Não queria revê-lo.

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Entramos novamente e fomos para o mesmo balcão que vi anteriomente, que ficava ao lado oposto das bebidas. Emma deu a volta nele, pegou algumas folhas e me entregou.

— Preencha isto, por favor. Ainda tem sua documentação?   

-Tenho.

Meus documentos foram uma das poucas coisas que trouxe comigo quando saí de casa.

Ela me entregou a caneta, peguei-a. Apertei o botão e a ponta saiu do outro lado. O simples som do click me fez senti um nervosismo e minha mão começou a suar. Senti-me num mundo paralelo. Nem a música alta passava pelos meus ouvidos. Intercalava olha entre a caneta em minha mão e a folha em minha frente como se fossemos os únicos habitantes daquele local, além das vozes atormentadoras do meu subconsciente.

O que está havendo comigo? Ora penso que é o melhor a ser feito, ora o nervosismo toma conta do meu ser.

Limpei a mão na calça, pois não conseguia escrever se ela estivesse molhada.

Completei a ficha, mas um tópico me chamou a atenção. Dizia que só os garotos que apresentasse exame de sangue, seriam aceitos.

— Por que tenho que fazer exame? - perguntei para Emma.

— O de sangue irá mostra se tem alguma doença. Só começo a trabalhar as cincos então posso ir antes deste horário com você ao médico. Tem um que atende os garotos. Ligo pra ele e vejo se ele tem horário disponível.

— Obrigado. - lhe entreguei as folhas. - Até amanhã. Ah, espere, você por acaso tem algo disponível para eu comer?

— Eu vou ver alguma coisa. Venha aqui.

Ela passou por uma cortina estilo hippie e eu a segui. Á direita se alongava um corredor com duas portas distantes no seu lado esquerdo.

— Meu quarto é este. - falou abrindo a primeira porta. - o outro cômodo é usado para guarda produtos de limpeza. Outros garotos também dormem aqui, mas nos quartos a cima. Não quis um dele, é nojento pensar que horas antes duas pessoas estavam fazendo coisas no local em que você está. Enfim, tem um colchão extra que você pode usar até que eu me mude. Eu acho que não mencionei isso, mas arranjei um apartamento e me mudo para ele semana que vem. Se quiser podemos dividir as contas e você pode morar comigo. Teria que dormir na sala porque só tem um quarto, mas é melhor que um hotel. Pode ir se ajeitando enquanto vou buscar alguma coisa para você. Durma aqui esta noite, pois já é tarde para andar pelas ruas.

— Valeu Emma. - entrei no quarto. Era pequeno, mas tinha espaço para uma cama de solteiro, um colchão no chão, um guarda-roupa e uma cômoda com TV. Consideravelmente confortável.

Ela deu um sorriso e fechou a porta após sair.

Às vezes me pego pensando se eu e Emma apenas tivemos azar ou se desperdiçamos oportunidadades. Eu e ela viemos de famílias com luxos nulos e problemas para uma ilha habitada. Contudo, poderíamos ter nos esforçado para entrarmos numa faculdade ou trabalhar em bons empregos do que em barzinhos.

Ah sério, Louis? Vai vir com papo nerd agora?

Melhor papo nerd do que fazer o que ele fará!

Mas uma briga entre os dois lados opostos da minha mente.

Depois que ela voltou eu comi e dormi.

O dia seguinte foi um dos piores da minha vida até agora. Odeio agulha (para piorar a anta da enfermeira me furou trezentas vezes até achar a veia)

Emma me convidou para ajudá-la na boate hoje, assim poderia observar como os garotos agem. Não teria que dançar só ficar parado, mas é necessário ficar numa posição, hum, chamativo.

Last Hope ✨ l.sOù les histoires vivent. Découvrez maintenant