— Tem certeza disso Dulce? — O senhor Lewis me perguntou. Estávamos de volta ao banco depois de fazermos as contas de tudo o que eu deveria devolver a Victor.
— Tenho sim senhor Lewis. — Entrego o papel onde anotei tudo ao bancário e ele dá uma lida. Um milhão de dólares mais cinco por cento estarão sendo transferidos para a conta bancária de Victor. Os cinco por cento foi ideia do senhor Lewis. Pedi a Christopher a conta do pai dele, e com muito custo e desconfiômetro ele cedeu . Fiquei olhando o homem do outro lado da mesa digitar.
— Pode inserir a senha por favor? — Ele me entregou um aparelho. Digitei os seis dígitos e dei enter. — Obrigada, aguarde um instante. — Ele se levantou e foi até a multifuncional tirando de lá alguns papeis. — Pode assinar esses papeis. — Ele me entregou os papeis. Passei o olho em cada um e em fim assinei. Foi como assinar o meu tratado de liberdade.
— Eu posso fechar a conta?
— Claro que pode. — E lá fomos nós fazer mais uma série de coisas. A primeira coisa que fiz quando cheguei do lado de fora do banco foi partir o cartão em três pedaços, assim como o papel onde continha a senha ainda com a letra de Victor.
— Se sente mais livre? — Perguntou o senhor Lewis.
— Me sinto andando nas nuvens agora. Só preciso enviar uma carta a ele e colocar isso aqui no envelope.
— Eu queria ser uma mosca para ver a cara dele quando ele receber. — Ele abriu a porta de sua BMW para mim. Passamos na FeDex e junto com a carta que fiz questão de escrever com minhas próprias mãos, enviei o cartão e o papel onde tinha a senha a Victor. Chegaria no máximo em cinco dias já que o senhor Lewis fez questão de que eu enviasse da forma mais rápida. — O que acha de um sorvete?
— Sorvete? — Mordi meu lábio inferior.
— Depois eu vou junto para o hospital visitar o meu neto. Aliás, quero conhecer o tal pai do garoto. — Sim, eu contei a ele que Christopher estava aqui.
— Não duvido nada que ele está lá. — revirei os olhos.
— Você ainda o ama?
— Não quero falar sobre isso.
— Se o amor que você sente por ele é verdadeiro, você nunca o esquecerá querida. Pode até se acostumar a viver longe dele, mas deixar de amá-lo, nunca.
— Tudo o que vivi foi por culpa dele senhor Lewis. Se ele me amasse como diz, não teria mentido pra mim. Teria enfrentado a família dele pra ficar comigo assim como eu fiz.
— Já parou pra pensar que ele possa ter realmente se arrependido disso? Pensar que ele tenha amadurecido e que realmente só se importa com o filho agora? Você mesma me disse que ele não fala mais com o pai. Ele fez o que devia ter feito há muito tempo. Enfrentá-lo por você e o seu filho. Ninguém é perfeito querida, ninguém. — Eu não falei mais nada. Talvez ele tivesse razão, talvez não.
Chegando no hospital, depois de passarmos em uma sorveteria, fui ver Enzo que para minha surpresa não estava na CTI. Ele estava de volta ao quarto. Christopher sentado ao seu lado lendo uma história.
— Mamãe. — Enzo abriu um sorriso pra mim.
— Oi meu amor. — Fui até ele e o peguei no colo. — Oh meu bebê, como você está? Hm? — Beijei o pescoço dele. — Sabe quem veio ver você? O vovô.
— Vovô?
— É. Ele foi ao banheiro e já vem. — Tornei a colocá-lo na cama.
— Por fim vou conhecer o famoso vovô? — Christopher perguntou e eu dei de ombros.
— Porque ele está aqui? — Enzo segurou minha mão. — Ele não estava na CTI?
— Sim. Mas o trouxeram pra cá. Houve uma melhora considerável de ontem pra hoje, mas ele está em observação, se acontecer alguma coisa provavelmente o levarão de volta.
— Olha quem chegou. — O senhor Lewis entrou.
— Vovô. — Enzo tentou se sentar, mas estava fraco de mais.
— O vovô veio ver o campeão mais forte desse mundo. — Lewis deu a volta na maca ficando do outro lado. — Como você está hoje? Está deixando a mamãe de cabelos brancos garotão. — Lewis deu um toque na mão de Enzo, uma coisa que ele ensinou ao meu filho há um tempo atrás. Enzo sempre ria quando fazia esse toque.
— Dulce, Dulce. — Brian entrou no quarto correndo e tropeçando nos próprios pés. — Ah, oi Christopher, olá senhor Lewis.
— Papai. — Enzo o chamou. Engoli seco olhando a cara de Christopher. Não era das melhores. — Papai. — Enzo insistiu.
— Eu sou o seu pai Enzo. — Christopher falou. — Papai. — Se apontou. — Eu sou o seu papai.
— Não. Papai. — Enzo apontou Brian fazendo um biquinho de choro.
— Oh meu amor, não chora. — Acariciei o rostinho dele.
— Você não vai falar nada Dulce? — Christopher perguntou.
— E o que quer que eu fale Christopher? Ele vai fazer dois anos, ele não entende nada ok? Faça por merecer e quem sabe um dia ele te reconheça como pai. — Olhei Brian que não falava nada.
— Pode vir comigo? É urgente.
— O que foi? Aconteceu alguma coisa?
— Sim, você precisa vir comigo. E bom... se ele quiser vir, pode vir também. — Referiu-se a Christopher.
— Vão lá os dois, eu fico com meu neto.
E lá fomos nós. Brian de um lado e Christopher do outro.
— Entra. — Brian abriu a porta do consultório do oncologista de Enzo. — Acho melhor você se sentar.
— O que foi Brian? Está me assustando.
— Está tudo bem. — Ele puxou a cadeira para mim. Christopher ficou em pé perto da porta. O oncologista analisava um papel.
— Será que dá pra me falarem o que está acontecendo?
— Bom dia Dulce. — O oncologista desejou. — Como tem ido?
— Por favor, fala logo, o que é?
— Aconteceu algo que bom... se eu não tivesse vendo com meus próprios olhos, eu não acreditaria. — Passou um trilhão de coisas em minha cabeça. — Adoraria dizer que seu filho estar curado, mas ainda não posso dizer isso. Mas eu tenho uma ótima notícia pra dar a você.
— O que é?
— Chegaram hoje os resultados de mais alguns exames de compatibilidade e bom... — Ele me entregou duas folhas. — Eu estava analisando e dois deles são compatíveis com o Enzo. — Senti o ar me faltar, os papeis em minha mão caíram sobre a mesa.
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The Last Hope - Vondy
FanfictionÀs vezes, por mais que a gente tente fugir daquilo que um dia nos fez mal, o destino insiste em nos levar de volta ao ponto inicial. A gente se esconde, foge para lugares desconhecidos, tenta começar uma vida nova, apagar o passado e seguir em fren...