Delegacia

4 2 0
                                    

— Até amanhã, Luke.

— Até, Louis.

As portas do metrô se abriram e eu sai por uma delas. Senti falta do aquecedor do metrô quando o frio me atingiu e fui obrigado a fechar o casaco.

A rua estava um pouco movimentada, os pubs e restaurantes estavam fechando, e seus funcionários saindo dos mesmos. Acelerei os passos por causa do frio.

O vento suave parecia trazer pensamentos não tão leves. E me peguei lembrando de dias atrás, quando briguei com o Harry e o disse que o amava. Não me arrpependo de deixar meus sentimentos tão explícitos assim, mas fico pensando que se não fosse o Harry eu não estaria onde estou agora. Minha vida melhorou muito por causa dele e talvez eu esteja sendo ingrato por apenas brigar com ele e odiá-lo. Se não fosse por ele naquela noite no leilão, talvez eu teria acabado comos meus pais. 

Luzes começaram a piscar atrás de mim. O grupo, que andava em direção oposta à minha, ficou mais atento, começando a falar mais baixo. Pelas cores que iluminavam e a reação dos jovens, imaginei que fosse um carro da polícia.

Desconhecendo o motivo, virei meu pescoço para o lado, observei o carro atentamente. Além dos policiais - claro - havia uma terceira pessoa, ocupando o banco do traseiro.

Parei quando dei conta de quem era a passageira.

Não poderia ser.  Não agora, quando eu estou bem.

O carro passou por mim em disparada em uma fração de segundos. E como a razão fugiu da minha cabeça,  passei pelo grupo de jovens, atrás do carro. 

Acho que enloquecir de vez. Estou correndo atrás de um carro de polícia, tarde da noite para ter a plena certeza de que ela estava no passageiro. 

Porém parei, pois usei um pouco da minha razão que restava e pensei que os policiais iriam estranhar um garoto correndo atrás deles. 

Caminhei para delegacia mantendo uma certa velocidade nos passos e finalmente o carro parou em frente a ela.

Mantive uma certa distância e observei de longe as pessoas descerem do carro.

Pude ver o rosto dela. Era o mesmo rosto redondo que combinava com seus corpo perfeitamente.  Os fios de cabelo em um coque mal feito. A feição era fechada e amargurada, sendo reflexo da alma. Os policiais a conduziram para dentro do prédio. Os segui lentamente e parei na porta. Foi então que me arrependi de ter feito isso pois ela olhou para mim.  A mulher que estava sendo presa.  Seus olhos arregalaram ao me encontrar e sei que ela se perguntou  o motivo de eu estar ali bem naquele momento - eu também me perguntaria. 

— Louis? - sua voz saiu fraca, mas audível da distância em que eu estava de sua origem. Depois ela se fortaleceu ousando chamar meu apelido — Lou! Lou!  Me solte!  Aquele é meu filho! Vai confirmar que eu sou inocente. 

Entrei em choque. Sentir minhas pernas fraquejar. Não era possível que ela fosse tão cara de pau.

Um policial começou a vir em minha direção, mas foi bloqueado por um homem que falou algo que eu não conseguir captar.

— Lou? O que faz aqui?  - o homem se aproximou de mim com calma, porém não encontrei palavras. Apenas me virei e sair. Com a minha mãe berrando meu nome lá dentro. E a voz calma e suave dele tão conhecida.

Harry pegou meu ombro e me fez parar. Nunca imaginei que aqueles olhos verdes que brilham quando eu o olho - fossem me trazer o mínimo de acolhimento.

— Lou?  O que aconteceu?

Formei em minha mente uma frase coerente mas não saiu como planejado.

Last Hope ✨ l.sOù les histoires vivent. Découvrez maintenant