POVs Christopher Von Uckermann 16

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— Sente-se. — A doutora me apontou a cadeira. Apesar do nervosismo eu me sentei, tentando transparecer calma. Assim que recebi o telefonema eu corri para o hospital.

— E aí doutora? — Perguntei me segurando para não roer as unhas. A vida do meu filho estava no envelope que ela tinha em mãos.

— Christopher, eu quero que saiba, que independente do resultado, vocês precisam continuar lutando ok? — Assenti gritando mentalmente para que ela tirasse logo essa dúvida que me corroía por dentro. — Em fim... Enzo é um garotinho forte, e tenho a certeza que ele vai sair dessa. Não quero que desistam agora. — quando ela disse isso eu imaginei. Meus olhos falharam e eu abaixei a cabeça. Seria bom de mais pra ser verdade. — Eu chamei você porque sei que você seria a melhor pessoa a contar a mãe dele. — Houve-se um silêncio comprido, quebrado apenas pelo som dos meus soluços. Como eu diria isso a Dulce?

Depois de ir para a casa, tomar um banho e esfriar um pouco a cabeça fui para o hotel ver o meu filho. Queria vê-lo sorrir novamente, ouvi-lo me chamar de pai, sentir seu cheiro, seu calor.

Não foi fácil convencer Dulce a sair um pouco do hotel, mas depois de insistir ela cedeu. Levei os dois na pizzaria que nós dois sempre íamos e que Dulce adorava. Valeu a pena levá-la ali, principalmente pela reação de Enzo ao comer pizza. Dulce me disse que nunca deu nada dessas coisas a ele.

O meu celular tocou no meio da conversa. Vi que era Megan, mas quando eu ia desligar Dulce disse para eu atender.

— Fala Megan. — Me controlei para não me alterar com os gritos dela. Tinha certeza que ela tinha bebido. — Estou com a Dulce e meu filho, porquê? Eu disse que viria. — Se não estivesse bêbada não estaria dizendo tanta baboseira. Ela sempre se esforçava para ser compreensiva com relação ao Enzo, ou fingia. — É o meu filho, não seja egoísta ok? E daí se passo mais tempo com ele agora? Eu já expliquei o motivo a você, se não entende, não é problema meu. Ah, claro, fala isso com o seu pai, ele vai adorar saber. Preciso desligar, amanhã a gente se fala ok. — Desliguei na cara dela. Terminar comigo? Até parece. Há dias atrás ela estava rastejando aos meus pés para eu não terminar com ela. Mas agora eu precisava seguir em frente, e quando eu conseguisse o que queria, eu simplesmente iria embora. — Tem horas que ela me irrita.

— Então sua noiva se chama Megan?

— Sim. Acredita que ela disse que se eu continuar passando tanto tempo assim com o Enzo, ela vai terminar comigo? — Ri ironicamente. — Primeiro ela teria que matar o pai dela pra depois conseguir essa façanha. — Dulce pareceu não gostar muito do assunto. — Tudo bem, desculpa. É só que eu jamais deixaria de ficar o tempo que posso com o Enzo porque ela está dando ataque de histeria.

— Está ficando tarde. — Mudou de assunto e virou-se para Enzo tentando lhe tirar o pedaço de pizza que ele comia com tanto entusiasmo e sono ao mesmo tempo — Dá aqui pra mamãe filho. — Tirar a pizza dele não seria fácil. — Amor, você já comeu que chega, depois a mamãe compra mais pra você. — Foi só Dulce pegar a pizza que ele começou a chorar. Depois ela deu um pouco de suco pra ele. — Olha só pra você, está todo sujo. — Eu vou lavar o rosto dele e já volto. — E então ela o levou para o banheiro. Agora eu precisava falar. Era noite de ano novo, e Dulce parecia nem ter se dado conta disso. Ou não se importou. Eu iria dar a ela o pior ano novo de sua vida, mas eu precisava dizer. Quanto mais eu demorasse, pior seria para Enzo.

— Senta aí. — Ele apontou a cadeira quando ela chegou. — A gente precisa conversar.

— E já não estamos conversando desde que você chegou no hotel?

— É sério Dulce. — Ela se sentou colocando Enzo deitado em seu colo. — Eu fui ao hospital hoje.

— E?

— Me chamaram lá. Saiu o resultado dos exames. Todos eles. O meu, da minha mãe, da sua família.

— Tá Christopher, não enrola. O que deu? — Sua voz saiu com certo medo.

— Eu sinto muito. — A olhei firme tentando transpassar segurança, mas em vão. Minha voz falhou e Dulce começou a chorar. — Mas a gente não pode desistir não é? Vamos encontrar um doador pra ele. Não é possível que em um planeta com sete bilhões de pessoas não haja um doador compatível.

— Sabe quantas pessoas tem na frente dele Christopher? Esperando há meses, anos e sabe-se lá se conseguirão. Enzo é apenas mais um caso em milhões ao redor do mundo, e poucos são os que conseguem sair disso.

— O Enzo será um desses poucos, você vai ver.

— Me leva de volta pro hotel.

— Levo sim. — Me levantei, peguei Enzo e juntos fomos para o carro.

Fiquei olhando Enzo dormir enquanto Dulce estava no banheiro. Ela foi pra lá assim que chegamos no hotel e eu tinha certeza que ela estava lá apenas chorando. Coloquei Enzo no berço e fui até a porta. Dei duas batidas leves e abri um pouco.

— Lembra que me perguntou até onde eu iria para salvar a vida dele? — Perguntei entrando no banheiro e logo fechando a porta. — Agora sou eu quem pergunto, até onde você iria?

— Eu morreria por ele Christopher.

— Sabe que ainda temos uma chance, não é? — Pesquisei bastante sobre o assunto nos últimos dias. Tentar ter um outro filho poderia ser a solução. A probabilidade de ele ser compatível era grande, e nos estado que estávamos precisávamos tentar.

— Você sabe? — Seus olhos úmidos me olhavam através do espelho. — E se não der certo?

— Só saberemos se tentarmos Dulce. — A abracei forte e depois de um tempo ela assentiu. — E se o preço a pagar por isso for a fúria do meu pai e dos pais da Megan, eu não me importo. — A virei para mim encarando seus olhos. — Nesse momento só a saúde do nosso menino importa. — Comecei a beijá-la calmamente. Como era bom sentir o sabor de seu beijo novamente.

O que era pra ter sido apenas uma tentativa para Dulce engravidar, se tornou em uma noite maravilhosa. Embora não tivesse matado a saudade de seu corpo, finalmente eu pude tê-la novamente. Uma pena ser por um motivo tão triste.


Dulce adormeceu em meus braços como antigamente. Tão pequena e tão linda. Eu adorava vê-la dormir.

— Feliz ano novo meu amor. — Sussurrei.

Acordei com Dulce saindo apressada do quarto e quando ela me disse o que ia fazer saltei da cama e fui até ele, mas ela me empurrou. Dulce saiu furiosa do quarto atrás de Megan. Na verdade eu não fazia ideia de como ela tinha chegado ali.

Cheguei na recepção ainda me vestindo. Tentando abotoar minha calça e descalço. Fiquei olhando as Duas discutirem, já que Dulce não me deixou falar.

O resultado disso foi Megan ameaçar Dulce e Dulce e eu discutirmos, embora eu soubesse que ela só queria se proteger de mim. Ela havia gostado da nossa noite mas não assumia isso. Dulce ainda me amava, isso era um fato.

The Last Hope - VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora