20° Capítulo

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Musicalmente, cacofonia significa uma mistura de sons discordantes ou desafinados.

Erudito. Alguém que tem vasta cultura, muito conhecimento sobre algum assunto. É um adjetivo que pode estar relacionado à música, à leitura, ou à cultura em geral.

Essas duas palavras podem descrever muito bem o que iria acontecer neste fatídico dia. Sozinhas e sem um contexto, são palavras comuns, e talvez até desconhecidas, porém, quando juntas num contexto como esse, elas podem significar muito.

Dormimos num abrigo. Nathan garantiu que ninguém ali iria nos denunciar, já que muitos eram criminosos, como achavam que fossemos. Também tínhamos Petros, digamos que ele é um "segurança".

Ficamos até tarde acordados planejando como iríamos entrar no apartamento e roub... Bem, as escutas eram nossas, então não é roubo.

-Entramos pelo estacionamento, vamos pelas escadas, afinal, ninguém usa as escadas quando se tem elevador... Enfim, no décimos andar, eu entro pelo duto de ar no apartamento deles e vejo se está vazio. Se eu não aparecer em dez minutos com a resposta vocês tem que ir embora... -apontava para a planta que tinha feito baseado nos seus conhecimentos de arquitetura.

-Nathan, não! Eu não vou deixar você fazer isso. Eu que comecei isso, e eu que vou terminar...

-Irmão, pense um pouco! Você é muito... Grande? O duto de ar é uma coisa frágil e...

-Parem os dois. Eu vou. Nathan tem razão, o duto de ar é uma coisa frágil e precisamos tomar cuidado com ele, por isso precisam de alguém delicado.

-Ela tem razão. Porém acho muito arriscado, e se você cair? -questiona o irmão mais velho.

-Eu não vou cair. Petros, você não pode ir porque se eles pegarem você, nem quero pensar na ideia. E Nathan, você também não pode ir porque é o cérebro disso aqui. Sem ofensas grandão.

...

Esperamos em frente ao prédio esperando que um carro saísse para que pudéssemos entrar.

Quando um carro azul finalmente saí, Nathan faz um sinal positivo. O carro saí e nos agachamos para entrar no estacionamento, caminhamos na mesma posição por trás dos carros até chegarmos na saída de incêndio.

-Certo. Antes de irmos... Grace, quero que tenha muito cuidado. - fala Nathan.

-Pode deixar. -as palavras saíram calmas, porém, eu estava fervendo de ansiedade por dentro.

O caminho até o décimo andar foi mais rápido do que eu esperava. Nathan abriu a grade de proteção, esitei em dar o primeiro passo até o duto.

-Grace, não precisa fazer isso se não quiser. -Petros tentava me tranquilizar, porém eu já tinha virado uma pilha de nervos.

Boa sorte foi a última coisa que ouvi Nathan pronunciar antes de o puxar para um abraço apertado.

Entrei no duto. O vento gélido fez com que eu me arrepiasse, mas não fez com que o minhas mãos parassem de suar. Que sorte que não tenho claustrofobia.

Sinto o vento ficar ainda mais gelado então sei que estou bem acima do apartamento. Rastejo mais alguns metros e finalmente, o que eu mais temia aconteceu. Os dutos fraquejaram e minhas mãos também, e assim, eu caí de cara com o chão. Que carpete!

O barulho foi inevitável, me encolhi em resposta esperando que alguém viesse, mas ninguém apareceu. Esperei, esperei mais um pouco e ninguém apareceu.

Obrigada! Muito obrigada! Falei comigo mesma, agradecendo aos céus por não ter ninguém em casa.

Olhei ao redor. A sala era rústica e elegante, pinturas de Ambrogino por todas as paredes de pedra, uma estante de madeireira repleta de livros e mais livros em italiano, a luz amarela combina perfeitamente com o lugar, assim como o cheiro de charuto! Tudo naquela sala estava em perfeita ordem, se não fosse por uma caixa aberta sobre a mesa.

Olhei a caixa. Não podia ser tão fácil assim, as escutas estavam ali! Coloquei todas no bolso do moletom e escuto um barulho muito alto. Algum tipo de apito ou alarme, tampo meus ouvidos porém o som é alto de mais.

-Segure minha mão! -grita Nathan do duto.

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