Já haviam passado três dias desde que minha mãe soube o que estava acontecendo. No dia seguinte ao ocorrido ela me procurou para saber o que realmente estava acontecendo. Resultado disso que ela saiu de casa, está na casa de uma amiga por tempo indeterminado, embora eu a tenha chamado para morar comigo. Não tenho mais emprego também. Na verdade eu me recusei a voltar lá, mas prefiro que Dulce pense que eu tenho um emprego. Está um caos na minha família com essa história.
— Um whisky, por favor. — Pedi ao barman enquanto me sentava na banqueta olhando à minha volta alguns empresários nas mesas bebendo. Todos com suas míseras e enganosas vidas. Tomei um gole de whisky quando o barman colocou o copo sobre o balcão à minha frente.
Minha vida estava um caos. A mulher que amo me odeia, o pai em quem eu deveria confiar e me espelhar era o pior homem que eu conheci em toda minha vida, meu noivado era uma farsa e pra ajudar o meu filho, o meu pequeno que eu acabei de conhecer estava com uma doença gravíssima.
A espera pelo resultado do exame de compatibilidade era cruel. Minha esperança aumentou quando minha mãe me ligou dizendo ter feito o exame também. Torcia para que o dia chegasse logo e que fosse positivo, mas isso demoraria mais alguns dias.
Quando dei por mim já tinha tomado mais do que devia. A única coisa que eu tinha certeza é que eu não poderia dirigir daquela maneira. Peguei um taxi torcendo para me lembrar no dia seguinte onde teria deixado meu carro e fui para meu apartamento.
— Ucker. — Uma voz sussurrou em meus ouvidos quando eu estava desmontado no sofá da minha sala. Abri meus olhos e vi Megan em uma imagem meio borrada. — Olha só pra você, está destruído. — Tornei a fechar meus olhos. Eu só podia estar sonhando. Disse a ela que queria ficar sozinho. — Eu vou te levar pra cama, vem. — Megan me ajudou a levantar do sofá e com dificuldade me levou até o quarto. — Porque foi beber dessa forma hein? Está querendo se matar ou o quê?
— Me deixa. — Fechei meus olhos.
Acordei no dia seguinte e a primeira coisa que vi foi Megan ao meu lado, abraçada a mim, apenas de calcinha e sutiã em baixo do edredom. Uma de suas pernas sobre meu quadril e eu apenas de cueca. Tentei me lembrar o que havia acontecido, mas tudo que me lembrava era dele me deitando na cama.
Levantei-me e fui tomar um banho. A cabeça latejando de dor e o pensamento no fato de ter me dormido com Megan. Terminei de tomar banho, vesti apenas uma calça de moletom, fui até a cozinha, preparei um café expresso e me sentei no sofá assistindo.
— Bom dia. — Senti as mãos macias de megan sobre meu ombro. — Dormiu bem? — Ela beijou atrás da minha orelha.
— O que rolou entre a gente essa noite Megan?
— Como o que rolou? Você não se lembra? — Ela deu a volta no sofá e se sentou ao meu lado. Tinha um ar de ofendida em seu rosto.
— Depois de beber tanto, estranho seria eu me lembrar Megan. — Dei de ombros.
— Foi maravilhoso. Fizemos a noite toda, você foi bem selvagem. — Ela mordeu seu lábio inferior. — Hmm, o que está tomando?
— Café.
— É véspera de natal hoje. Já sabe onde vai passar? — Não respondi. Sequer estava me lembrando que dia era hoje. — Eu ia passar com meus pais, mas se quiser posso ficar com você.
— Eu tenho compromisso, Megan. — Menti. Mas se não tinha, inventaria um.
— Vai passar com seu filho né? — A olhei. Seria uma ótima ideia, se Dulce não resolver me chutar para fora.
— É. É isso mesmo e acabei de me lembrar que não comprei presente nenhum pra ele ainda, então, eu vou me arrumar e ir procurar alguma coisa legal pra ele.
— E quando é que vou poder conhecê-lo?
— Se depender da mãe dele, nunca. Ela não quer que ninguém o conheça. — Levantei-me, deixei a caneca sobre a mesa de centro e fui para o quarto.
A noite, quando cheguei no hotel fiquei sabendo que Dulce não estava. Segundo a recepcionista ela tinha saído fazia umas duas horas. Foi preciso uma boa volta na cidade até me lembrar onde ela poderia estar. Dei a volta no virador e segui rumo à casa dos pais dela. Foi o pai dela que abriu a porta para mim.
— O que faz aqui? — Seu tom de voz estava ainda mais frio que o tempo.
— Vim ver o meu filho.
— Dulce sabe disso? Ela não falou nada.
— Então ela está mesmo aí? — Ele se manteve calado. — Olha, eu sei que você me odeia pelo que eu fiz sua filha passar, mas eu não começarei fazer um discurso aqui. Eu realmente amo a sua filha, mas sei que ela nunca vai me perdoar. Só que o Enzo não tem culpa disso, e eu gostaria de passar o primeiro natal junto dele. Eu comprei até um presente, mas só poderei entregar se o senhor me autorizar a entrar. Eu sei que você ama suas filhas, e sabe como é ser pai, então deixe-me aproveitar o que eu perdi do meu filho.
— Definitivamente não é pra mim que você precisa dizer essas coisas. — Ele deu passagem. — Ela está na sala.
— Obrigada. — Entrei e fui até a sala. O local estava exatamente igual como da última vez que entrei ali.
— O que está fazendo aqui? — Dulce perguntou ao me ver parado na porta. Ela estava deitada no sofá conversando com a mãe.
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The Last Hope - Vondy
FanfictionÀs vezes, por mais que a gente tente fugir daquilo que um dia nos fez mal, o destino insiste em nos levar de volta ao ponto inicial. A gente se esconde, foge para lugares desconhecidos, tenta começar uma vida nova, apagar o passado e seguir em fren...