Assim que saimos de casa deparamos com um caos enorme, as ruas estavam lotadas de pessoas correndo para todos os lados, os Raveners estavam invadindo as casas e colocando fogo nelas. Havia, ao todo, seis casas pegando fogo só naquela rua. Corremos entre as pessoas para chegar ao fim da rua, e viramos a esquina que parecia estar em mais caos do que a de onde viemos.
Nós nos esquivamos de novo das pessoas e fugimos dos Raveners que estavam na rua, mesmo que seja raramente a encontra-los. Corremos o mais veloz que podiamos ir no meio da bagunça, todas as três tentando achar um lugar seguro para ir.
Ao chegar na outra esquina, olho para todos os lugares, em frente havia mais bagunça do que atrás, a direita a rua inteira estava ardendo em fogo, a melhor opção era virar a esquerda, tinha no máximo umas vinte e cinco ou vinte e quatro pessoas correndo e uns cinco Raveners tentantando ataca-las.
Corremos na Avenida Poirot, minha faca em punho. Nas calçadas, deitados no chão aos montes, havia cadáveres de todas cores, idades e tamanhos, em todos os lugares em que você olhava, havia dez mortos e uma viva correndo de um Ravener, ou meio.
Depois de sair correndo por dez quarteirões, achamos um lugar que parecia estar tranquilo e olho para trás com remorso. Todo o lado Leste da cidade estava devastada e brilhando em cores vermelho e laranja do fogo. Pelo que eu sei, estavamos no início da área Sul, bem na rua que separa as duas áreas. Cada parte da cidade tinha vários e vários quilômetros. Sorte a nossa morar perto dos limites da área Leste ou se não, teriamos de correr mais para nos salvar. Só tinha um problema, ficamos longe do perigo, mas também haviamos nos afastado do Norte, onde o grupo de imunes se encontrava.
Diminuímos o ritmo da corrida quando estavamos a vários quilômetros de casa e estarmos caminhando em direção a Oeste. Este lado da cidade estava quieto e calmo, os Raveners não tinham chegado aqui ainda, mas algum dia eles chegariam.
As casas estavam vazias, portas e janelas estavam abertos e nenhuma luz. As pessoas que moravam ali devem ter ido para o Norte ou para o Oeste, a procura de abrigo. Felizmente, ia demorar um pouco para o caos chegar junto com os infectados e mais doença espalhada por aí, eu já estava preocupada com o estado de Cláudia, se ela se mexer muito, a doença vai se espalhar pelo corpo dela mais rapidamente do que se ela ficasse parada. Não bastava a doença ser transmitida por um mosquito, que pelo menos foi extinto, agora a doença é transmitida de um Ravener para um não imune, o que era mais difícil de nos livrar.
- Precisamos encontrar uma casa segura que tenha um sótão. - Digo para as duas e observei Cláudia, que estava em péssimo estado, estava suando frio e parecia prestes a desmaiar. - É noite e precisamos descansar, principalmente Cláudia.
Tata se aproximando de mim, envolvendo minha perna com os bracinhos finos. Olho de um lado para o outro, até avistar uma casa considerável, provavelmente havia comida, roupa, água e algumas camas e colchões que poderíamos arrastar para o sótão, onde será mais seguro de dormir caso algum Ravener decida se afastar e vir para essas bandas.Me direciono à casa de coloração azul, número 410, somente o nome da rua me fugiu da cabeça, a casa tinha dois andares e um janelinha pequena perto de teto, indicando que a casa tinha um sótão.
A porta da casa estava escancarada e dava para um corredor. No corredor havia três portas e vou para a terceira, acertando em cheio onde ficava a sala de estar com uma escada para o segundo andar.
Começamos a subir a escada e falo:
- É melhor nós procurarmos um quarto.
- Não tínhamos decidido dormir lá em cima - Disse Cláudia apontando para cima.
Abro a primeira porta, mas era um banheiro, seria útil depois, mas não agora.
- Precisamos de um ou dois colchões para podermos dormir, certo?
Na segunda porta que escolho havia uma biblioteca com alguns livros nas prateleiras e outros no chão. Me aproximo da próxima porta e a abro devagar, para não fazer barulho. Desta vez eu acertei, dentro do cômodo tinha uma cama de casal,quatro travesseiros e um cobertor.
- Me ajudem a pegar as coisas aqui por favor - Tata e Cláudia balançam a cabeça em concordância - Tata? Leva para mim o cobertor e os travesseiros? Não precisa pegar todos de uma vez, tá?
Tata me obedece e pega dois travesseiros e o cobertor e saí do quarto, esperando eu e Cláudia no corredor. Me direciono à minha melhor amiga e falo:
- Me ajuda a levar esse colchão para o corredor?
- Claro.
Eu e Cláudia pegamos as pontas do colchão e o viramos para a vertical e assim arrastar ele para onde fica o sótão, só que nós não sabíamos onde fica o sótão.
Pedi para Cláudia segurar o colchão enquanto eu ia procurar a porta que dava lá para cima. Atravessei o corredor e me deparei com um quadrado com uma cordinha no teto, indicando onde o grupo ficaria.
Puxei a cordinha e uma escada desceu. Subi a pequena escada e dei uma olhada ao redor, tudo estava coberto de poeira, até o ar estava carregado com as pequenas particulas. Me encaminho para uma janela no final do cômodo e a abro.
Voltei para o quarto onde estava Cláudia, e a ajudo a carregar o colchão até onde estava a mini escada, subo-a e pego a ponta do lençol. Começo a puxa-lo para cima até ele se encontrar no meio do sótão com Tata pulando em cima e os três travesseiros espalhados.
- Vocês podem dormir primeiro, eu fico de vigia, ok?
- Quando estiver com sono é só me acordar. - Cláudia falou aquilo como se fosse uma ordem.- Não acho que precisa...
- Você também tem que dormir e se ficar cansada vai acabar dormindo durante seu turno.
- Tá bom, te chamo depois. Vou dar uma olhada na casa. - Digo enquanto caminho até a porta do sótão e empurro o quadrado que logo desce com a escada, mas como não é alto, dou um salto e logo me encontro no corredor escuro e sem janela.
Vou para a escada e desço para o primeiro andar e entro na sala de estar, que estava silenciosa e fria. Me direciono para o corredor e abro a primeira porta que achei, dentro havia um quarto vazio. Na segunda porta tinha apenas uma sala com uma poltrona e vários quadros com fotos da família que morava ali antes dos ataques começarem. Me aproximo e dou uma olhada neles, era uma família com quatro pessoas, o pai, alto e moreno que parecia ter trinta a quarenta anos, a mãe, baixinha, com um sorriso enorme no rosto, aparentava ter vinte e cinco anos, era ruiva e com olhos enormes e castanhos, e também havia os filhos, um garoto de cinco anos e uma garota de três, que se pareciam muito com seus pais.
Saio do grande "álbum" em forma de cômodo e volto para o segundo andar. Entro na biblioteca, o único lugar da casa que me confortava. Pego um livro que me chamou a atenção, a capa era verde e o título dorado, tinha duzentas páginas e o título era A 5º Onda, parecia bom e eu sempre quis ler. Me sentei no canto e abri a primeira página.
Quando estava quase no meio do livro, escuto um barulho vindo do corredor, pego a faca que estava do meu lado e vou à porta, abrindo-a devagar e quando ela se abre inteira, vejo que quem fez o barulho era Cláudia.
- Quase que você me mata de susto. - Sussurro para ela - Achei que era um Ravener.
- Ok, mas eu não apontei uma faca para você. - Responde ela olhando a lâmina prateada - Desce essa coisa pontuda, antes que me fure de verdade.
Guardo a faca na bainha que eu fiz.
- Por que você está aqui? Não conseguiu dormir?
Olho para o meu relógio, ele indicava 4:30, eu estava de vigia por seis horas.
- Você tem que dormir um pouco.
- Não precisa, dou conta de aguentar mais um pouco - Digo entre um bocejo - Pode voutar a dormir.
- Você está com sono, só não quer adimitir. Precisamos de você com energia para a caminhada em direção a Oeste.
Concordo com a cabeça e vou para o sótão e encontro Tata dormindo como um anjo. Me aproximo e deito ao lado da minha pequena irmã e logo pego no sono, sem sonho ou pesadelo.
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A Epidemia
Science FictionPrimeiro veio os desastres naturais normais, depois veio uma explosão, a quem diz que foi clarões solares outros falam que foi um ataque alienígena, mas a realidade é que foram poucos os sobreviventes e ainda veio a doença, Ravener, esse é o seu...