petros estava sentado conversando com Ambrogino, provavelmente retirando dele toda a verdade sobre as drogas antes que ele morresse.

As próximas horas passaram em câmera lenta e ao mesmo tempo num segundo só.

As ambulâncias chegaram, fui com meu pai, Meredith foi com Ambrogino e os irmãos foram com a polícia.

Meu pai passou por uma cirurgia e agora estava dormindo na UTI. Seu estado era grave e ele precisava ficar em observação durante alguns dias. 

A polícia não tardou a chegar, me levaram para que eu pudesse dar meu depoimento. E eu o dei, várias e várias vezes repeti nossa história. Eles não acreditaram como eu pude largar tudo que eu tinha para ajudar dois desconhecidos. Talvez pensaram que eu era louca, e talvez eu fosse.

Quando Nathan foi finalmente liberado, o abracei fortemente.

-Eles estam ouvindo a gravação. -passava a mão pela cabeça.-  Ambrogino confessou tudo. Precisamos passar por mais alguns depoimentos, mas as confissão nos inocenta de tudo.

Nathan me beija com vontade.

-Finalmente vou te levar para jantar como um homem livre.

...

-Nathan, precisamos conversar. -digo, receosa. Conversas que começam  assim nunca terminam bem.

Meu pai finalmente recebeu alta. Eu precisava o levar para casa. Meredith descobriu que Ambrogino era seu pai biológico, porém eles não conversaram muito, já que ele foi preso assim que recebeu alta. Ela voltou para Belleville, e continuou sua vida. E era isso que eu iria fazer.

Estávamos caminhamos por um parque em Chicago. Nathan estava esperando sua sentença sair, então ele não poderia sair da cidade. O clima estava frio, novembro estava a caminho.

-Eu já sei o que vai dizer. -para de andar e se vira de frente para mim- Tudo bem.

-Mas... -suspiro- Você sabe, meu pai precisa de mim mais do que nunca. Eu preciso leva-lo para casa, ele precisa dos meus cuidados... 

-Eu também preciso. -cola nossas testas e susurra. Me olha com aquele famoso olhar do Gato de botas.

-Por que isso tem que ser tão difícil? Não posso abandonar meu pai, mas também não quero te abandonar.

-Grace, tudo bem você ir. Seu pai precisa de você mais do que eu. -Ele se vira de lado novamente. Está bravo, tenho certeza. Eu estaria no lugar dele.

-NATHAN MILLER. -Digo alto e ele se vira assustado para mim. -Me prometa que a primeira coisa que fará quando você for inocentado será me levar para jantar.

Ele sorri. Não como eu queria, mas sorri. O abraço fortemente, sei que vou sentir falta disso. As lágrimas caem fora do meu controle. Ele se vira de frente para mim e as enxuga o dedo, beija minha testa e entrelaça nossos dedos.

-Quando você vai? -pergunta.

-Am...  Amanhã. -digo com medo da resposta.

-AMANHÃ? Bom, então só temos hoje e...  -começa a falar sozinho, calculando nos dedos algum plano.

-O que está tramando? -pergunto curiosa.

Olha para mim por um instante e volta a falar sozinho. Se não o conhecesse diria que é algum tipo de louco.

-Você está me assustando, diga alguma coisa. -digo brincando.

-Hoje, mademoiselle, você terá a honra de profitez de la nuit avec moi*.

-Não sabia que falava francês.

-É que estou tentando ser romântico.

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Nota do capítulo:

*Aproveitar a noite comigo.

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