Mais uma irmã!

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       Olhei para ela, incrédula, com o que La Chef  havia acabado de dizer. Olho para Thomas que também me  olhava, seu olhar perguntava a mim o que era aquilo, dou de ombros, pois também não entendi o que estava acontecendo.
     
Me aproximo dele e sussurro em seu ouvido:
    
- Eu escutei direito ou ela falou mesmo que eu sou irmã dela?
     
- É o que ia lhe perguntar agora! Não sabia que você tinha uma irmã mais velha.
     
La Chef continuou seu discurso:
     
- Hoje finalmente a princesa Ravener voltou para nós! Depois de quatorze anos separadas, nos reencontramos! Depois de minha mãe ter me dado pra a chefe de vocês, mesmo sem saber. Depois da morte dela, a dois anos atrás, eu me transformei na poderosa La Chef!
      
Pego a mão de Thomas e fico fitando todos presentes, depois do discurso, La Chef se vira para nós e nos leva para a frente, pegando nossas mãos unidas e as levantano para a multidão, que soltou vivas e exclamação de alegria. Depois disso tudo, minha irmã se afasta, conversando com os convidados, aperto a mão de Thomas levemente. Ele se vira e fica de frente para mim, me olhando com um de seus sorrisos.
        
- Quer dançar, princesa?
        
- Eu não sou princesa!
        
- Segundo sua irmã, é sim...
        
- Ela não é minha irmã!
       
Ele ri de mim e dou um sorriso tímido.
        
- Então, não princesa, vai dançar ou não?
       
Havia conhecido ele a apenas alguns dias, mas sinto que o conheço a anos...
       
- Vamos então, seu chato - falo pra ele, brincando.
         
Ele me guia para o centro do salão e eu deixo. Quando chegamos bem no centro de todos, começamos a dançar uma das músicas lentas que tocava. Me movimento lentamente, rodando em volta de um círculo imaginário. Olho em volta e vejo La Chef conversando com Felipe, que estava segurando Lucca. Lucca se debatia fortemente nas mãos de Felipe, que continuava segurando-o firme. Vejo o guarda balançar a cabeça em forma de sim e sai arrastando Lucca até uma jaula no canto da sala.
         
- Pelo visto, acharam o dono do bilhete. - Digo me virando para Thomas.
         
Ele sorri e me faz dar um giro lento e não sei o que ele faz em seguida, mas acabo em seus braços. Sinto minhas bochechas corarem, o rosto dele estava muito próximo do meu, da forma em que podia sentir sua respiração em meu rosto. Ele era mais alto, fazendo com que eu tenha de levantar o rosto para vê-lo. As mãos dele estavam ma minha cintura, o sorriso era encantador e podia deixar qualquer uma encantada e mesmo assim, a única namorada que ele já teve, foi Cláudia.
          
- O-oi. - Falo sem saber o que fazer.
          
Ele ri de mim e responde com o sorriso ainda no rosto:
          
- Oi! Seu rosto está vermelho, sabia?
          
- S-sei disso... - Um pensamento estranho atravessou minha mente, Meu primeiro beijo foi com Cláudia e o de Thomas também, que ironia. Sacudo a cabeça, tentando tirar a garota que mais odeio no mundo, da cabeça.
          
Ele pousa a mão em meu rosto e começa a se aproximar, meu coração estava a mil e ele foi interrompido pela voz de La Chef.
           
- Hoje teremos uma nova atração! - Diz ela para os Raveners. - Afinal, o que é uma festa sem a comida favorita dos convidados? Sem os... aperitivos? - Ela ri. - Hoje teremos a execução do nosso "fiel" ajudante, que acabou nos traindo, não é mesmo, Lucca?
           
Os Raveners uivaram e gritaram de animação e anciedade, querendo, finalmente, provar o sabor da carne do homem que ameaçou eu, Tamara e Thomas. Lucca estava tentando sair da jaula que o prendia e ao mesmo tempo fugir das mão de alguns Raveners que tentavam o agarrar.
          
- Este homem - Disse La Chef apontando para ele. - Tentou matar nossa princesa, nós vamos deixar?
          
- Não! - Gritaram os Raveners.
          
Olhei em volta e vi saliva escorrer pela boca aberta de uma mulher de pele verde. Estremeci de nojo. Me afasto um pouco de Thomas, mas mantenho minha mão dentro da dele. Thomas parecia nervoso, eu o entendia, não queriamos ver Lucca ser devorado, sei que se eu ver os Raveners devorar suas entranhas, vai ser demais para mim e vou vomitar tudo o que tenho no estômago.
          
- Mas deixaremos o lanchinho para mais tarde, para podermos fechar a festa com chave de ouro...
          
- Ou chave de ossos. - Fala o garoto loiro no meu ouvido.
          
- Continuaremos a festa e depois teremos o bolo.
          
- Bolo de carne! Só se for. - Digo.
          
- Então, aproveitem ao máximo.
          
Thomas me puxa para o canto do grande salão.
          
- Temos que ir embora! - falou ele, tentando não parecer nervoso. - Ou vamos virar lanchinho!
          
- Não podemos ir agora! - Digo a ele enquanto olho em volta, para ver se nenhum Ravener olhava para nós. - Ela vai perceber que desaparecemos e vai mandar outra equipe de busca Ravener!
          
Ele olha para mim, analisando cada detalhe do meu rosto. Depois de alguns minutos, ele percebeu que não conseguria me convencer do contrário. 
          
- Okay! Pelo visto não vou conseguir te convencer tão cedo.
          
- Não vai mesmo! - Olho para uma coisa brilhante que me chamou a atenção, era um trono prateado e nele estava La Chef, confortável, olhando para todo o salão. - Pense bem, se sairmos agora, ela vai notar. - Aponto para o trono do outro lado do salão. - Precisamos esperar um pouco, depois da execução, talvez, ela abra uma brecha e assim poderemos fugir.
         
Thomas revira os olhos e olha para o trono, depois ele se volta para mim, pensando na minha opinião.
          
- Tá bom! Adimito! - Fala ele revoltado. - Você está certa! Meu plano parece ser mais perigoso que o seu.
          
Dou um sorriso vitorioso para ele.
          
- Venci...
          
- Nem vem...
          
Olho para La Chef, qual será o seu nome? Todo mundo chama ela de chefe ou La Chef.
          
- É melhor irmos dançar novamente, o que acha? - Pergunta o garoto loiro.
         
Balanço a cabeça em concordância, e pego sua mão e o arrasto para a pista de dança, parando no centro. Pego suas mãos e as coloco na minha cintura, ponho minhas mãos em seu pescoço e começo a dançar lentamente, entrando no ritimo da dança.
         
Uma hora ou outra, olho em direção ao trono, vigiando La Chef , até que uma hora, ela havia sumido de vista, olho ao redor procurando-a.
         
- O que houve? - Pergunta Thomas.
         
- Ela desapareceu de vista, não a vejo em lugar nenhum...
         
- La Chef?
         
Balanço a cabeça, ainda olhando em volta. Procuro sem parar, até achar um vislumbre de um vestido preto. A perco de vista novamente.
         
- Ela se perdeu de novo...
         
- Ela quem? - Diz uma voz feminina e sinto uma mão em meu ombro.
         
Largo Thomas e me viro para ver quem era. A pessoa que colocou a mão em meu ombro era La Chef. Sinto um arrepio percorrer minha pele.
          
- N-ninguém...
          
- Estava me procurando? - Pergunta ela.
          
- N-não...
          
Ela sorri e me olha como eu olhava para Tamara quando ela escondia algo de mim. Olho para o teto abobado a cima e depois olho para ela de novo e dou um sorriso, sabia que não adiantaria mentir, ela parecia me conhecer muito bem.
          
- Para falar a verdade... Sim, eu estava lhe procurando...
          
- Viu? É bem melhor falar a verdade. - Diz ela apertando minha bochecha.
          
Tiro a mão dela do meu rosto.
          
- Qual é o seu nome verdadeiro? Como posso ter uma irmã que nem sei o nome?
          
- Chegue mais perto... - Diz ela e me aproximo. - Meu nome é... Catrina.
          
Me afasto dela devagar, em choque, não pensei que seria tão fácil assim! Ela ri de minha cara e se volta para o seu trono.
          
- Qualquer problema, é só me chamar!
          
- Claro! - Responde Thomas.
         
Ela vai até seu trono e me viro para Thomas que olhava para o chão.
          
-Ela te falou? - Pergunta ele, ainda olhando para o chão. - O nome dela, quero dizer.
         
- Sim, ela me falou um nome, mas não acredito que seja este.
         
Ele balança a cabeça, me entendendo.
         
- Qual foi o nome que ela lhe disse?
         
- Catrina...- Vasculho minha mente, a procura de um nome a muito não escutado.
         
Sinto uma tonteira, todo o salão girava em minha volta, minha visão começa a embaçar e ficar escura.
         
- Você está bem? - Perguntou a voz de Thomas, que me olhava.
         
- Sim... só me leve para uma das mesas que tem em volta do salão.
         
Ele balança a cabeça e me leva para uma mesa bem separada das outras. Me sento em uma das cinco cadeiras, minha visão continuava a escurecer. Minha visão melhora, mas o que eu vejo na minha frente não era mais o salão repleto de Raveners e sim um jardim com flores coloridas, rosas vermelhas, margaridas amarelas e copos de leite brancas cintilantes, sentada na grama estava uma garota de três anos e uma de seis, a garota de três anos estava cavando a grama, a de seis estava remexendo em um copo com suco que parece ser de limão.
          
- Está pronto Lucynda! - Falou a garota mais velha. - Toma...
           
A garotinha de dois anos  parou de cavar e pegou o copo. 
          
- Bigada Liva! - ela bebeu o líquido em alguns gole e o entregou a outra garota. - Liva?
           
- O que foi Lucy?
           
-  Não quero mais...
           
A garota mais velha olha para a mais nova e sorri, o sorriso me lembrou da La Chef .
            
- Então fale Livia direito. - Fala a garota, brincando.
            
- Livia! - Gritou uma voz vinda de trás de mim.
           
Uma mulher que parecia minha mãe foi até as duas garotas.
            
- Vamos Livia, está na hora.
            
A mulher tinha os cabelos loiros e seu rosto estava inchado e vermelho de tando chorar.
             
- Mas eu não quero ir. - fala a garota.
             
A garotinha de três anos abraça a Livia e enterra o pequeno rostinho no ombro dela.
             
- Não vai... - A pequena Lucy começa a chorar.
              
Tudo começa a ficar escuro novamente e me sinto tonta. Minha visão melhora e vejo o salão novamente, Thomas estava de frente para mim e me olhava preocupado.
             
- Lucy...
             
- O nome verdadeiro da La Chef é Livia!
             
- Como você...
             
- Não sei... Uma hora eu estava aqui e outra hora eu estava no jardim da minha casa, brincando com a ela. - Aponto para La Chef  com o queixo.
             
Me levanto devagar, a tonteira volta, feicho os olhos e os abro novamente e vou para uma das mesas de buffe e pego uma maçã.
             
- Acha que o nome dela vai adiantar para alguma coisa? Como derrotar ela por exemplo? - Pergunta Thomas.
             
- Na verdade, sim, eu acho que vai funcionar para alguma coisa.
             
- Como?
             
- As vezes, o nome é a coisa mais importante que uma pessoa pode ter, ainda mais o dela, que ela tem tanto trabalho em esconder.
             
Mordo a maçã e olho para o trono brilhante. Ela é imune, eu também, mas... quem nós puxamos?  Nosso pai, se é que ela compartilha o mesmo pai que eu, virou um Ravener e nossa mãe também.
             
Sinto alguém me puxar para o centro do salão pela mão.
              
- Me larga! - Digo a quem está me segurando.
              
A pessoa me vira e dou de cara com um rosto familiar.
              
- Olá Lucy...
              
- Cláudia! O que faz aqui? - Digo com raiva.
              
- Ora! Agora eu sou um deles! Acha que eu perderia a festa de retorno da nossa princesa?
              
Olho em volta, procurando Thomas e quando o acho, me arrependo de ter procurado. Ele estava dançando com Carmen e fazendo caretas quando a loira pisava em seu pé, ele não precisa feliz em dançar com ela.
              
- Não sou princesa! Quantas vezes vou ter que repetir isso?
              
- Para eles você é! - Fala ela apontando para todos em volta - E não adianta falar que não, princesa!
              
Solto um suspiro e reviro os olhos. Sinto um par de mãos segurar minha cintura e olho para baixo, era as mãos de Cláudia, que me seguravam com firmeza.
              
- Pode me largar, por favor? - Digo com mais raiva para ela, em meu olhar havia veneno.
              
- Hum... - Ela pareceu, por um instante, pensar no assunto. - Não! Não vou te largar!
              
- Por quê? - Aquela garota parecia Cláudia e não parecia ao mesmo tempo.
              
- Porque ainda não dançamos!
              
Ponho as mãos nos ombros dela e começamos a dançar.
              
- Somente uma música! - Digo entre dentes.
              
- Se você não implorar por outras...
              
- Não se preocupe, eu não vou.
              
Olho novamente para Thomas, que parecia procurar por algo enquanto dançava com Carmen. Os olhos dele encontram os meus e ele abre um sorriso de alívio, depois sua expressão ficou seria ele apontou para o trono prata com o queixo. Olho para o trono e encontro Livia em pé, ao seu lado encontrava-se Felipe e eles olhava para todo o salão, preocupados.
             
Voltei meu olhar para a frente para falar com Cláudia, mas quem estava no lugar dela era um garoto loiro.
              
- T-Thomas? - Pergunto ainda olhando para ele.
             
Ele continuava olhando para o trono e depois que ouviu minha voz, ele olhou para frente e franziu a testa quando não avistou o rosto de Carmen. Ele olhou para baixo e sorriu quando me viu e depois fez cara de confusão.
              
- Lucy? - Fala ele ainda confuso. - Como...
              
- Nem me pergunte, eu estava distraída. - Olho em volta.- Uma hora eu estava dançando com a Cláudia e na outra eu estou aqui, com você novamente.
              
Olho para o trono e vejo Cláudia curvada diante de La Chef, seu grupo estava atrás, Carmen arrumava o cabelo diante de um pequeno espelho, Todd batucava em sua bateria invisível, Fred estava sentado no chão e Bastet brincava com uma bolinha vermelha que estava em suas mãos. Pisco os olhos rapidamente e quando olho para lá novamente, não havia ninguém diante do trono, nem Felipe, nem Cláudia e sua turma, nem Livia. 
              
   

  
          
          

     

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