43 - Revelations

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23 de Setembro de 2014, 12h00 p.m – Condomínio The Luxury, Jardim – Candice Smith.

- Hã? – Digo confusa. – O que tá acontecendo? – Franzi o cenho. – Isso é algum tipo de piada, Kamilla? Por que se for, é melhor parar. – A olhei friamente.

- Não, não é! – Passou as mãos debaixo dos olhos. – Eu tenho que te pedir desculpa, eu preciso fazer isso, eu preciso. – Andou de um lado para o outro. – Eu sei, sei o que passou, eu sei o que o Justin e seus familiares sentiram. É uma dor insuportável, uma dor que parece que nunca vai passar, a dor de que a qualquer momento você pode perder a pessoa que você mais ama nesse mundo. – Ela falava tudo muito rápido, olhando para todos os lugares. – Eu perdi uma pessoa muito importante pelo câncer cerebral, dos sintomas ao diagnostico, do tratamento as consequências eu estava todo tempo ao seu lado. Eu praticamente senti a dor que ele sentiu, eu senti, aqui no meu coração os efeitos colaterais que ele sentia. Eu passei por tudo isso que seus pais, seus amigos e Justin passaram, mas eu passei o pior: a morte. Eu vi, eu o vi morrer, eu estava lá, ele estava pedindo ajuda, mas eu não podia fazer nada, nada Candice. Eu perdi o amor da minha vida pelo câncer. – Soluçou. – Por isso e por outras coisas, eu peço pra você, carecidamente que me perdoe, Candice. – Dessa vez, ela falou olhando em meus olhos que essa altura estavam mais que arregalados, enquanto via os dela, vermelhos e transbordando dor.

Mas, quem era ele?

- Noah Fresh, ele era filho de um dos sócios do meu pai, - fungou – nós nos conhecemos em uma confraternização da empresa, viramos bastantes amigos, isso aos nossos 14 anos de idade, aos 15 anos começamos namorar. Nós éramos felizes, eu não era assim, eu era feliz, eu não era desse jeito amarga, que gosta de pisar nas pessoas pra quê eu possa me sentir melhor, não, eu não era assim. No meio do ano, ele começou até alguns sintomas da doença, por insistência minha e ter falado pros seus pais, ele foi para o hospital e diagnosticado com câncer cerebral. Eu dei maior força pra ele fazer o tratamento, o ajudar, mas no fundo eu estava destruída. Poxa, o amor da minha vida tava com câncer.

"No final do ano, no final de outubro, nós estávamos voltando do shopping, apenas nós dois e foi apenas nós chegarmos em sua casa que ele começou a passar mal. Noah não estava conseguindo respirar direito. Eu simplesmente não consegui fazer absolutamente nada, apenas pedi pra a empregada ligar para uma ambulância e gritar o nome de seus pais. Mas, a merda da ambulância demorou muito, ele não resistiu. A cena que não sai da minha cabeça é ele me olhando pedindo ajuda, ele agonizando. Ele sentiu dor, eu não queria que ele sentisse dor. – Limpou as lagrimas. – Eu não consegui lidar com a sua morte, eu praticamente entrei em depressão. No ano seguinte, mudei de escola, fui pra onde estudamos hoje e me tornei o que eu era até saber que você estava com câncer. – Olhou para baixo. – Por favor, diz que me perdoa. Eu preciso ouvir da sua própria boca que me perdoa. Eu fiz tantas tolices com você. Por favor."

Eu, não conseguia falar absolutamente nada. Eu estava em choque.

Kamilla era daquele jeito por sofreu no passado. Ela amou, amou de verdade e não por interesse. Sabia que debaixo de toda carapuça, de toda fachada tinha acontecido algo pra ela ser assim.

- Você tá fazendo isso por pena? – Falei.

- Não, claro que não. Eu estou arrependida. Isso tudo me fez pensar, em tudo. O quanto eu tinha mudado, mas não foi uma mudança boa, não foi mesmo. Candice, eu pisava nas pessoas pra me sentir melhor.

- É, eu sei. – Suspirei. – Eu sinto muito pelo Noah.

- Não, tudo bem. Eu acho eu assim: uma hora ou outra algo de ruim tem que acontecer, por que você querendo ou não, essa é a vida. A filosofia do ser humano é sofrer e ser feliz. Nós temos que estar prontos pra tudo!

- Eu te perdôo.

...

- Você pode ficar se quiser. - Digo ainda segurando a enorme porta da mansão.

- Não, não precisa. Eu ainda tenho que me desculpar com muita gente. – Riu baixo.

- Tudo bem, Kamilla. Então, tchau. – Acenei e ri.

- Tchau e melhore o mais rápido possível. – Sorriu e foi embora e eu fechei a porta.

- O que ela queria?

- Oh meu Deus. – Espantada. – Não interessa a vocês. – Digo saindo dali.

- Nem a mim? – Disse vindo atrás.

- Nem a você, Justin. – Virei pra todos e disse: - E vamos curtir a minha festinha. Uhul! – Ergui as mãos para o alto.

Fui à mesa de doces, quando eu ia pegar um dos diversos doces, batem em minha mão.

- Você não vai comer isso, mocinha. – Olhei e era Lissa.

- Claro que vou, isso não foi feito pra mim? – Rodei o dedo.

- Sim, tudo isso, menos os doces, salgados... – Disse sorrindo.

- Ah cara, isso é injusto. Eu também tenho que festejar.

- Não, claro que você vai festejar, mas sem doces e salgados.

- Pelo amor de Deus, vocês são um pé no saco. – Bufei saindo dali.

- Apenas queremos o seu bem. – Gritou.

Como Kamilla queria ao Noah e ele morreu, de câncer ainda por cima.

"Mas Noah não estava curado e você tá!"

Suspirei e fui em direção à caixa enorme que tinha no canto da sala, onde tava alguns de meus amigos pegando ao dentro. Aproximo-me e vejo algumas espécies de quadrados, retangulares virados.

- O que é isso? – Pergunto à Brooke.

- São alguns cartazinhos customizados, pra tirar foto, olha. – Pegou um quadrado, virou pra mim e vi que era uma janela do Instagram, com uma legenda "Eu venci o câncer" e no centro, o quadrado vago para irmos para trás, por o quadrado da janela na nossa frente e tirar foto.

- Ai que legal. – Deixei aquele inclinado ao "pé" da caixa e peguei outro, um retângulo com a seguinte frase: "É a cada passo que se recomeça..." peguei um que era um tipo de balão e tava assim: "Vencendo o câncer". – Vem, tira uma foto minha. – Digo pra Brooke.

- Okay. – Disse entusiasmada.

Peguei a janela do Instagram, posicionei a minha frente, com uma mão, tirei o lenço da minha cabeça e sorri.

- Diga X. – Falou alegre Brooke com a câmera do celular em mãos.

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