3. JAUREGUI

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– Então Lauren, nunca te vi por aqui. é de que bairro? – ela perguntou.

– Uh, eu não sou daqui, só venho para Buenos Aires nas ferias, minha vó mora aqui, então venho visita-la, ela mora à uma quadra daqui.

– Ah, sim.

– Eu sou do Brasil – falei.

– Ah, que legal! Eu sou do Rio, porem, me mudei para Buenos Aires com meus pais, por conta do trabalho deles, faz uns 5 anos que moro por aqui – ela disse.

Eu sorri prestando atenção em cada detalhe e gesto que ela fazia.

– Eu pretendo morar aqui, as coisas no Brasil não estão muito bem – suspirei engolindo um pouco de magoa por lembrar do que havia acontecido entre eu e minha mãe - Eu prefiro ficar aqui com a minha vó, mas tenho pessoas especiais no Brasil e não queria deixa-los.

Ela ficava atenta em tudo que eu falava.

– Entendo, essas pessoas são seus pais, certo? – ela perguntou.

Uma dor tomou conta de mim, realmente eles eram especiais, mas não eram eles que estavam em meus pensamentos quando disse "pessoas especiais". No fundo eles eram especiais sim, mas eu não os fazia isso, eu pensava que sempre, meus amigos eram melhor que eles, por um lado, eu sabia que não era, por mais que eles, não me deem a atenção que deveriam dar.

– Não, são meus amigos de escola, mesmo – dei um sorriso fraco - Meus pais, – sorri debochado – Meus pais nem ligam pra mim – terminei.

– Oh, os meus também não estão nem ai pra mim, meu pai se mata de trabalhar, gosta mais de trabalhar do que ficar em casa, minha mãe ainda consegue ficar em casa quando estou acordada; já meu pai chega de madrugada. Ele fica viajando muito a negócios. – ela disse com suavidade em sua voz. – Mas, pense por um lado – ela colocou sua mão direita sobre minha perna, o que me fez olha-la. – Você está crescendo, um dia terá que sair de casa e viver sua vida, quando cedo, melhor. – ela sorriu – Tenho vontade de ir morar em outro país. – ela continuava a me olhar – Mas não é qualquer país.

– Eu penso como você, mas é que meus pais nunca me deram a atenção que eu merecia, ou talvez nunca mereci, eu sinto falta, e pra piorar, eles estão separados. Meu pai tem outra família – suspirei ao lembrar dos pirralhos – E eu moro com minha mãe no Brasil – a fitei e ela me observava - E também tenho vontade de morar em outro país, que não seja o Brasil e nem Argentina, quero algo novo. Sempre pensei em Londres – ela abriu um sorriso – Londres, me da um ar de paz.

– Que coincidência, meu sonho também é morar em Londres – ela não parava de me olhar – Lá parece um paraíso, só vi por fotos, mas parece ser um paraíso. – ela disse.

– É verdade, parece o paraíso - abaixei meu olhar para sua mão que acariciava minha perna e logo voltei a olha-la nos olhos. Ela estava sorrindo e fixada em meus olhos. – O que ? – passei a mão no meu rosto – Tem algo no meu rosto? – ela soltou uma risada.

– Não – sorriu de lado – É seus olhos, são lindos – fiquei corada com a fala da garota e desviei os olhares – Acho que ele mudou de cor enquanto estávamos conversando – voltei a olha-la – antes estava verde, e está meio cinza agora.

– É – sorri para ela - Às vezes ele muda de cor.

– Isso é lindo – ela sorriu com a língua entre os dentes e pendendo a cabeça um pouco.

Retirei o celular de meu bolso, olhando as horas. Já deveria ter voltado para casa de minha vó, me perdi no tempo conversando com ela.

– É... eu tenho que ir, minha vó pode estar preocupada porque sai de lá faz um tempo – falei.

CASH MONEYOnde histórias criam vida. Descubra agora