Christopher passou o dia inteiro no hospital com a gente mas teve que ir embora pela noite, logo depois de colher o sangue para o exame. Foi ele quem conseguiu fazer Enzo comer, aquilo me deixou, de certa forma, aliviada. Depois de um dia cansativo, pude finalmente voltar para o hotel.
– Você tinha que ver Scarlet. Enzo dava gargalhadas enquanto Christopher brincava com ele. – Falei colocando Enzo em cima da cama apenas enrolado em sua toalha. Ele não estava totalmente recuperado, mas tinha uma aparência melhor e um pouco mais de ânimo. Me cortava o coração pensar que ele estava com dores quase que o tempo inteiro e eu não podia fazer muito para ajudá-lo.
– E como vai ser agora? Você disse que ele quer reconhecê-lo como filho.
– Christopher é um pau mandado de Victor, acha mesmo que ele permitirá?
– Ele sabe que estamos nesse hotel?
– Não. Claro que não. – Me sentei ao lado de Enzo secando o cabelo dele. – Prefiro evitar que Victor saiba do nosso paradeiro, sabe? Ele deve estar furioso comigo por eu estar aqui e por estar resolvendo meus problemas sem pedir autorização dele. – Deitei Enzo na cama e comecei a colocar a fralda.
– Esse cara é um monstro. Que espécie de avô faz isso com o próprio neto? Ele não tem coração?
– Pra começo de conversar avô dele é o meu pai e o senhor Lewis. Aquele homem não é e jamais terá o direito de chamá-lo de neto. — Minha voz saiu um pouco rude, mas me estressava pensar que o sangue daquele velho estúpido corria nas veias do meu menino.
– Desculpa, não quis ofender. – Ela se sentou na beirada da cama. Enzo estava olhando pra TV um tanto sério.
– Sentando. – Falei enquanto o sentava na cama. – Ei! – Apertei a bochecha dele formando um biquinho. – Olha pra mamãe, depois você vê TV. – Enzo me encarou franzindo as sobrancelhas. – O que foi? Não me olha com essa carinha de bravo não. – Vesti a blusa nele. Terminei de vestir a roupa nele e o coloquei em cima do carpete deixando-o brincar.
Demorou quase uma semana até eu criar coragem e ligar para Christopher anonimamente. Combinei com ele de me encontrar no hotel. Não queria sair com Enzo já que estava ainda mais frio e eu queria evitar qualquer coisa que pudesse causar nele uma piora. O fiz prometer que se ele dissesse a alguém onde eu estava, eu desapareceria com Enzo e ele nunca mais o veria.
– Pode entrar. – Scarlet foi quem abriu a porta pra ele. Eu estava no carpete brincando com Enzo de carrinho, evitei, de primeiro momento, entrar em contato visual com ele.
– Ei Dulce. – Ele falou assim que entrou. – Hmm, eu trouxe pra ele, se você não se importa.Então eu o olhei. Ao contrário da últimas vez que o vi, Christopher vestia uma roupa mais esportiva, o que o deixava mais leve e jovem. Ele se aproximou com aquele embrulho enorme, parando de frente pra mim.
– Dê a ele, oras! – Dei e ombros e Christopher se abaixou.– Olha o que eu trouxe pra você garotão. – Christopher entregou o embrulho que era maior que Enzo a ele.
– Olha bebê. – Enzo olhou o embrulho curioso. Mexeu aqui e ali e me olhou, um olhar de dúvida, curiosidade. – Quer que a mamãe abra pra você? – Ele empurrou o embrulho na minha direção e ficou olhando curioso enquanto eu procurava o local para abrir.
– Assim não tem graça. – Christopher falou. – Vamos mostrar a mamãe como se abre um presente bebê? – Ele se sentou e colocou Enzo entre as pernas, depois puxou o embrulho de minhas mãos e o rasgou com força. Enzo instintivamente começou a gargalhar, como se aquele barulho fizesse cócegas nele. – Sai papel, sai! – Cristopher falava enquanto Enzo ria. Do embrulho saiu uma caixa enorme que parecia ser uma miniatura de um trem motorizado, e uma caixa com três carrinhos enormes.
– São de controle remoto? – Perguntei enquanto via Enzo tentar abrir a caixa do trenzinho.
– Não. São de pressão. Ele ainda é muito novo para controlar.– Acho que ele quer abrir esse. — Apontei.
– Então vamos montar.
– Não tem nenhuma peça que ele possa engolir, né?
– Não. Jamais compraria algo que faria mal a ele Dulce, fiz questão de ter certeza que era seguro para a idade dele. – Ele arrumou Enzo no colo. – Vamos montar o trenzinho? Hum? – Christopher e eu montamos a trilha do trem na sala do apartamento, e ocupou quase todo o espaço. Era um trem vermelho, como os famosos trens antigos, e uma trilha com várias curvas subidas e decidas. Enzo olhava o trem ir e vir, subir e descer encantado no colo de Christopher.
– Dulce? – Scarlet apareceu. – Uau, que brinquedo lindo! – Disse ela vendo o trem. Enzo estava focado demais na brincadeira, não parou para olhar Scarlet. – Olha, eu vou dar uma volta agora, se você não precisar de mim.
– Tudo bem, vai sim, você precisa descansar também, a gente dá conta aqui. – Olhei Christopher brincar com Enzo. – Só tome cuidado ok? Não está nos Estados Unidos.
– Pode deixar, qualquer coisa me liga. – Ela arrumou a bolsa em seu ombro e saiu.
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The Last Hope - Vondy
FanfictionÀs vezes, por mais que a gente tente fugir daquilo que um dia nos fez mal, o destino insiste em nos levar de volta ao ponto inicial. A gente se esconde, foge para lugares desconhecidos, tenta começar uma vida nova, apagar o passado e seguir em fren...