POVs Christopher Von Uckermann 21

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Quando conversei com o senhor Lewis sobre nós dois levarmos os pais da Dulce por uns dias aos Estados Unidos ele super concordou. Se empolgou bastante com isso. Tanto que antes que eu pudesse ajudá-lo ele os levou. Ficariam ali pelo menos até a recuperação de Enzo.

Foi muito bom ver a reação de Dulce com essa surpresa e quando o senhor Lewis mencionou que foi ideia minha senti que meus pontos com ela cresceram bastante.

Eu estava conseguindo pouco a pouco reconquistá-la.

Encarreguei-me também de levar minha mãe pra lá. Ela estava se sentindo sozinha de mais no meu apartamento no México, então pedi que ela arrumasse um corretor para alugá-lo. Eu precisaria de uma renda fixa até conseguir um emprego.

No dia anterior ao transplante tivemos uma conversa com o oncologista. Ele nos explicou detalhadamente o processo e os cuidados que deveríamos tomar futuramente. Quando voltamos para o quarto, tomei coragem e segurei Dulce. Precisava dela ao meu lado.
— Dulce. — Segurei sua mão impedindo-a de entrar no quarto. — Eu queria pedir um favor a você.

— O quê?

— Minha mãe quer muito conhecer o Enzo. — Falei. Era verdade. Foi a primeira coisa que ela pediu quando chegamos no loft.

— Mas ela está no México? — Neguei.

— Ela chegou ontem, está no meu Loft. Quer conhecer você e o Enzo.Você se importaria?

— Eu não sei Chris. — Não aceitaria assim de primeira. Dulce ainda temia que meu pai fizesse algo contra Enzo.

— Olha, eu sei que ainda está chateada com tudo, mas eu juro, ela sequer sabia de você. Ela não é como o meu pai.

— Ela deve me odiar Christopher. Estraguei o casamento dela, a família dela.

— Ei. — Segurei seu rosto.. — ela não odeia você. Minha mãe é uma mulher dócil, espontânea, divertida. Tenho certeza que se você der uma chance a ela, você vai gostar dela. — Sem contar que ela me apoiava nessa história.

— Eu tenho tanto medo.

— Acredite em mim, por favor.

— Acreditar em você? Por favor, você mentiu pra mim desde o primeiro instante, como quer quer eu acredite em você?

— Eu me arrependo tanto Dulce. — Acariciei seu rosto. — Perder você foi a segunda pior coisa que me aconteceu, e estou disposto a lutar pra conquistar você novamente.

— Porque segunda?

— A doença do Enzo é a primeira. — Ela sorriu tímida, mais como um sorriso que havia escapado. — Eu ainda te amo Dulce, te amo muito. Você e o meu filho, nosso filho. Me dá mais uma chance, uma última chance, se eu falhar, o que eu não pretendo, prometo nunca mais incomodar você.

— Eu não consigo. — Minha voz falhou. — Tenho medo que você me machuque de novo, quando eu sequer consegui sarar as feridas completamente.

— Deixe-me fazer isso por você. Prometo dar o meu melhor para curar cada ferida aberta, e prometo jamais mentir pra você novamente. Não quero justificar Dulce, mas ter mentido, escondido tudo aquilo foi a única maneira de ficar perto de você. — Deixei a primeira lágrima escorrer. — Se eu tivesse falado com meus pais sobre você, meu pai daria um jeito de nos afastar, assim como ele fez. E você? O que pensaria se eu tivesse dito que estava prometido a uma garota que eu sequer amava e que eu não poderia fazer nada a respeito?

— A gente poderia dar um jeito Christopher, não sei.

— Eu estava com medo Dulce, medo. Medo de perder você, medo do que o meu pai faria. Eu fui covarde, assumo isso. Eu era imaturo, irresponsável, mas não sou mais assim. Eu mudei, e pretendo mudar ainda mais, mas preciso de você pra me ajudar com isso. Eu quero ser um bom pai, um bom namorado, e futuramente um bom marido, ao lado da única mulher que eu amei na vida. Quero poder chegar em casa no fim do dia e ver meus dois filhos correndo para os meus braços e minha mulher sorrindo no fundo do corredor. Eu quero sentar bem velhinho ao seu lado, em uma cadeira de balanço vendo nossos netos correrem pela casa, enquanto nossos filhos reclamam por nós dois não fazermos nada ara controlá-los. É essa a vida que sonhamos Dulce, é assim que eu ainda quero que seja, mas nada disso vai acontecer se você não me aceitar, se você não me der outra chance. O que quer que eu faça mais? Que eu me ajoelhe na sua frente e te peça perdão? — Me ajoelhei ali mesmo, sem me importar com as pessoas que passavam e me olhavam como se eu estivesse doido. Eu queria o perdão da minha garota, da mãe dos meus filhos que eu tanto fiz sofrer e que eu precisava reparar cada erro, sarar cada ferida que eu abri. — Eu faço. Me perdoa Dulce, me perdoa por ter sido um estúpido, um imbecil imaturo. Me perdoa por ter feito você sofrer, por ter feito você chorar.

— Christopher, por favor. — Dulce me levantou. Ela estava chorando, claro.

— Foi bem convincente. — Fernando falou de dentro do quarto. — Ou ele está sendo um bom ator, ou ele está realmente arrependido.

— Papai. — Dulce chamou-lhe a atenção enxugando as lágrimas.

— Por favor. — Pedi mais uma vez. Minha voz saiu fraca. — Eu te amo Dulce, eu te amo. — Puxei-a para meus braços e a abracei forte. Minha menina, minha pequena, o meu amor.
— O problema da vida é que as pessoas que nos machucam, geralmente são as únicas que podem curar nossas feridas.

— Por favor, vocês dois. Porque não se beijam logo? — Fernando perguntou um tanto irritado com a cena e Dulce começou a rir e chorar ao mesmo tempo.

— Então, você aceita me dar outra chance? — Perguntei ansioso por uma resposta. Dulce se afastou e então assentiu. — De verdade? — Ela voltou a assentir. Dulce me aceitou de volta. Era quase impossível acreditar nisso.. — Sério mesmo? — Tornei a perguntar, pensando que ela poderia simplesmente dizer que não e me deixar ali plantado.

— Christopher. — Sua delicada mão bateu em meu ombro, então ela puxou a gola da minha camisa e me beijou. A puxei pela cintura colando nossos corpos e levei minha outra mão até seus cabelos.

— Também não precisam se engolir. — Fernando trouxe Enzo. — Ainda mais na frente do garoto. — Dulce se afastou rindo e eu peguei Enzo no colo. Então ela nos abraçou.

— Oi meu amor. — Dulce depositou um beijo estalado na bochecha de Enzo.

— Papai. — Sorri feito bobo ouvindo-o dizer isto. Eu conquistei meu filho e minha namorada novamente. Logo seríamos uma família. Nós quatro.

Finalmente chegou o dia do transplante.

— Christopher, o doador do Enzo pediu para eu lhe entregar isto. — Ele tirou um envelope do bolso.

— O que é?

— Não sei. Apenas me pediu para lhe entregar e que visse apenas quando estivesse sozinho. — Olhei o envelope e quando ouvi o choro de Enzo, o dobrei e guardei no bolso.

— Christopher me ajuda aqui. — Entrei com o oncologista e fui ajudar.
— Oh, filhão, não precisa ficar com medo. É rapidinho. — Fiquei no lugar de Dulce segurando Enzo — Seja um bom garoto.

— Não, mamãe. — Ele gritava e chorava tentando encolher o braço. Coitado do meu filho, vai crescer traumatizado. Tão novo e já está todo furado.

— Tudo bem Enzo. — O grito dele se intensificou quando Brian enfiou a agulha no braço dele. — Pronto, pronto. — Ele terminou o que tinha que fazer.

— Já pode começar o transplante. — Ordenou o Oncologista foi Brian quem liberou a medula.

— Não precisa mais chorar filho. — Enzo estava com uma força bem grande, e tive que segurá-lo para ele não arrancar a agulha. — Tudo bem, tudo bem. Shh. Já passou meu amor. — Assim que meu filho se acalmou eu o deitei na cama.

— Ele será monitorado todo o tempo do transplante. — Falou o oncologista. — Como já disse, vai durar cerca de duas horas. Deixem-no descansar agora.

— Obrigada doutor. — Ouvi Dulce dizer e fiquei cantando baixinho pra ele dormir. Tentei ignorar a presença de Brian que conversava com Dulce do outro lado do quarto. Dulce estava sentada no sofá agora e Brian ao seu lado. Fingi não me importar, pois embora o ciúme me corroesse por dentro, agora Dulce era minha novamente. Apenas minha e eu confiava nela.

Com o tempo Dulce dormiu sentada ali no sofá e Enzo também apagou. Ambos estavam exaustos. Fiquei olhando os dois dormirem.

— Christopher, sei que me odeia e tudo mais, mas eu não pretendo me afastar da Dulce e nem do Enzo. Ainda temos uma amizade a zelar e eu realmente tenho um carinho muito grande pelo Enzo.

— E porque me diz isto?

— Só pra você saber mesmo. — Ele deu de ombros. — Cuida dela, ela não merece que um idiota a faça sofrer mais ainda.

— Nós estamos juntos agora.

— Eu sei. Dulce te ama e é questão de tempo até ela voltar para os seus braços. Serão uma família perfeita. Pai, mãe, dois filhos e um cachorro? — Ele riu irônico.

— Tecnicamente não podemos ter um cachorro. Não enquanto o Enzo tiver em recuperação.

— Nada que o tempo não resolva. Só...cuida deles tá? E vê se deixa de ser um canalha. Dulce já sofreu de mais, e está na hora de reverter isso.

— Não preciso de conselhos seus Brian. Não sou mais o Christopher de três anos atrás. — Dei de ombros.

— Se você diz. — ele olhou no relógio e veio medir a pressão arterial de Enzo. — Por enquanto, tudo ok. Eu vou ali beber uma água e já volto. Não demoro.

Brian saiu fechando a porta. Houve-se um silêncio enorme até eu ver Dulce se debater no sofá. Fui até ela e a acordei. Parecia estar tendo pesadelo.


— Dulce acorda. — Dulce acordou assustada como se estivesse tendo o pior pesadelo de sua vida. — Tudo bem, foi só um pesadelo meu amor. — Dulce parecia atônita, em outro mundo. Como se tivesse realmente vivido o seu pesadelo. Ela chegou a ficar pálida e suada.

— Eu preciso dar uma volta. — Ela se levantou mas parecia estar meio fora de si.

— O que foi? — Enxuguei o suor em sua testa. Estava ficando preocupado. — O que você tem?

— Cadê o Brian? Ele não devia estar aqui? — Dulce ignorou minha pergunta.

— Foi tomar água, já volta. Porque não se senta? Não me parece bem.

— Eu estou me sentindo sufocada, preciso tomar um pouco de ar. — Dulce selou meus lábios e saiu. Pensei em ir atrás dela mas não poderia deixar Enzo sozinho.

— Cadê a Dulce? — Brian perguntou entrando na sala com um copo de água.

— Foi tomar um ar. Será que pode fiar com o Enzo um instante? Eu já volto. — E antes que ele pudesse responder eu fui atrás dela.Encontrei-a no estacionamento. Ela estava vomitando. Fui até ela preocupado.

— O que você tem? — Dulce me olhou, com um olhar apavorado — Está pálida.

— Estou enjoada, já vai passar. Acho que é a ansiedade também.

— Vai passar tudo isso ok?

— Deixou o Enzo sozinho Christopher?

— O Brian está com ele. Fiquei preocupado com você. — Acariciei seu rosto e a puxei para um abraço. — Vem cá. — Fiquei acariciando suas costas enquanto ela olhava algum ponto em silêncio.

Pensei tê-la ouvido sussurrar algo, mas poderia ser apenas da minha imaginação.

— Eu vou ao banheiro. — Deixei-a no sofá novamente e olhei Brian mexer na bolsa de medula de Enzo. Assim que entrei no banheiro lavei o rosto e enxuguei em um papel toalha. Escorei-me na pia, peguei o envelope e o abri. Arregalei meus olhos ao reconhecer a letra.

"Caro Christopher. Sei que o que fiz foi horrível e que independente do que eu faça terei seu perdão novamente. Eu sinto muito por tudo isso, sinto mesmo.
Quando você foi embora eu percebi o grande erro que cometi.
Não estou implorando seu perdão, mas acho que você merecia saber isso.
Fico feliz por ter ajudado meu neto, isso é o mínimo que eu poderia fazer.
Tenho tanto orgulho de você por ser quem você é e o invejo por isso. Jamais seja com seu filho o que eu fui com você. Aproveite-o como pode. Espero que dê tudo certo.
Apesar de todo o mal que eu fiz, de ter perdido você e sua mãe, eu te amo. Me perdoa também jamais ter dito isso.
Estou devolvendo o dinheiro que Dulce me enviou. É do seu filho, sempre foi. É um direito dele. Só peço que você o use sem que ela saiba disso, porque sabe que quando souber disso, a primeira coisa que ela fará é se livrar do dinheiro. Dê ao seu filho uma boa escola, um bom médico e uma vida confortável.
Não conte a ela sobre eu ter sido o doador, eu não quero que ela me perdoe. Mereço todo o ódio que ela tem por mim.
Sinto muito por tudo, de verdade.
Victor Von Uckermann
"

Fechei a carta e com muito pesar eu a joguei no lixo. Eu não poderia deixar a Dulce viver sem saber a verdade. Deixaria que o tempo acalmasse tudo e lhe contaria toda a verdade. Prometi a mim mesmo que jamais voltaria a mentir pra Dulce.

Eu a faria feliz. Ela e os nossos filhos. Seriamos uma família feliz e cheia de amor. Exatamente como sonhamos há muito tempo atrás.

Ficaríamos velhinhos com nossa casa cheia de netos correndo pra lá e pra cá e nos lembraríamos de como foi difícil a nossa história. Eu contaria aos meus filhos omo me apaixonei pela garota de cabelos de fogo mais bonita do mundo e como foi difícil reconquistá-la depois de partir seu coração. E assim viveríamos felizes até que um dia a vida resolvesse levar nós dois.

The Last Hope - VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora