Capítulo 27

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Flash Back


— Alô, Dulce? — Era a voz de Christopher o outro lado da linha.

— Chris? — Minha voz soou trêmula. — É você?

— Ei gatinha, que saudades de ouvir sua voz.

— Pensei que tinha esquecido de mim, que tinha me enganado. — Me sentei na cama.

— Jamais me esqueceria de você. Sabe que lá não dava área.Acabei de desembarcar.
— Sério que está de volta? — Tentava conter minha empolgação.

— Sim. A primeira coisa que estou fazendo é ligar pra você, e saber como você está.

— Estou melhor agora ouvindo sua voz. Hmm.. Você gostaria de me encontrar amanhã a tarde? A gente pega um cinema e depois sai pra comer uma pizza, o que acha?

— Ah, porque não hoje? Estou com tantas saudades de você.

— Hoje não. Também adoraria te ver, mas estou muito cansado. Sabe como a viagem cansa não é?

— Sei sim. Promete que vai me ligar pra combinarmos tudo?

— Prometo. Aliás, esse é o meu número, salva ele aí. Se puder me passar o endereço, eu passo aí e te pego amanhã. Acha que lá pelas cinco dá?

— A hora que você quiser.

— Preciso desligar agora, a gente se vê amanhã. Beijos.

— Até. — Christopher desligou o telefone e eu comecei a saltitar pelo quarto cantarolando.

— Você está me saindo uma bela adolescente apaixonada. — Minha irmã se jogou na minha cama.

— Não ensinaram você a bater na porta Blanca? — Me sentei na cadeira toda sem graça.

— Era ele né? — Assenti. Blanca era minha confidente de todas as horas. — Pensei que ele não ia ligar mais.

— Pensei o mesmo, sério, eu estou tremendo até agora, olha. — Mostrei minhas mãos trêmulas. — Ele me chamou pra ir no cinema amanhã a tarde e depois vamos comer pizza, não sei nem o que vestir.

— Aqui entre a gente. — Ela se levantou e foi até a porta dando uma olhada. — Pra quem já te viu nua, duvido que ele se importe com o que você se veste.

— Eu não gosto de falar nisso, Blan. — Minhas bochechas arderam. — E por favor, se o papai ou a mamãe souberem eles vão me trancar no quarto e só me deixarão sair com quarenta anos.

— Até parece. — Ela riu. — Eles não descobriram de mim, não vão descobrir de você. Bom, eu durmo fora agora na casa do meu namorado, mas com quantos anos acha que perdi minha virgindade? O negócio é saber se conter e ser discreta maninha.

— Você nunca me contou com quantos anos você perdeu a sua virgindade.

— Você era uma pirralha ainda acho que nem entendia do assunto. Mas agora tanto entende que já fez.

— Me empresta uma roupa sua legal?

— Amanhã a gente vê isso. Mas cá entre nós, se ele se apaixonou pela garota de all star, jeans rasgados, regata e boné pra trás, pode ser meio impactante ele ver você em uma de minhas roupas.

— Talvez seja. Amanhã então eu me decido.

Resolvi me vestir com uma camiseta preta justa, saia cintura alta rodada azul escura e uma sapatilha preta de Blanca. Penteei meu cavelo deixando-o completamente liso e para o lado valorizando minha franja e Blanca me ajudou com uma maquiagem leve. Quando Christopher chegou no outro dia, dirigindo um Mustang vermelho, me paralisei. A bolsa que eu tinha em mãos escorregou por meus dedos e foi parar no chão. Ele saiu do carro deu a volta e veio até mim.

— Olá. — Pegou a bolsa e me entregou, dando um sorriso se divertindo com minha cara de tacho. Ele veio me dar um selinho mas virei o rosto. — O que foi?

— Você é rico? — Minha voz falhou.

— Hmm, sim. — Ele me estendeu a mão como se isso fosse a cosa mais normal do mundo.

— É por isso que não deixou eu conhecer os seus pais lá? — Meus olhos lacrimejaram. Sabia que meus pais e Blanca estavam espiando pela janela, assim como meus vizinhos intrometidos e as pessoas que passavam na rua. Blanca provavelmente dando estrelas dentro de casa e comemorando o fato do meu suposto namorado ter um Mustang, seu carro preferido.

— Desculpe não ter contado a você Dulce. Eu só queria que você gostasse de mim, não do meu dinheiro como todas as outras garotas. Você é a garota perfeita pra mim e eu me apaixonei por você. Espero que as coisas não mudem entre a gente por isso.

— Você mentiu pra mim Christopher. — A primeira lágrima escorreu.

— Eu não menti, apenas omiti. Apesar de ser filho de um cara rico, o que eu gosto mesmo é da vida que levo quando ele não está olhando. Meu skate e agora você.

— Engraçado, o seu Mustang vermelho não se parece nada com um skate.

— Dulce. — Ele riu. — Por favor, acha mesmo que tendo um carro desse, levaria minha namorada de ônibus ao cinema? Não que eu tenha algo contra isso, porque quando vou andar de skate na rua, eu saio de ônibus, metrô como uma pessoa normal. Mas agora é diferente, estou saindo com uma princesa, e toda princesa merece uma carruagem. — Ele me estendeu a mão querendo me direcionar ao seu luxuoso carro aparentemente novo e bem cuidado.

— Eu... eu preciso de um tempo pra digerir isso. Você não é o garoto que eu pensava que era.

— Sou sim Dulce. — Ele enxugou meu rosto. — Eu ainda sou o Christopher que você conheceu em Punta Cana. Com dinheiro, sem dinheiro, o que importa?

— E os seus pais? O que eles acham disso? Você namorar uma garota pobre que conheceu em uma viagem de férias. — Olhei pra cima tentando impedir mais lágrimas.

— Eles não têm que achar nada ok? É uma escolha minha, não deles.

The Last Hope - VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora