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Katherine

Ultimamente, não consigo deixar de pensar no Daniel. Ele não me sai da cabeça, seja dia ou seja noite. Durante o dia penso nele e no que aconteceria se lhe dissesse o que sinto. À noite, ele entra nos meus sonhos, criando cenários que espero que um dia aconteçam. No entanto, e apesar do medo que tenho do que possa acontecer, sei perfeitamente que o que devo fazer é confessar os meus sentimentos. Acho que o medo que sinto é normal, somos amigos desde que me lembro e a nossa amizade é muito importante para mim, honestamente ele é uma das únicas pessoas em quem confio, sei que diga o que disser ele não me vai julgar mas, com este assunto, as minhas certezas não são tantas. As palavras das raparigas fazem-se ouvir dentro de mim como sinos que tocam de minuto a minuto, sei que têm razão mas estou num conflito interior para decidir o que fazer.
Olhei para o relógio na minha mesa de cabeceira e suspirei, estava na hora de me levantar para ir para a escola e não podia ter menor vontade.

***

- Bom dia. - disse quando me sentei ao lado de Melanie na sala onde íamos ter aula.

- Hey. - ela sorriu. - Está tudo bem?

- Sim. Porque perguntas?

- Pareces distraída e com a mente noutro lado. Além disso, costumas sentar-te com o Daniel.

- Apenas me apeteceu sentar aqui. Porquê? Queres que vá embora? - gozei.

- Tu sabes que não mas também sabes que consigo perceber que estás a pensar em qualquer coisa que te está a preocupar.

- Não é nada de mais, Melanie.

- Como queiras, Katherine... Mas não te esqueças que quando finalmente ganhares coragem para dizeres o que queres pode ser tarde de mais.

- O que queres dizer com isso?

- Tu sabes perfeitamente o que quero dizer com isto, Kath. A decisão é tua, segue o teu coração.

***

Acho que todos conseguiram perceber que estava no mundo da Lua. Se antes de ir para a escola já não estava em mim então depois de ter falado com a Melanie ainda fiquei pior. Sei o que tenho de fazer mas tenho muito medo.

" Mas não te esqueças que quando finalmente ganhares coragem para dizeres o que queres pode ser tarde de mais. "

E se correr mal?

" Segue o teu coração. "

E se a nossa amizade acabar?

" Pode ser tarde de mais. Segue o teu coração. "

Sei o que tenho de fazer.

***

Os nervos sentiam-se à flor da pele e o medo fazia-me transpirar e tremer. Limpava constantemente as mão às calças, na esperança de pararem de estar tão molhadas e apertava a bainha da camisola para as fazer parar de tremer. Queria voltar atrás, ir pelo mesmo caminho por onde vim e voltar para casa, deixando tudo para trás mas, quando dei por mim, já a minha mão fazia contacto com a porta à minha frente. Enquanto não abriam o meu primeiro instinto continuava a ser virar-me para trás e correr o mais depressa que podia até o mais longe possível e cheguei mesmo a tentar fazê-lo mas foi nesse momento que ele abriu a porta.