POVs Christopher Von Uckermann 20

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Dulce me pediu para ficar com Enzo. Não sei exatamente o que ela queria fazer mas nessa história toda tinha algo a ver com meu pai. Sei disso porque ela me pediu a conta bancária dele. Me dá medo tudo isso, mas eu não discuti. Seja lá o que ela quisesse fazer eu apoiaria.

Fiquei com Enzo na CTI por uns minutos mas ele foi transferido de volta para o quarto. Fiquei tão feliz por isso. Ele estava cansado, então peguei um livro que encontrei no meio dos brinquedos dele e comecei a ler pra ele. Não sei se ele estava entendendo algo, mas parecia atento.

Sei que ele não me reconheceu, mas não o culpo. Estive presente por tão poucos dias com ele e ele era tão pequeno. Espero que eu consiga reconquistá-lo novamente.

Dulce voltou parecendo mais leve, como se tivesse tirado um peso enorme de cima de si, e com ela veio o tal senhor Lewis. O avô de consideração de Enzo. Por um momento me esqueci dele e até pensei na possibilidade de o namorado dela ser o tal chefe. Me senti aliviado por não ser nada disso.

Estava tudo tranquilo, até o namorado dela aparecer eufórico no quarto e Enzo o chamá-lo de pai na minha frente. Dulce não tinha mentido sobre isso.

— Eu sou o seu pai Enzo. Papai. — Me apontei. — Eu sou o seu papai.

— Não. Papai. — Enzo apontou Brian fazendo um biquinho de choro.

— Oh meu amor, não chora. — Dulce fez um carinho no rostinho dele.

— Você não vai falar nada Dulce? — Fiquei estarrecido com isso. Dulce viu Enzo chamar o imbecil do Brian de pai na minha frente e não fez nada.

— E o que quer que eu fale Christopher? Ele vai fazer dois anos, ele não entende nada ok? Faça por merecer e quem sabe um dia ele te reconheça como pai.

— Pode vir comigo? É urgente.

— O que foi? Aconteceu alguma coisa?

— Sim, você precisa vir comigo. E bom... se ele quiser vir, pode vir também. -Ele estava falando de mim.

— Vão lá os dois, eu fico com meu neto.

Apesar de não perguntar nada eu fui. Sabia que era algo a ver com Enzo e eu não poderia deixar de ir.

— Entra. — Brian abriu a porta do consultório do oncologista de Enzo. — Acho melhor você se sentar.

— O que foi Brian? Está me assustando.

— Está tudo bem. — Dulce se sentou e eu fiquei de pé.

— Será que dá pra me falarem o que está acontecendo?

— Bom dia Dulce. — O oncologista desejou. — Como tem ido?

— Por favor, fala logo, o que é?

— Aconteceu algo que bom... se eu não tivesse vendo com meus próprios olhos, eu não acreditaria. — A pesar do medo do que o oncologista iria falar, eu senti uma coisa boa saindo de sua voz. — Adoraria dizer que seu filho estar curado, mas ainda não posso dizer isso. Mas eu tenho uma ótima notícia pra dar a você.

— O que é?

— Chegaram hoje os resultados de mais alguns exames de compatibilidade e bom... — O vi passar duas folhas para Dulce, mas logo ela as deixou cair de suas mãos. — Eu estava analisando e dois deles são compatíveis com o Enzo. — Não consegui ter reação ao ouvir isso. Apenas observei Dulce ficar histérica e chorar.

— Oh meu Deus. — Ela parecia nem saber mais onde estava, eu comecei a chorar me dando conta do que estava acontecendo. — Eu... eu... — Ela passou por mim, abriu a porta e saiu. Fui atrás dela.

— Dulce. — A chamei. — Ei. — A segurei fazendo-a me olhar — Você ouviu? — Ela assentiu e eu a abracei forte.

— O meu menino vai ficar bem Chris.

— Eu sei, eu sei. — Colei minha testa à dela deixando minhas lágrimas falarem por mim. O nosso menino ia ficar bem, ele ia sobreviver, ele ia se livrar de tudo isso.

— Eu... ah meu Deus. — Dulce se soltou e saiu correndo, como se tivesse vontade de gritar. Eu não fui atrás. Ela precisava disso.

Depois de um tempo Brian foi buscá-la e então o oncologista continuou a falar e a explicar tudo.

Aconteceram três coisas boas naquele dia. Primeiro: Encontraram um doador compatível com meu filho. Segundo: Dulce afirmou que o filho que estava esperando era realmente meu. E terceira: Brian terminou com ela.

Segundo ele, podia ver em nossos olhares como a gente se olhava, como a gente se amava. Era verdade. Nos amávamos mas ainda havia uma barreira gigante a ser quebrada. Eu precisaria de muito mais até conseguir reconquistar a minha garota. Só não tinha pensado em como.

Os dias foram se passando e com isso fui ganhando a confiança do meu pequeno.

Consegui convencer Dulce que eu tinha que participar da consulta dela com o obstetra. Estava tão ansioso para ver o meu bebê que crescia confortavelmente no ventre dela. Um dos maiores alívios é pensar que ele nunca precisará passar por nada, porque Enzo já tinha um doador. Dulce não me deixou saber o sexo do bebê, mas tudo bem. Uma hora descobriríamos. Na verdade, pra mim o sexo não importava. Eu só queria que nascesse com saúde. Me dá medo só de pensar que essa história volte a se repetir.

Durante os dias que se passaram, comprei um apartamento exatamente como Dulce sonhou um dia próximo ao Central Parque. Era perfeito e tinha uma vista maravilhosa. Espaçoso onde nossos filhos poderiam brincar a vontade, sem ninguém atrás deles dizendo que iriam quebrar alguma coisa. Comecei a mobiliá-lo de acordo com o que le lembrava dos gostos de Dulce.

Quando ele estava mais apresentável eu a levei ao apartamento. Mostrei-lhe todo o apartamento. O quarto de Enzo que já estava pronto para ser utilizado. O dela (que ainda tinha esperança que fosse nosso também já estava pronto. O do bebê ainda não estava pronto, mas faltava pouca coisa. Usei o dinheiro que deveria ser dela para comprar esse apartamento. E com o meu eu mobiliei. Faltavam bastante coisas, mas eu chegaria lá. Dulce merecia isso e sei que é bem mais fácil ela aceitar o apartamento do que o dinheiro. Eu só teria que arrumar uma maneira de contar a ela sem que ela me jogasse pela janela.

— Christopher, espera. Isso não está certo. O que você pensa que está fazendo?

— Não gostou?

— Está tentando me comprar Christopher?

— Assim você me ofende Dulce. Não estou comprando você.

— Christopher, eu não tenho como pagar nem a terça parte desse apartamento.

— Isso não é pra você Dulce, é para os meus filhos. Está no nome do Enzo e assim que o bebê nascer, metade será passado ao nome dele.

— O Enzo já tem um apartamento no nome dele, e vivemos muito bem lá, não precisamos disso.

— Dulce, pelo amor de Deus, pelo menos uma vez na vida deixe seu orgulho de lado. Você e os meus filhos merecem isso e muito mais. — Acariciei seu rosto. — Pense pelo lado bom, você pode alugar o apartamento que vive e aumentar a renda. Eu ouvi você dizer a Scarlet que o seu salário mal está dando pra pagar as contas e pagá-la. Vai precisa de uma renda extra pra poder sustentar dois bebês, porque o Enzo ainda é um bebê, e bom, eu vou pagar pensão aos dois, pelo menos até conseguir reconquistar você.

— Você está me dando um apartamento que mais parece uma mansão e você vai morar onde? Vai voltar para o México?

— Não. Eu comprei um loft há umas duas quadras daqui. É lá que estou morando, e o bom é que se precisar de alguma coisa estarei por perto.

— Christopher, eu não posso aceitar. É muita coisa.

— Não aceito não como resposta. — Entreguei a chave a ela. — Nome do Brian, futuramente desse bebê, em usufruto seu. Pensa que o Brian terá espaço suficiente para brincar, correr, sem derrubar nada. E está perto do parque, poderá ir lá com eles sempre.

— Eu não sei Christopher. — Sabia que ela estava prestes a ceder. É exatamente como ela me descrevera há alguns anos atrás. Quem diria que esse sonho se realizaria?

— Olha essa vista. Imagina acordar todos os dias e ver isto. Aliás, quero que você veja a cozinha, é igual a que você sempre sonhou.

-Tem bancada no centro? — Assenti. — Sério?

— Vamos lá ver. — A levei até o outro corredor que dava para a cozinha. A porta meio vai ser um escritório, aquela porta é a sala de TV, e aqui é um lavabo. E bom, essa aqui é a porta para a cozinha. — Fiquei olhando a cara dela, mas ela era uma boa atriz. Não demonstrou nada.

— Isso é golpe baixo Christopher.

— O quê? Eu realizar um de seus sonhos? — Ela deu a volta pela bancada observando o local que estava um pouco empoeirado devido ao fato de não ter sido limpo ainda e o restante do apartamento estar sendo decorado.

— É melhor a gente voltar, o Enzo está sozinho.

— Tudo bem. — Dulce parecia estar chateada agora. — Promete que vai pensar no assunto?

— Vou precisar de alguém pra limpar isso aqui pelo menos uma vez na semana. — Dulce deu um sorriso e saiu em direção à sala. Eu só consegui pensar em uma palavra: CONSEGUI.

The Last Hope - VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora