Andando de um lado para o outro no quarto de Enzo esperando que ele retorne. Christopher me olha o tempo todo enquanto tem em mãos o coelhinho dele.
— Você está me deixando tonto Dulce, porque não se senta?
— Se você pedir isso de novo eu vou desfigurar você Christopher. — Ele ergueu a sobrancelha. — Estou falando sério.
— Olha, se senta ok? A Radioterapia é mais tranquila, e olha, ele vai até se sentir melhor que a quimioterapia. — Ele me puxou pela mão e me fez sentar. — Relaxa um pouco ok? Não faz bem você ficar nervosa assim.
-Vai me dizer que você não está.
— Estou, mas eu me controlo. — Ele massageou meus ombros. — Está muito tenta, relaxa um pouquinho, já já nosso menino está de volta. Pensa que isso é uma preparação para o transplante.
— Não é fácil, Christopher.
— Não disse que era, ok? Relaxa! — Foi impossível não relaxar com as mãos dele massageando meus ombros.
— Eu queria estar lá com ele.
— Está maluca? A radiação é muito forte Dulce, é muito arriscado, tira isso da sua cabeça.
— Eu sei, eu sei. — Suspirei fechando os olhos e sentindo as mãos dele me massagearem.
— Você está precisando de um SPA, sabia?
— Oh, como estou!
— Dulce? — Ouvi a voz do senhor Lewis. Christopher me soltou.
— Olá. — Ele entrou. — Como está querida? Olá Christopher.
— Olá. — Ele respondeu.
— Enzo ainda não voltou, estou bem aflita, mas ele está bem, já já ele volta.
— Tem umas pessoas querendo ver você.
— Pessoas? Quem? — Olhei pra porta e não vi ninguém.
— Posso mandar entrar? — Ele me olhava como quem havia aprontado algo. Assenti, mesmo sem conseguir imaginar o que era. Ele voltou até a porta e deu sinal para que entrassem. Meu pai, minha mãe e minha irmã.
— Mamãe. — Me levantei mais que depressa e fui até ela. Ela me abraçou forte e Blanca e meu pai nos abraçaram. — Como você... — Olhei o senhor Lewis que sorria satisfeito. — Ah, não importa, me encolhi em seus braços.
— Oh meu amor. — Minha mãe beijou minha bochecha. — Como está?
— Bem, eu acho. — Me soltei deles. — Blan. — Ela sorriu. — Papai. — Ele me abraçou e comecei a chorar. — Me perdoa?
— Filha. — Ele beijou minha cabeça. — Eu não tenho que te perdoar por nada ok? Esquece o que passou. — Ele me soltou e pincelou meu nariz. — Como está meu neto?
— Na radioterapia.
— Estou tão feliz que conseguiram um doador meu amor, você não sabe o quanto. — Ele acariciou minha barriga. — Mais feliz ainda que esse ser aqui dentro não vai precisar passar por nada disso.
— Eu também papai. Eu também. — Coloquei minha mão sobre a dele.
— Já sabe o que é? — Neguei.
— quando foi que vocês chegaram aqui?
— Hoje, agora pouco.
— Senhor Lewis, gostaria de uma boa explicação.
— Isso é coisa dele. — Ele apontou Christopher que estava calado.
— Sua também. — Ele se defendeu. — Aliás, eu só dei a ideia, não sabia que você iria mesmo fazer isso. Eu deveria ter ajudado.
— Estão dizendo que vocês dois planejaram isso? — Meu pai me abraçou de lado. O senhor Lewis assentiu.
— Olha quem voltou. — Brian entrou com Enzo no colo. — Uau, quanta gente.
— Oh meu amor. — Peguei Enzo no colo. — Como foi bebê? Olha quem veio aqui meu amor. — Mostrei meus pais e Blanca. — Seus avós veio visitar a gente.
— Mamãe. — Ele deitou a cabeça em meu colo esfregando os olhinhos.
— Ele está um pouco cansado, não quero ser inconveniente, mas talvez seja melhor os pais ficarem sozinhos com ele.
— Mas eles acabaram de chegar.
— Muito movimento não deixará que ele descanse, Dul. — Christopher veio até mim e pegou Enzo.
— Olha o que eu tenho filho. — Entregou o coelhinho a ele. — Enzo deitou a cabeça no ombro dele resmungando e segurando o coelho.
— Ele está certo meu amor.
— Senhor Lewis, porque não os leva pra minha casa? Eu ligo para o porteiro e autorizo a entrada de vocês. Você conhece o apartamento, pode ajudá-los a se instalar. Não é grande, mas a gente se acomoda todo mundo lá. — Vi Christopher deitar Enzo e andar para um lado e para o outro com ele enquanto falava algo bem baixinho só pra ele escutar. — Vocês dois podem ficar no meu quarto, e a Blanca pode ficar no quarto do Enzo, tem um sofá cama lá.
— E você? Tipo, você vai pra casa né? Não pode ficar sem descansar. — Meu pai perguntou preocupado.
— Eu vou ficar essa noite aqui, e amanhã cedo vou pra casa.
— Eu fico, Dulce. — Christopher falou. — eles têm razão, você está em uma fase que precisa de descanso, e já tem passado por muito estresse.
— Estou de plantão hoje, posso ficar de olho nele também. — Brian falou.
— De verdade?
— Harram! Você pode ir e Christopher e eu damos conta do recado. Enzo provavelmente dormirá a noite inteira.
— Vocês vão me ligar pra dar notícia?
— Claro que vou.
— Então tá bom, mas eu só vou mais tarde. Vou aproveitar o resto do dia com ele. — Olhei Christopher o colocar no berço. — A gente se vê então mais tarde. Se precisarem de alguma coisa é só ligar. Tem comida na geladeira, e bom, sintam-se em casa. Só não reparem a bagunça que deve estar lá, com esse negócio de passar a maioria do tempo aqui, eu não tenho tido tempo pra arrumar lá.
— Ela está sendo moderna. — Brian riu. — O apartamento é super organizado. E não esperem encontrar salgadinhos e refrigerantes lá. É tudo na bate da naturalidade.
— Ah cala a boca, eu só queria meu filho saudável tá. — Dei uma cotovelada nele.
— Mãe super protetora. — Ele apertou minha bochecha.
— Idiota.
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The Last Hope - Vondy
FanfictionÀs vezes, por mais que a gente tente fugir daquilo que um dia nos fez mal, o destino insiste em nos levar de volta ao ponto inicial. A gente se esconde, foge para lugares desconhecidos, tenta começar uma vida nova, apagar o passado e seguir em fren...