POVs Christopher Von Uckermann 06

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Acordei no fim da tarde com o sol batendo em meu rosto. Olhei para o lado e vi Dulce dormindo encolhida com apenas parte do corpo envolto ao lençol.

Cada dia que se passava, mais eu a amava, e cada dia mis difícil ficava de contar a verdade a ela.

Levantei-me com cuidado para não acordá-la e fui até o closet. Peguei um edredom mais quente e a cobri, depois vesti uma cueca, enrolei-me em um roupão e calcei minha pantufa.

Na cozinha coloquei leite e chocolate no fogo, depois fui até o armário procurar algo para nós dois. Sou uma lástima para morar sozinho. Dulce tem razão quando diz que eu sou um tanto mimado. As poucas coisas que sei fazer, é ela quem tem me ensinado. Isso acontece com filhos de pessoas ricas que crescem cercados de mimos e confortos. Empregadas, cozinheiras, babás, motoristas. A pesar de minha mãe não trabalhar, todo o tempo ela estava ao lado do meu pai em alguma viagem, almoço ou jantar de negócios. Eu sempre vim em último lugar.

Coloquei duas canecas com chocolate quente numa bandeja, algumas torradas com geleia e biscoitos e levei para o quarto.

— Acorda meu amor. — Coloquei a bandeja na cama e ajoelhei até ela lhe dando um beijo no cantinho da boca. — Acorda dorminhoca. — Dulce sorriu esfregando os olhos.

— Chris, quantas horas?

— Vai dar cinco e meia, acorda.

— Não íamos no cinema? — Ela se sentou arrumando o cabelo. — Cadê minha roupa?

— Não importa cadê ela. — Ela me fitou. — Brincadeira. Vou te dar uma blusa quentinha, está frio.

— Eu sei. — Ela se encolheu embaixo o edredom.

— Trouxe algo pra gente, mas temos que tomar antes que esfrie.— Voltei ao closet, onde peguei um conjunto de pijama meu mais justo e entreguei a ela. Dulce vestiu a lingerie depois colocou o pijama, voltando a se sentar novamente na cama.

— Tem marshimellow. Que delícia!

— Hurrum! — Entreguei uma caneca a ela e depois peguei a minha dando um gole no chocolate quente.

— Como tem ido a faculdade?

— Chata como sempre. — Revirei meus olhos. — Eu queria ter estudado Educação Física, mas nem isso o meu pai deixou.

— Seu pai é um chato. Talvez seja melhor eu nem conhecê-lo por agora mesmo. — Ela falou, embora tenha reclamado nos último oito meses por eu nunca apresentá-la aos meus pais. A única pessoa que ela conheceu foi meu amigo Arturo. Gostaria de apresentá-la aos meus outros amigos, mas sei o quão preconceituosos eles são, e não quero que Dulce passe por isso. — Estou pensando em prestar vestibular para o próximo ano, tenta uma bolsa, o que acha?

— Eu acho uma maravilha.Você estuda bastante agora que já se formou no colegial, acho que tem boas chances pra conseguir uma bolsa. O que você quer estudar?

— Não sei. Gosto de Arquitetura sabe, mas é muito caro e é difícil conseguir bolsa.

— Já pensou você viajando pra Dubai e conhecendo os prédios mais bonitos do mundo? Sabe que lá é o país da arquitetura né? — Ela assentiu enquanto tomava mais um gole em seu chocolate.

— É maravilhoso aquele lugar, sonho em ir lá um dia, mas terei que batalhar bastante.

— Você consegue, sei que consegue. — Beijei sua bochecha.Terminamos de tomar o café da tarde e voltamos a nos deitar, abraçados.

— Gostaria de ficar aqui com você pra sempre. — Ela falou enquanto se encolhia em meus braços. — Sentindo seu cheiro, seu calor.

— O que seu pai faria se visse nós dois juntos? — Eu fazia carinho em seus compridos cabelos vermelhos. Dulce estava deixando eles crescerem e estavam ficando lindos.

— Provavelmente me trancaria no quarto com direito a grades na janela, e depois castraria você.

— Isso não seria nada legal. — Ela ergueu a cabeça e me olhou. — A gente não poderia mais brincar. — Ela deu uma gargalhada gostosa. Comecei a beijá-la novamente, ainda sentindo um gostinho de chocolate, quando meu celular tocou. Dulce se afastou.

— Atende.

— Não. Quero ficar com você, sem ninguém pra atrapalhar.

— Christopher, pode ser urgente, atende vai. — Ela se sentou.

— Tudo bem. — Peguei o celular no criado mudo ao meu lado. Era Megan. Atendi diminuindo o volume. — Alô. Não, estou no meu apartamento por quê? — Tive um rápido congelamento cerebral até que Dulce despertou-me do transe. — Ok. Até. — Desliguei o telefone. — Eu preciso ir Dulce.

— Onde? Quem era?

— Era da casa dos meus pais, preciso ir lá. Vou te deixar em casa e vou pra lá. — Ela me olhou desconfiada. — Aconteceu alguma coisa lá, não souberam me explicar. — Mentiras e mais mentiras, doía contar cada uma delas pra Dulce, mas eram necessárias. Em uma hora Megan estaria em meu apartamento. Saltei da cama e busquei minhas roupas. Dulce chateada fez o mesmo. Assim que ficamos prontos, eu a levei pra casa. — A gente se vê ok? — Fui para beijá-la mas ela virou o rosto.

— A gente se vê Christopher. — Falou brava, saiu do carro e bateu a porta. Entrou em casa sem sequer olhar pra trás. Ela provavelmente sacou que era mentira, talvez eu seja um péssimo mentiroso. Voltei pra casa, arrumei tudo, tomei um banho, coloquei um pijama, enfiei-me em baixo da coberta e fiquei vendo TV enquanto esperava por Megan. Tive sorte dela ter ligado antes. Se ela tivesse aparecido sem avisar, a essa hora eu estaria morto, com os ossos partidos em milhões de pedaços depois de ter sido jogado pela sacada só trigésimo andar por Dulce e Megan ao mesmo tempo.

The Last Hope - VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora