Desenho

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Subi os degraus estreitos até deparar-me com uma porta de madeira, decorada com desenhos feitos de spray, aberta e entrei no cômodo.
A sala era pequena, simples. Estar ali era como respirar os desenhos iluminados pela luz solar que vinha da janela; grafites nas paredes, pinturas em quadros e até desenhos a lápis espalhavam-se pelo local. Era como um museu de arte caseiro.

— Garoto do óculos! - exclamou Zayn ao me ver.

— Entre e feche a porta.

Fiz o que ele pediu e fui em sua direção, observando cada canto. Só o chão igualava-se com o de uma casa comum. Até os móveis, tirando o sofá, tinham desenhos grudados ou pintados neles.

— Vamos começar? - ele perguntou e eu assenti.

— Primeiramente preciso que assine isto. - ele me entregou um papel, um contrato.

— Se assinar está aceitando ter sua imagem exposta e que concorda em não receber nada pelo trabalho, pois todo o dinheiro arrecadado com a exposição será doado para a caridade. Tem uma caneta no balcão, pode apoiar lá para ler o contrato.

Não basta ser lindo, ele tem que fazer um projeto de caridade.
Me direcionei até o balcão e apoiei a folha no mármore para completar com meu nome e blá blá blá. Comecei lendo o texto, mas ele era muito formal e as letras miúdas fizeram meu cérebro parar de funcionar, portanto assinei de uma vez.

— Pronto. - disse entregando-o a Zayn.

— Obrigado. - um sorriso muito lindo se formou em seus lábios. Apesar de ele ser simpático e ter me convidado para vir aqui Zayn parece ser meio tímido.

— Fiz um quadro depois que nos conhecemos no cinema.

Ele foi até atrás do sofá e pegou um quadro. Adivinha o que chamava mais atenção no quadro? Sim, óculos! Embora fosse uma arte abstrata era possível identificar o objeto em vários lugares. Em uma ponta haviam dois que eram maiores, mais atrativos; era um normal, como aquele que comprará quando fui ao shopping, e de uma de suas pernas saía um óculos 3D. Era algo exótico.

— É bem bonito.

— Obrigado. Estou pensando em colocá-lo na exposição também. Então vamos começar. - ele colocou o quadro onde estava e voltou-se para mim.

— Preciso de algo que mostre quem você é, sua personalidade. Gosta de ouvir música?

— Claro.

— Portanto coloque isto. - ele me entregou um fone de ouvido, daqueles enormes que chamam atenção por onde passam.

— Pode ser por cima da touca e sente na poltrona.
Ajeitei o objeto em minha cabeça como ele pediu e me sentei numa posição confortável.

— Agora olhe para qualquer lugar e pare nesta posição.

Pensei por um momento. Geralmente eu escuto música e olho para um lugar qualquer, mesmo que ele não seja interessante. Poderia olha para o teto, como faço quando deito-me na cama, porém meu pescoço iria doer depois de um tempo. Por fim conclui fitar o chão; a única parte da casa sem desenhos.

— Perfeito. Fique assim. - levantei o olhar e pude ver Zayn sentando-se no chão e apoiando uma grande folha na mesinha de centro.

— Eu não sou muito falante, mas o silêncio é meio constrangedor. Se quiser falar sobre algo. Entretanto, não mova nenhum músculo além dos que precisa para falar.

— Ok. Quando disse que desenhava não imaginei que toda a sua casa tivesse desenhos.

— Me ajuda a criar. Tipo assim, eu olho para um personagem ou cena ou qualquer outra coisa que pintei anteriormente e tento fazer outro desenho tendo-a como modelo, ou posso juntar com outro. E também porque acho legal deixar minha residência com um estilo próprio. Imagine a cara da minha mãe se encontrasse as paredes pichadas. Mas então um amigo, que é dono do restaurante aqui do lado, sugeriu que construísse uma parede no seu depósito.

Last Hope ✨ l.sOù les histoires vivent. Découvrez maintenant