dezoito pessoas e nenhuma foi com a minha cara

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Olhei a minha volta e escuto Thomas me chamar e entrar no prédio. Ele para ao meu lado e do outro lado fica Sams. Escuto um barulho vindo das sombras, bem a minha frente. De dentro daquela sombra, saiu uma garota de cabelos castanhos, olhos azuis, mais alta que eu e provavelmente mais velha, com uns dezoito anos.

- Quem ousa entrar aqui sem permissão? - Fala ela, sua voz era de garota mimada, que des da infância, teve tudo o que quis. Pelo visto ela é a chefe dos imunes, desculpa, mas prefiro minha irmã como chefe, ela transmite confiança pelo ao menos.

- Meu nome é Lucy. - Me apresento e depois aponto para Thomas e para Sams. - E estes são Thomas e Sams.

- Sams foi criado pelo CIDEUA? Certo? - Fala um garoto moreno com entusiasmo. A garota de olhos azuis olha para ele com severidade. - Desculpe...

- Sim, ele foi criado pelo CIDEUA, encontramos ele no caminho para cá, acreditamos que ele seja o último, pelo ao menos nessa cidade. - Respondo ao garoto e a menina mimada me fuzila com o olhar, o garoto moreno sorri por eu ter respondido a pergunta.

- Como ousa... Como ousa responder ele sendo que não permiti nem a pergunta, imagine a resposta vinda de um Ravener!

- Eu não sou... - Começo a falar, mas a garota não deixa.

- Shhh! Eu sou Isabella! A rainha dos Imunes! - O grito dela ecoa por todo saguão.

O garoto moreno pula de onde estava e cai suavemente ao lado de Isabella.

- Meu nome é George! - Ele estica a mão para mim e eu a aperto.

- Lucy, meu nome é Lucy.

Outras pessoas também pularam, mas quatro arqueiros ficaram em seus postos, duas flechas apontadas para mim, uma para Thomas e a outra para Sams. Todos os outros imunes eram mais velhos que nós, os mais jovens (sem ser eu e Thomas) tinha dezoito como Isabella, os outros aparentavam ter dezenove, vinte ou vinte e um.

- Sim, você já disse isso. - Fala Isabella. - E você não respondeu minhas perguntas.

Que perguntas?

- Eu sou imune e Thomas também, não sei porquê vocês estão nos tratando assim, parecemos, por acaso, com Raveners?

- Não... Até que vocês não parecem. - Respondeu a garota, mas ainda estava desconfiada. - Brenda! Pegue o instrumento de teste, e rápido!

Uma garota de pele escura e olhos brilhantes fez uma reverência e começou a subir as escadas em direção ao segundo andar. Seus cabelos estavam presos em um coque perfeito, e com certeza ela era uma das pessoas mais altas daqui.

- Veremos se vocês dois são mesmo imunes ao Ravener. George!

- Não precisa gritar minha senhora, estou do seu lado. - Fala ele revirando os olhos.

- Não importa, leve este cão para o porão e o prenda lá.

- Ele não é um cão...

- Não ligo! Agora, leve-o!

Nunca havia visto alguém tão irritante quanto ela, ou metida. George faz carinho na cabeça de Sams e pediu para segui-lo. Foi um milagre Sams ter seguido ele sem reclamar ou falar alguma coisa. Olho novamente para Isabella, que continuava a me fuzilar com o olhar.

- Fala para ela que... - Começou Thomas - A sua mãe...

Me lembrei do porque estavamos aqui, minha mãe havia nos mandado vir, pois ficaríamos seguros ali, mas... como ficaríamos seguros se não nos sentíssemos nem confortáveis no local, também não eramos bem-vindos.

- Foi minha mãe quem nos mandou aqui! Ela disse que seríamos bem-vindos, que ficariamos seguros, mas pelo visto, não podemos ficar.

- Quem é a sua mãe? - Perguntou um garoto que estava atrás da Isabella, ele parecia ter a mesma idade que ela, suas feições também eram parecidas. Reparei em algo brilhante no colar dele, o mesmo brilho que vi no pescoço dela, uma pedrinha azul pendurada em um colar de prata, a pedra estava quebrada e cada metade estava com um irmão, os dois com certeza eram gêmeos.

- Simon... fica quieto! - Fala Isabella.

- Fica quieta você Isa! Só porque é mais velha por oito minutos, não significa que é mais madura ou que manda em mim. - retruca Simon e Isabella olha para ele com um olhar mortal. - Agora... Por favor, pode responder minha pergunta?

- O nome dela era Maureen Agnes.

Os arqueiros que estavam no andar de cima, abaixaram os arcos e guardaram as flechas. Os garotos e garotas a nossa volta estavam "de queixo caido". Isabella me olhou com fúria nos olhos, enquanto seu irmão, Simon, me olhava malhavirado.

- Não é possível! Ela tem só tem filhas e você, - Disse Isabella apontando para Thomas. - É um garoto!

- Ele não é meu irmão... Eu tinha mais duas irmãs, mas...

Perdi a voz, a perda de Tamara ainda doía e eu ainda não aceitei o fato de La Chef ser minha irmã, não podia ser... Não devia ser...

- Mas? Continue a história garota! - Fala Simon.

Olho para ele com raiva, seus olhos azuis eram bem diferentes dos de Thomas. Os olhos de Simon pareciam ser mais frios, mais calculistas do que os de Tommy. Ele me olhava com aquele olhar duro que mais pareciam duas adagas de gelo do um par de olhos.

- Mas minha irmã mais nova morreu no meio do caminho e só descobri que tenho uma irmã mais velha, quando descobri que o assassino de Tata era um dos "ajudantes" dela. Ela não queria matar nós duas... Só queria nos ver ... Acabou acontecendo um assidente e Tamara acabou sendo morta pelo próprio pai...

- Histórias comovente... - Disse uma garota que saiu do meio da multidão de Imunes, ela tinha cabelos de cor estranha, um loiro que se misturava com rosa. Seus olhos verdes estavam cheios de lágrimas. Ela secou os olhos e se apresentou, animada: - Sou Edth! E acho que falo por todos quando digo que é uma honra lhe conhecer.

Ela fez uma reverência e depois voltou a postura normal, com um sorriso no rosto. Os outros também fizeram uma reverência curta, todos com sorrisos nos lábios e um brilho nos olhos, como se eu tivesse acabado de anunciar o final do reinado de Isa.

- Grande coisa... - Sussurrou Isabella, ela parecia mau humorada por eu receber mais atenção do que ela.

Eles pareciam saber de alguma coisa que eu não sei, pensei comigo mesma, mas o que é?

- Por que vocês começaram a me tratar como uma rainha depois de saberem o nome de minha mãe?

- Ela não sabe? - Escuto alguém perto de mim perguntar.

- Ela não sabe mesmo? - As vozes pareciam espantadas com esse fato.

Olho em volta, confusa com as caras espantadas e com o sorriso maligno de Isa. Eu não sabia mesmo o que estava acontecendo naquele momento.

- Não sei o quê? - Disse, demonstrando minha total confusão e o sorriso de Isabella aumenta.

- Não podemos lhe dizer o que está acontecendo até termos a total certeza de que você é a filha de Maureen Agnes e não uma das servas de La Chef, a rainha dos Raveners - Balanço a cabeça, tentando montar esse grande quebra cabeça em minha mente. Brenda chega perto de Isa e cochichou algo enquanto lhe mostrava um aparelhinho que tinha uma agulha e uma lâmina de microscópio, apostaria Sams que aquilo era uma mine máquina de teste para ver se eramos imunes ou não. - Simon, verifique se eles são mesmo imunes e Brenda, busque duas seringas. Rafaela! Vanessa! Assim que Brenda truxer as seringas, retirem sangue dos dois e descubram de quem são filhos.

Duas garotas fizeram reverência e se aproximaram de nós, uma delas era loira e tinha os olhos castanhos, a outra tinha cabelos pretos. O cabelo das duas era anelado e longo, as duas eram altas, tinham a pele branca como leite e aparentavam ter vinte e um anos, a loira usava roupa de medica, a morena usava roupa de enfermeira.

- Sou a Vanessa e era medica, até estava de plantão quando os ataques começaram. - Se apresenta a loira e logo em seguida aponta para a morena, disse. - E ela é a Rafaela e sempre está me ajudando com meus pacientes.

Rafaela estende a mão para Thomas, que a aperta hesitante, logo em segui me dá um abraço apertado, com certeza ela era uma das únicas que eu me daria bem.

- É uma honra poder conhece-la, com toda certeza você será uma lider melhor que Isa, se você for mesmo filha de Maureen. - Ela sussurro em meu ouvido.

Ela se afastou de nós e Simon se aproximou, segurando o aparelho de teste Imune. Senti um frio na barriga, sempre tive medo de agulhas, e aquela parecia especialmente afiada. Simon se vira para mim.

- Você primeiro?

Balanço a cabeça confirmando e tento parecer o mais corajosa possível e esconder meu medo de agulhas. Fecho os olhos e respiro fundo, prendo o ar em meus pulmões e espero. Sinto uma picada em meu braço e logo veio uma queimação, que começou na ponta dos meus dedos e foi até o lado esquerdo do meu rosto. Abro os olhos e vejo a sala rodar por um instante e depois voltar ao normal.

Vejo Simon apertar uns botões, parecia bem consentrado nesse trabalho, de repente sua expressão se alivia, só então percebi que ele estava tenso.

- Parece que você pode ficar... - Fala ele com um de seus sorrisos macabros. - Ela é Imune! - Grita ele para a irmã. - Sua vez, Thomas.

Vi o processo e quando a agulha entra na pele de Thomas e ele fazer uma careta fofa. Sinto um arrepio de medo me percorrer, eu O-D-E-I-O agulha, odeio chegar perto ou apenas ver uma agulha, ver ela perfura a pele de alguém é bem pior.

A expressão de Simon se torna carrancuda e ele grita para a irmã.

- Ele também é Imune! - Depois ele se vira para nós - Parece vocês vão ter de ficar agora.

Brenda volta correndo com as seringas e meu estômago embrulha, não queria mais uma agulhada... me senti tonta e minha visão escurece. A visão volta e vejo na minha frente, uma cidade totalmente estranha, o sol acima parecia mais quente e brilhate, o céu, mais azul e os campos tinham mais vida, não havia muros, não havia Raveners. O lugar era lindo e eu queria saber onde ficava e qual era seu nome, mas minha visão escureceu de novo e eu voltei ao armazém abandonado.

- Pegue duas cadeiras para mim, Brenda? por favor! - Pede Rafaela, com a voz mais doce que eu escutei nesses últimos dias.

A garota morena sorriu e em dois segundos as cadeiras estavam em seus postos atrás de mim e de Thomas, as seringas estavam na mão de Rafaela e de Vanessa. Me sento na minha cadeira e espero uma das duas vir em minha direção, por sorte, quem me atendeu foi Rafaela, que foi com quem eu mais me dei bem nos últimos segundos. Rafaela me pediu para fechar os olhos e relaxar, mas tudo que eu consegui fazer foi simplesmente fechar os olhos e tentar manter a respiração estável. Sinto a famosa picada no braço e a respiração falha novamente.

- Vai demorar um tempo até que os exames fiquem prontos senhorita. - Disse ela para Isabella, que dispensou a informação com um gesto impaciente.

- Edth! Arrume dois quartos para eles! - Gritou Isabella para a garota de cabelos rosa.

- Mas...

- Já!

Edth corre para o segundo andar, deixando para trás um garoto que tentava dete-la, ele era bonitinho, mas nem prestei atenção aos detalhes. Ele saiu correndo atrás dela.

- Você deveria por rédeas no Victor! - Sussurra Simon para Isabella.

- Ele vai aprender cedo ou tarde.

- Deveria castiga-lo quando esse tipo de coisa acontece, rebeldia só trás problema!

Isa ignorou o irmão e se direcionou a mim.

- Quando Edth voltar, manderei leva-los para seus devidos quartos e quero que vocês não saiam de lá até eu chama-los. Rafaela, Vanessa... façam corativos na perna do garoto e dêem pontos na orelha da garota. - Ela se virou e foi para a escada que levava para o terceiro andar. Não sei pra quê ter uma escada especial para cada andar! Que frescura...







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