palavras

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Iríamos para fora dos muros no dia seguinte, mas Simon ainda nos mantinha presos, a única pessoa que entrava e saia do cômodo era Lee, que trazia a comida e levava embora os pratos sujos. O quarto era escuro, a única luz vinha da lua ou do sol em uma pequena janela. Thomas estava sentado, brincando com as pontas dos cadarços, parecia entretido. Simon havia mandado Lee droga-lo, mas não descobri o porquê.

Durante esses últimos tempos, o único sonho que me veio a mente foi minha mãe seduzindo um guarda até ele cair na dela e ela enfiar uma agulha com um tipo de droga em seu pescoço, fazendo-o cair no chão, desacordado, depois de um tempo, ele acordou e seus olhos estavam embaçados e seus reflexos estavam lentos. Esse sonho não me foi útil, eu não tinha esses "poderes", ou se tenho, não descobri como o usar, também não possuo nenhuma droga com aqueles efeitos.

- Thomas! - Chamo o garoto loiro, mas ele não pareceu ter me ouvido. - Thomas!

Ele olha para mim, seus olhos estavam desfocado por causa da droga injetada em seu pescoço assim que acordou. A porta se abre, mostrando Simon.

- Bom dia flor do dia. - Fala ele com seu sorriso frio.

- O que você fez com Thomas? - Pergunto e minha voz falha um pouco.

- Apenas uma droga que acabei de inventar. Ele consegue enchergar, escutar, fazer qualquer coisa, mas só irá perceber o que fez, amanhã. - Faço cara de confusão e ele ri de mim. - Ele não se lembra nem do que aconteceu a um segundo atrás. Diga ele alguma coisa, qualquer coisa e depois perguntarei o que você disse, veremos se ele se lembrará

Olho para Thomas, ele continuava a me olhar como se não me reconhecesse. Já vi esses sintomas antes, olhos desfocados, perca de memória, lentidão...

- Você está mentindo. Não acabou de inventar ela. - Digo confiante de mim.

- O que a faz pensar que estou mentindo? - O sorriso frio aumentou em seus lábios.

- Já vi alguém com esses mesmos sintomas... Se não me engano, no meu sonho o guarda que minha mãe injetou também estava com os olhos embaçados como os de Thomas.

Simon se aproximou da jaula em que eu estava, se agacha de frente para mim e segurou meu rosto.

- Como eu lhe disse antes, e não me arrependo de repetir, você tem um dom incrível.

Seu sorriso era devastador, seus olhos eram azuis gelo com um detalhe violeta no canto dos olhos, que chamou minha atenção, violeta parecia seguir os gêmeos. Desvio de seus dedos e me afasto da grade.

- Esse seu dom ainda vai me pertencer assim como você... - Ele sussurra me olhando inteira. Me sinto desconcertada e fecho a cara.

Me levanto e o olho de cima, tentando parecer ameaçadora.

- Se encostar em mim de novo...

Ele se levanta, tendo a vantagem de ser mais alto que eu. Ele me olhou de cima com um sorriso diferente dos outros, que eram frios, esse era quente. Entre os dois, prefiro os frios, que demonstravam sua personalidade cruel.

- O que você vai fezer? Dentro dessa jaula, você não tem poder nenhum sobre mim.

Ele segura meu braço e me puxa para mais perto das barras de ferro, fazendo com que estejamos próximos um do outro, nossa proximidade era tão grande que eu podia sentir sua respiração em meu rosto. Tento me soltar, mas ele é forte do que eu.

- Está vendo? - Fala ele soltando um gargalhada baixinha. - Sou mais forte que você.

- Me larga! - Digo dando um chute em sua canela.

A EpidemiaOnde histórias criam vida. Descubra agora