Meu mundo desaba e não me sinto melhor nem com o carinho de Thomas. Abraço o pequeno corpo sem vida de Tata. Tudo o que sinto é uma dor enorme, como se alguém tivesse socado meu coração. Me lembro de nunca ter sentido uma dor assim.
Thomas me abraça por trás e me puxa para o seu colo, me fazendo largar Tamara. Tento lutar contra ele, mas não consigo.
- Me larga... - digo baixinho, mas com firmeza.
Ele não me larga, então desisto de lutar e me entrego a dor e ao desespero, o que eu fiz? Devo ter sido uma péssima pessoa na vida passada para sofrer desse jeito.
- I am Radioactive... - Sussurra Thomas, ele parecia ler todos os meus pensamentos.
Eu conheço essa música, é da banda Imagine Dragons. Era uma das minhas músicas preferidas quando tinha doze e treze anos. Eu vivia cantando ela no intervalo, quando eu ainda chamava o intervalo de recreio.
- Me lembro de quando você cantava essa música o intervalo inteiro aos treze e eu gostava de te ver tocando ela em seu violão quando tinha quatorze.
Ele me escutou tocando violão? Nunca reparei nisso. Olho novamente para a minha irmã, no chão, em um sono eterno. Eu sou Lucynda Agnes, tenho dezesseis anos, eu tinha uma melhor amiga, até ela se tornar maluca, minha mãe e meu pai se transformaram em Raveners e minha irmã morreu em meus braços, a única pessoa que tenho é um garoto que não conheço muito bem. Gosto de bolinhos e de cantar e minha vida acabou assim que os Raveners decidiram atacar a cidade.
Me acalmo um pouco e me levanto, vou em direção ao Ravener que matou minha irmã e tento reconhecer quem era, o pior de tudo é que eu o conheço. Era (sim, era, porque agora ele está morto na minha frente) Alec, meu padrasto, o pai de Tamara. Respiro fundo para não bater na cara do sujeito, mas não consigo e acabo dando-lhe chutes e pontapés.
- Que mértila! - Grito com raiva. - Seu monte de Plong!
Thomas me olha confuso.
- De onde vem essas palavras? É estrangeiro? - Pergunta o garoto.
- Não, eu... vem de um livro que li, Maze Runner.
Ele balança a cabeça ainda em dúvida. Chuto Alec mais uma vez e dou uma olhada no outro cadávere de Ravener, este eu não conheço, mas havia uma coisa que me chamou a atenção no bolso dele.
Pego o pequeno papel em seu bolso e o abro, era uma foto, uma foto minha com Tata e atrás tinha uma frase e um endereço.
" quero elas vivas ou mortas, não importa se vocês sobreviverem ou não.
Atentamente,
La Chef.
Rua Sonic Avenue, nº 190 área Norte."
Thomas pega o bilhe em minhas mãos e o lê. Depois de ter lido o bilhete cinco vezes, ele me devolve e comenta baixinho:
- Eles queriam te matar... E a sua irmã. Não sei se você tem sorte ou azar.
Olho para ele e tive vontade de gritar que eu tinha uma enorme avalanche de azar em cima de mim, mas me contenho. Ele estava do meu lado, eu tinha de agradecer por ter ele. Sobrou só nós dois, a frase havia mudado.
Começo a andar em direção ao fim da rua, longe do corpo inerte de minha irmã mais nova, longe de meu padrasto e do outro Ravener. Longe de todos os meus problemas.
Dou uma última olhada para trás, tentando encontrar coragem de dizer adeus para Tamara.
- Ave Atque Vale minha pequena irmã, irei lhe vingar. - Digo e me viro, continuando minha jornada, Thomas logo atrás de mim, como um guarda-costas.
★★★
O dia passou arrastado, demorando como se fosse uma década a cada segundo. Ás seis horas da manhã haviamos chegado a Rua Sonic Avenue e procurando desesperadamente o local de número 190.
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A Epidemia
Science FictionPrimeiro veio os desastres naturais normais, depois veio uma explosão, a quem diz que foi clarões solares outros falam que foi um ataque alienígena, mas a realidade é que foram poucos os sobreviventes e ainda veio a doença, Ravener, esse é o seu...