POVs Christopher Von Uckermann 09

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Um dia chuvoso na Cidade do México. Estou saindo da Universidade para ir até a empresa do meu pai que deseja falar comigo. Atravesso a congestionada cidade, estaciono na frente do prédio e entro.

— Mandou me chamar pai? — Perguntei enquanto entrava na sala dele. Odiava aquele lugar, odiava as pessoas que entravam e saiam dali, até o cheiro ali me deixava mal. Todas tão corrúptas, tão ignorantes. Pensar que um dia meu pai quer que eu assuma aquilo me dá náuseas. Se fosse apenas trabalhar, tudo bem, mas isso significa me envolver com as pessoas que eu tanto desprezo e ainda colocar um sorriso no rosto fingindo ser gentil.

— Sim. Feche a porta. — Obedeci e me joguei na cadeira à sua frente. — Tenha modos Christopher. — Dei de ombros pegando uma de suas caras canetas e comecei a brincar com ele. — Sabe quem esteve aqui?

— Zilhões de milionários cafetões? Isso não é novidade.

— Sua amiguinha Dulce. — Me arrumei na cadeira o olhei. Dulce ali? Ela nunca soube onde era a empresa, isso seria impossível. — Esteve aqui há pouco mais de uma semana, e olhe o que você me arrumou Christopher.

— O que ela queria? — Perguntei ainda sem acreditar que isso fosse verdade. Não consigo falar com Dulce tem mais de um mês. Desde que ela me mandou ir e não voltar nunca mais. Se ligo em seu número dá número inexistente, se ligo para a irmã, chama até cair na caixa postal, e sempre que ligo para a casa, geralmente batem o telefone na minha cara assim que escutam minha voz. Tentei ir na casa dela algumas vezes mas ninguém atendia.

— Dinheiro, o que mais essas garotas que você fica quer?

— Dulce não liga pra dinheiro pai, ela não é uma garota qualquer. — Eu estava certo disso, tão certo como quando ela quis me matar por descobrir o quão rico eu era.

— Ah não. Então me explique melhor sobre ela ter inventado uma gravidez e pedido dinheiro para não abrir a boca. O famoso golpe da barriga, não?

— Gra... grávida? — Arregalei ainda mais meus olhos. — Dulce está esperando um filho meu?

— Oh não. Não se anime cedo de mais, Alexander. Foi apenas uma mentira dela, já verifiquei isso. — Ele falava calmo, calmo até de mais pra ser verdade.

— Dulce não faria isso pai. — Falei me recusando a acreditar nisso. Ele virou a tela do computador pra mim e me mostrou a ruiva de costas entrando em sua sala. Dulce fez isso mesmo. Levantei-me na intenção de sair dali e ir direto vê-la..

— Ela foi embora Christopher. — Disse, como se estivesse lendo minha mente. — Eu até iria atrás dela, mas a garota foi embora sem falar com ninguém. Nem os pais sabem onde ela está. — Saí batendo a porta sem querer saber de mais nada. Me recusava a acreditar que Dulce tinha feito aquilo. Provavelmente ela tinha feito isso para se vingar de mim. Mais do que justo. Eu menti pra ela por mais de um ano e agora ela estava se vingando da pior maneira: Se mostrando algo que ela não é.

Atravessei uns cinco sinais fechados, ultrapassei onde não devia, acelerei mais do que podia, até perder o controle, entrar na contra mão e ir de frente com um outro carro, só me lembrava do acidente até o segundo capotamento, depois disso eu apaguei.

Acordei no hospital com minha mãe ao meu lado. A imagem de Dulce entrando na sala do meu pai e a voz de meu pai dizendo que ela tinha ido fazer ali latejavam em minha cabeça.

Parte do sentimento que eu tinha por ela estava destroçado. Como pôde fazer isso? Comecei a chorar. Doía tanto. Minha perna quebrada, minha testa e boca cortadas, o olho inchado, nada disso se comparava a dor que eu sentia.

Ao mesmo tempo que eu me sentia com raiva eu me sentia culpado. Era um misto de amor e ódio.

— O que foi filho? — Minha mãe me olhava com pena. Tinha os olhos vermelhos. Provavelmente havia chorado desde o instante que ficou sabendo do acidente até agora. — O que está sentindo?

— Tanta dor mamãe.

— Oh meu amor, vai passar. — Ela acariciou minha bochecha. — Olha, eu vou chamar o médico pra ele pedir que apliquem mais remédio pra dor. — Eu não falei nada.Talvez o remédio me ajudasse a voltar a dormir e me esquecer de tudo.

Justo agora que eu estava disposto a abandonar tudo e ficar com ela, apenas com ela, ela me apronta uma dessas.

Não foi nada fácil esquecê-la. Um ano depois, embora ainda contra a vontade do meu coração pedi Megan em casamento.

Talvez eu devesse esquecer Dulce de vez. Já havia passado um ano desde então e Dulce nunca mandou notícias, nunca deu explicações.

The Last Hope - VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora