Assim que acordei senti uma dor muito, muito grande mesmo, na cabeça. Tento levar a mão à onde eu tinha levado a pancada e descubro que meus braços e pernas estavam presos na cadeira em que eu estava sentada. Onde estou? Penso enquanto olho em volta, eu estava em uma fabrica abandonada, todo o local estava escuro, a única luz no ambiente era a da lua, que se espalhava sobre mim e o chão, ela vinha da janela acima de mim.
- Bom dia fofa... - Sussurrou uma voz feminina.
Cláudia saiu de trás de uma das máquinas, coberta pelas sombras. Ela se aproxima de mim e a lua banha ela com luz prateada.
- Como foi o cochilo? Três horas atrás você disse que não queria dormir. - Ela deu um sorriso estranho e se aproximou mais, ficando parada na minha frente.
Olho para o relógio no meu pulso, era 8:30, fiquei desmaiada por meia hora.
Cláudia se agacha na minha frente, ela tinha um sorriso frio no rosto, o que não me animou muito.
- O-onde estou? - Pergunto à garota na minha frente. -C-cadê minha irmã e Thomas?
- Calma fofa, eu lhe fiz uma pergunta e você não respondeu. - A mão dela vai para o cós da calça jeans e volta trazendo o seu revólver. - Vai responder? Ou terei de força-la?
- D-dormi bem, obrigada por perguntar...
Ela começa a acariciar meus cabelos e depois se levanta devagar.
- Você parece tão frágil aí, amarrada, sem nada para se defender. - Diz ela enquanto faz beicinho. - Você parece estar com fome, não está?
Balanço a cabeça em concordância e Cláudia se vira de costas para mim e vai até uma geladeira perto de uma das máquinas e volta com uma maçã na mão.
- Trouxe sua fruta favorita.
Ela se aproxima e senta no meu colo.
- Abre a boca. - Diz a ruiva com tom autoritário.
Abro a boca e ela coloca a maça perto o suficiente para eu morder, e é isso que eu faço. A maçã estava boa, fresca e doce.
- Bom isso - Sussurra a ruiva. - Coma mais.
Dou mais uma mordida, depois outra, até a maçã acabar. Cláudia joga o resto para trás e olha nos meus olhos.
- Agora eu mando em você... - Ela continuava no meu colo, me olhando como se eu fosse um cachorrinho abandonado. - Somente eu, agora você é minha e se não me obedecer... - Ela coloca o cano do revólver na minha têmpora. - Sabe o que vai acontecer não sabe?
Quando eu ia responder balançando a cabeça, ela me detém, falando pra eu responder em voz alta.
- Sei. - Minha voz saiu fraca e trêmula de medo. - Eu morro.
Ela volta a fazer carinho em mim, os olhos verdes estavam brilhando e focados em meu rosto.
- Onde está a minha irmã? - Pergunto nervosa, minhas mãos tremiam e minha voz ainda trêmulava.
- Não se preocupe, ela e o Thomas estão bem, longe daqui talvez. - Ela deu de ombros.
- O que você fez com eles?
- Eu? Nada! Ele que tentou atirar em mim! E errou por pouco.
Ela aproxima o rosto do meu rosto e apoia a testa na minha.
- Você não se importa mais comigo? - Continua a ruiva - Você só se importa com eles...
- N-não é verdade...
- Você se importa comigo? Fale a verdade, somente a verdade. - A arma volta a encostar na minha têmpora.
- É c-claro que me importo com você, afinal, não somos amigas?
Cláudia tira a arma da minha cabeça e se afasta um pouco de mim, mas continua em meu colo. Ela se aproxima de novo e beija minha bochecha e com toda a certeza que tenho, penso no quanto ela não está normal. Ela pega uma mecha do meu cabelo e começa a mexer nela, como se ela não tivesse acabado de me ameaçar.
- Você sempre foi muito especial para mim, mesmo não sabendo, ou entendendo meu amor de forma errada.
- De forma errada? Como assim?
- Vai me dizer que você já me olhou sem ser como uma mera melhor amiga? Como eu sendo algo a mais.
- O que quer dizer com isso?
- Como você me vê? Como amiga? Ou como uma pessoa que podia ser seu futuro?
- Você sempre foi uma ótima amiga, isso é o suficiente para mim.
- Mas não para mim. Uma simples amizade é pouco. - Ela rolou os olhos e depois se concentrou em olhar meus olhos. - E agora você é minha, mesmo não me querendo.
Meu coração estava disparado, minhas mãos estavam tremendo e eu suava frio. Eu queria não ter entendido o que ela falava, mas entendi, ela estava falando que é apaixonada por mim e que agora eu sou dela, eu querendo ou não.
Cláudia larga meu cabelo e suas mãos vão para debaixo da minha blusa. Um frio percorre pela minha espinha enquanto seus dedos frios percorrem minha barriga. Solto um gemido de nervosismo, mesmo não querendo e não parecendo ser apropriado no momento.
Então ela se aproxima de mim novamente e lambe minha bochecha.
- Eu te amo... - Sussurra ela em meu ouvido, parecia querer falar mais alguma coisa, mas um estrondo muito forte preencheu a antiga fabrica e Cláudia olha desesperada para um portão do outro lado de onde estavamos. - Eles chegaram mais cedo do que foi combinado...
Ela me deu um selinho e vai para a geladeira apressada, pega um copo com um líquido branco fosco e volta até mim.
- Beba - Cláudia colocou o copo a poucos centímetros de minha boca. - Ou vai virar lanchinho de Ravener.
- O que é isso? E o que está tentando entrar aqui? E...
Ela me interrompe com outro selinho e responde:
- Beba e tudo vai ficar bem - Agora ela parecia ser ela mesma, preocupada comigo, como uma mãe e seu filhote.
Bebo todo o conteúdo em um gole e sinto minhas pálpebras ficarem pesadas, escuto mais um estrondo e vejo Cláudia ficar mais desesperada, me olhando com terror estampados nos olhos.
- Abra! Senhorita Cláudia, abra a porta agora ou vai sofrer consequências.
Minha visão começa a ficar mais escura e embaçada e a última coisa que vejo é Cláudia encostar o dedo em seus lábios, fazendo um sinal para que ficasse em silêncio.
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A Epidemia
Science FictionPrimeiro veio os desastres naturais normais, depois veio uma explosão, a quem diz que foi clarões solares outros falam que foi um ataque alienígena, mas a realidade é que foram poucos os sobreviventes e ainda veio a doença, Ravener, esse é o seu...