Quarenta e quatro

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Duas semanas se passaram e eu estava agora deitada na minha cama com um termómetro na boca para medir a febre com a minha mãe ao meu lado.

-Como te sentes?-ela perguntou pela milésima vez.

-Eu já estou bem-bufei.

-Não me parece que estejas bem filha...-a minha mãe falou olhando para o termómetro-não quero que saias da cama, estás com febre e....

-Pára mãe....-revirei os olhos-eu já disse que estou bem.

-Bolas Lara, és uma teimosa...-a minha mãe levantou-se-eu agora preciso de ir dar de mamar à tua irmã e quando voltar quero te ver deitada nessa cama, percebeste?

-Claro...é Lyra para aqui e Lyra para acolá...-cruzei os braços e bufei.

-Filha...-ela aprximou-se.

-Vai embora...-cobri a cabeça-tens de ir dar de mamar à tua filha.

Ouvi a minha mãe suspirar e então sair do quarto. Saí debaixo dos cobertores e sentei-me na cama. Mas o que é que se passa comigo?! Eu não sou assim. Eu não costumo ser tão ciumenta. Aff... Senti algo mal dentro de mim e quando dei por mim estava a correr em direção à casa de banho onde logo me debrucei na sanita e comecei a vomitar. Eu sinto-me tão doente, tão frágil e debelitada ao mesmo tempo que já nem sabia o que fazer. A minha mãe já tentou me levar ao hospital, mas eu não quis. Tenho-me sentido sozinha nestas últimas duas semanas e o porquê?! O Liam tem estado distante, mas não sei o motivo. Às vezes mando-lhe mensagens, mas ele não responde. Outras vezes ligo-lhe e as nossas conversas são curtas, pois ele dá sempre a desculpa do trabalho. E quando quero estar com ele, ele simplesmente diz que está cansado. Eu já não sei o que fazer mais. Não sei se ele já se cansou de mim, não sei se ele já não gosta de mim ou se eu fui somente uma curte para ele. Eu não sei de nada. Enfim...lavei os dentes e voltei para a minha cama onde estive grande parte da manhã a pensar no Liam e em mim, em nós. De tanto pensar acabei por adormecer.

(....)

Acordei com o cheirinho a comida. Ai aquele cheirinho bom abriu-me o apetite. Levantei-me da cama, vesti o meu roupão e calcei os meus chinelos e então desci até à cozinha onde encontrei os meus pais com a minha irmã.

-Oi...-sentei-me numa cadeira.

-Como te sentes?-perguntou o meu pai.

-Melhor-assenti com a cabeça mesmo sabendo que isso não era verdade.

-Nós depois precisamos de ter uma conversinha as duas-foi a vez da minha mãe.

-O que é que eu fiz desta vez?-olhei para ela.

-Isso eu ainda não sei, mas quero descobrir-ela olhou nos meus olhos e eu confesso que tive um pouco de medo com aquele seu olhar.

-Vamos comer?!-o meu pai colocou o almoço em cima da mesa e logo de seguida sentou-se. Já a minha mãe fez o mesmo deixando o carrinho de bebé ao seu lado com a minha irmã a dormir tranquilamente.

Começámos a comer e eu juro por tudo o que me é mais sagrado neste mundo que a comida me estava a saber divinamente bem. Parecia que já não comia há uns quinze dias, eu realmente estava esfomeada. Ouvi um risinho vindo do meu pai e quando olhei para ele reparei que ele estava mesmo a rir de mim.

-O que foi?-falei de boca cheia.

-Estou a rir das tuas figuras-ele riu ainda mais alto-que gulosa, sais à tua mãe.

Eu ri também das suas palavras e então olhei para a minha mãe, mas o meu sorriso morreu na hora que olhei para ela. Ela olhava para mim com uma cara preocupada, assustada e chateada ao mesmo tempo que eu nem sabia o porquê de ela estar assim com aquela cara. Desviei o meu olhar do dela e continuei a comer. Os minutos íam passando e com eles a hora de almoço também. Quando acabei de almoçar fui logo para o meu quarto pois já me estava a sentir mal outra vez. Acho que foi de comer tanto e daquela maneira. Eu e a minha mania de ser gulosa. Sentei-me na minha cama e tentei ligar para o Liam, mas....ele não me atendeu. Fiquei uns segundos a olhar para aquele maldito telemóvel quando vi a minha mãe sentar-se à minha beira na cama.

-Como te sentes?-ela olhou para mim.

-Nada bem-falei aborrecida-sabes o que se passa com o Liam? Eu já lhe tentei ligar e mandei mensagens, mas ele não me tem respondido ou retribuído as chamadas.

-A Kate disse-me que ele tinha recebido uma proposta de trabalho fora do país, mas que ele ainda não tinha dado uma resposta.

O QUÊ?! Porquê que ele não me contou nada?! Será que ele vai aceitar?! E o que vai ser de nós?!

-Mas eu agora quero falar contigo de assuntos mais sérios-olhei para a minha mãe confusa.

-Que assuntos?-levantei uma sobrancelha.

-Diz-me, tu e o Liam já...já se envolveram?!

Arregalei os olhos com aquela sua pergunta inesperada. Senti as minhas bochechas queimarem de vergonha.

-Talvez...

Vi a minha mãe a suspirar.

-E vocês preveniram-se em todas as vezes que estiveram juntos?

-Sim-assenti.

-Sem nenhuma falha?

-Oh mãe....-olhei para ela-onde estás a querer chegar mesmo?

-Estás últimas duas semanas tens tido recaídas, enjoos, desmaios, um apetite fora do normal e...

-Não mãe, pára...-olhei para ela percebendo onde ela queria chegar-eu não estou gráv...nada disso...nunca. Eu só tenho 17 anos. Eu não posso.

-Só há uma maneira de descobrir.

-Qual?!-olhei nos seus olhos.

-Desta...-ela tirou um teste de gravidez do seu bolso.

-Nem penses....-afastei-me dela-eu não vou fazer nada disso.

-Vais sim e agora.

Olhei para ela, bufei pegando no teste e fui para a casa de banho. Tranquei-me na mesma e depois de ler as instruções e de fazer o teste esperei os respetivos minutos e então depois olhei para o mesmo. Fiquei a olhar para o teste uns minutos que mais pareceram horas. Peguei naquele maldito teste e saí da casa de banho.

-E então?!-a minha mãe aproximou-se de mim também nervosa.

Olhei para ela e senti as minhas lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Só consegui abraçar a minha mãe e chorar no seu ombro.

-Desculpa mãe....-solucei-eu não queria que isto acontecesse e....e....

-Calma....-ela abraçou-me.

Ela pegou no teste que se encontrava na minha mão e olhou para ele e suspirou olhando para mim.

-Grávida...-sussurrou.

-Desculpa.

-Não tens de pedir desculpa, o que está feito está feito e agora não há volta a dar-notei que ela estava magoada.

-Eu só tenho 17 anos...-chorei ainda mais.

-Eu sei disso...-ela olhou outra vez para o teste e depois para mim-vais ter de lhe contar.

-Eu não sei se consigo-neguei com a cabeça.

-Vais ter de conseguir...-ela olhou-me nos olhos-eu vou estar aqui para o que tu precisares.

-Obrigada-falei num sussurro e senti os braços da minha mãe a rodearem o meu corpo e eu desabei mais uma vez nos seus braços.

-Vai ficar tudo bem meu amor-ela falou e beijou os meus cabelos.

♥♥♥

Olá olá pessoas lindas do meu coração. Tudo bem? O que acharam deste capítulo? Cheio de surpresas, né?! O que será que vai acontecer a seguir? Palpites? Não? Vamos esperar para ver.

Kiss ♥

(im)possible Love 01Onde histórias criam vida. Descubra agora