2° Capítulo

581 30 7
                                    


Em um certo momento da vida de cada um, acontece alguma coisa que muda completamente o restante dela. Algo extraordinário, alguns dizem que é até um milagre. Em um dia especial, em uma hora especial, algo acontece, que esse acontecimento fica marcado para sempre.

De fato, isso acontece com todos nós, em diferentes épocas, para alguns, quando são crianças, para outros quando já são adultos. Mas eu acredito, que não importa de onde venhamos, todos temos o direito de um milagre. E no meu caso, meu milagre, meu algo extraordinário, seria hoje.

Ninguém acorda sabendo que hoje será o dia do seu milagre. Acordamos normalmente, fazendo tudo o que sempre fazemos em um dia comum. Até que acontece.

--Grace, você já bateu seu ponto?

--Ah, é mesmo! Obrigada Georgia. --Bato meu ponto e escuto a sirene, respiro fundo, e estou pronta para começar o dia.-- O que temos aqui?

--Nathan Miller, vinte e sete anos, ferimento à bala.

--Obrigada John, tragam ele para cá.

Colocaram ele na sala de cirurgia e a equipe começou a fazer o procedimento de retirada da bala.

--Senhor, terei que te anestesiar durante o processo.

E no então momento que terminei de anestesia-lo, não pude deixar de reparar em como ele parecia alguém que eu conhecia. Estranho.

Após a retirada da bala, o colocamos no quarto, onde fiquei encarregada de fazer as perguntas para colocar na ficha dele.

--Olá senhor Miller, como está se sentindo?

--Cansado. Eu tenho que ir para casa e...

--O senhor acabou de passar por um procedimento cirúrgico! Não pode ir embora ainda! Tem que ficar em repouso. Preciso completar sua ficha.

--Procedimento cirúrgico? Vocês médicos sempre complicam tudo, --disse em um tom de brincadeira. -- por que não dizer apenas cirurgia?

Sorri. Eu estava tão acostumada com o vocabulário médico...

--Bem senhor Mil...

--Nathan.

--O que disse?

--Meu nome, não precisa me chamar de senhor.

--Ah... -- engoli em seco --Como estava dizendo, preciso completar sua ficha. --pausa-- Como foi que o se... Você levou um tiro?

--Eu não posso dizer. É confidencial.

--Assim eu não posso proceder. Vou escrever então... --e escrevi que o paciente prefere não comentar sobre o acidente.

--Proceder? Está brincando comigo?

Dessa vez não pude contar a risada.

--Eu sabia que vocês médicos complicavam, mas não achei que fosse chegar a este ponto.

--Não sou médica. Sou enfermeira.

--Ah, me desculpe enfermeira.

--Por que você faz isso, sempre brinca com tudo o que as pessoas dizem? --estava começando a ficar irritada com essas piadinhas.

--Seja a mudança que deseja ver no mundo.

--Eu disse isso na minha formatura.

--Achei que tivesse sido Gandhi.

--Bem, senhor engraçadinho, você terá que passar a noite aqui. Você ficará em obervação.

--Se eu apertão o botão da emergência você vai vir me socorrer?

--Desculpe atrapalhar seus planos, mas meu turno é de doze horas.

--Ah. Tudo bem, se é assim, eu vou me acidentar mais vezes.

--Por favor, não faça isso. --agora, além do vovô Johnson, tenho um palhaço apaixonado por mim. Modéstia parte. Dou uma risada do meu pensamento...

--Está preocupada comigo?

--Claro, eu me preocupo com com meus pacientes.

--Anote aí, porque eu ainda vou ser mais que seu paciente.

--Olha, eu agora eu tenho que ir.

Então eu estava me levantando quando Nathan, segurou a minha mão. E eu senti, o mesmo que eu senti no sonho, o mesmo toque.

--É você...--eu disse baixinho.

--O que disse?

--Grace, pode vir aqui por favor?

Saio da sala e fecho a porta atrás de mim. Meredith quer alguma coisa, conheço esse tom de voz.

--O que deseja madame? 

--Nossa, eu sou tão previsível assim?

--Diga logo...

--Pode me substituir no turno da noite hoje?

--Ah... Está bem, mas eu vou anotar...

--Obrigada amiga! Fico te devendo essa!

Quando Você Apareceu Onde histórias criam vida. Descubra agora