Abro os olhos e percebo que estou de pé, no corredor e com o bastão que Simon me deu, em punho. Parecia que eu queria golpear algo, mas não tinha nada na minha frente. Escuto uma risada e olho para Simon, que saía do quarto dele.
- Nem vem! - Falo com ele enquanto vou para meu quarto.
- Ok, mas não sou eu que está de pijama no corredor.
Minhas bochechas esquentam e entro no quarto apressada. Vou para o banheiro, tomo um banho e escovo os dentes. Visto uma roupa confortável e vou para o corredor. Encostado na parede de frente para a porta do meu querto, estava Simon, me esperando.
- O que quer? - Pergunto meio envergonhada ainda por ele ter me visto somente de pijama.
- Só estava te esperando para irmos tomar café, não quero que se perca.
- Mas eu sei onde fica a cozinha, então, não precisava.
Digo deixando-o para trás. Ele me empurra contra a parede e sussurra no meu ouvido com um sorriso malicioso no rosto.
- Lembre-se que eu ainda mando neste pequeno grupo, incluindo você, garota.
- Eu não sigo ordens suas. - Digo me afastando dele.
Ele ignora o fato de eu o ter respondido e continua me seguindo. Ele parecia pensativo.
- Acho que você ainda gosta do Thomas. - Fala ele olhando para frente, como se não estivesse falando comigo. - Sabe, o jeito que você ainda olha para ele ou... que olha para Isa.
- E...? - Pergunto confusa.
- Acho que você deveria fazer ciúmes nele, para que ele veja o que perdeu. - Fala ele me olhando de cima a baixo, me fazendo lembrar de quando ele me prendeu em uma jaula.
- Ciúmes? Que idéia boba! Acho que não funcionaria.
- Mas vai.
Eu sabia que estavamos chegando perto da cozinha, deveria ter suposto que ele faria aquilo, mas não supus. Um pouco antes de entrarmos na cozinha, ele passou o braço por cima do meu ombro e andou abraçado comigo até a mesa onde estava Edth e Victor. Olho de cara feia para ele, que sorri, deposita um beijo demorado em minha bochecha e vai se sentar ao lado de Isa e Thomas. Me sento de frente para Edth e Victor, que me olhavam estranhos.
- O que foi aquilo? - Pergunta Edth me olhando com cara de espanto.
- Você não viu? - Fala Victor irônico. - Ela está se confraternizando com o inimigo!
Ele se volta para mim e eu olho para a mesa.
- Ele está tentando fazer ciúmes em Thomas, "para ele ver o que perdeu" - remexo um pouco na cadeira e ergo o olhar. - Não tive tempo de contradizer.
- Até que é uma idéia boa! - Fala Victor.
- O que é uma boa idéia? - Pergunta George se sentando ao meu lado.
- A Lucy e... - Edth esbarra "sem querer" em Victor, fanzendo-o calar a boca.
- O que tem a Lucy? - Pergunta George novamente depois de um minuto de silêncio.
- Victor estava falando que era uma boa ideia os planos que fiz para... - Por meio minuto olhei para Edth e continuei. - Para a viagem.
George morde seu sanduíche balançando a cabeça concordando.
- E qual é a idéia?
Sinto meu sangue gelar, como eu iria criar uma idéia, assim, do nada, sobre a viagem? E ela teria que ser boa. Penso o mais rápido possível, tentando revirar a mente e achar algo bom o suficiente.- Eu estava pensando em... que... se ficassemos aqui por um tempo, uma semana talvez, poderíamos descansar e ir mais rápido quando retornarmos a caminhar.
George pensa por um instante e balança a cabeça novamente, concordando com o que eu disse.
- É, parece mesmo uma boa idéia.
Termino a maça que eu havia começado a comer e me levanto. Edth me pergunta para onde eu iria, mas tudo o que faço é dar de ombros e falar que daria uma volta pela cidade.
★★★
Saio da pequena casa e vou em qualquer direção, havia muita coisa na cabeça, principalmente agora que descobri a cura de tudo. Meus pés começam a me levar pela cidade, sem que eu perceba.
Pouco tempo depois eu estava no centro da cidade, onde havia prédios de escritório, lojas de roupas e pesssoas para todos os lados que olhássemos.
Sinto uma mão no meu ombro e me viro para ver quem é. Era um vendedor, dono de uma barraca que vendia tecidos.
- Vai querer algo, mocinha?
- Por enquanto, não.
Por um minuto, pensei que quem havia encostado em meu ombro era Thomas. Continuo andando, até eu encontrar uma livraria, sua arquitetura é antiga, antes mesmo da doença e dos desastres. Entro na pequena livraria e olho em volta, a estrutura do lado de dentro era mais encantador do que do lado de fora.
- O que deseja, meu bem? - Fala uma mulher do outro lado do balcão.
- Estou dando uma olhada. - Digo ainda encantada com a grande coleção de livros.
- Se quiser ajuda, é só tocar este sininho, ok? - Fala ela se retirando para dentro de uma salinha.
Vou até uma das estantes e toco as bordas dos livros, era um livro mais interessante que o outro, com títulos peculiares e cores extravagantes. Pego um dos livros que me chamou a atenção e leio seu título.
- "Fantasmas do Passado" - Parecia interessante.
Continuo a olhar os outros livros, mas seguro firmemente aquele de capa fantasmagórica. Depois de um tempo, olhando e olhando, decido chamar a atendente e perguntar-lhe quanto aquele livro que estava na minha mão, valia.
Ela passa o código de barras no computador e se vira para mim.
- Vale exatamente vinte e cinco dólares.
Olho para o interior quase vazio de minha carteira, eu só tinha dez dólares. Peço desculpa por tê-la incomodado e saio da livraria.
Volto para a rua, explorando todos os cantos da cidade.
★★★
Volto para a casa, eu ja havia tomado um lanche como almoço, mas eu estava ansiosa para poder jantar algo gostoso. Entro no meu quarto e me surpreendo com o fato de que livro que tanto gostei estar em cima da minha cama com um bilhete.
"As estreles brilham e nos guiam para lugares lindos, eu diria que minha estrela tem cabelos pretos e olhos castanho, apesar que a cada dia eles se transformam em verde. Meu desejo é que você me guie para seu coração.
~Eu."
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A Epidemia
Science FictionPrimeiro veio os desastres naturais normais, depois veio uma explosão, a quem diz que foi clarões solares outros falam que foi um ataque alienígena, mas a realidade é que foram poucos os sobreviventes e ainda veio a doença, Ravener, esse é o seu...