→T h i r t y S e v e n←

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Melanie 

A primeira coisa da qual me apercebi ao acordar foi a dor de cabeça que sentia, como se tivesse trinta martelos a martelar dentro da minha cabeça. Tentei abrir os olhos, mas estes pareciam colados. Tentei engolir um pouco de saliva, mas a minha garganta parecia feita de areia. Por último, tentei mexer-me, mexer qualquer parte do meu corpo, mas parecia que me tinha transformado em estátua.

- Melanie? – Os meus ouvido continuavam a funcionar, apesar de a voz parecer chegar desde o fundo de um túnel. – Estás acordada?

A única coisa que consegui fazer foi grunhir em resposta. Pelo menos penso que grunhi, nem sei se foi audível no exterior do meu corpo. Lentamente, consegui abrir os olhos. Via tudo desfocado, os meus óculos tinham desaparecido, e parecia que ainda via pior que o normal. Uma tontura fez-me voltar a fechá-los com força. Quando os voltei a abrir uma mão foi posta no meu ombro. Olhei para Megan que estava ajoelhada à minha frente, a mão que não estava no meu ombro entregava-me os meus óculos. Levantei uma mão com dificuldade para pegar neles e, com ainda mais dificuldade, ergui o tronco de maneira a estar sentada.

Com os óculos já posto via ligeiramente melhor, as coisas continuavam a estar meias desfocadas e a divisão estava escura. Megan deu-me todo o tempo que precisei para me ver livre das tonturas, o máximo que conseguia, e para voltar a focar a visão.

- Tens aqui água. – Ofereceu.

Entregou-me a garrafa para a mão e, naquele momento, nem pensei que a água podia conter alguma coisa que me fizesse mal, apenas bebi. Era tudo o que precisava e pedia. E nunca água me soube tão bem.

- Já estou acordada há bastante tempo, devem-me ter dado uma dose mais fraca. – Megan sentou-se ao meu lado.

- U-Uma. – Clareei a garganta e voltei a beber água. – Uma d-dose de quê?

- Não sei como se chama... sabes nos filmes? Tapam o nariz e a boca da vítima com um pano para a pôr inconsciente, foi isso que usaram connosco. – Ela fez uma pausa. – Qual é a última coisa que te lembras?

Tentei relembrar alguma coisa do que eu supunha ser o dia anterior. Lembrava-me de ter passado a manhã com Luke, de ter passado a tarde em casa, do jantar em casa de Ashley, de ter conhecido Mark e da sala das armas.

- Eles são mesmo caçadores não são? – Respondi com uma pergunta.

Megan não respondeu, não era preciso, ambas sabíamos a resposta.

- Há quanto tempo estás acordada?

- Bastante. A Ashley já cá esteve. – Disse o nome dela como se tivesse alguma coisa amarga na boca. – Foi ela quem trouxe a água. Somos mais úteis vivas do que mortas à sede, palavras dela, não minhas.

- Como é que vamos sair daqui?

- Não sei. É ela que tem a minha carteira e telemóvel.

Ia falar, mas Megan pôs a mão à frente da minha boca. – Vem aí alguém.

Ela tinha razão. A porta que nos separava do exterior foi destrancada e depois aberta. Por lá entraram duas pessoas, uma rapariga, Ashley, e quem eu recordava como o seu pai.

- Ora, ora, vejo que já acordaste, Mel.

- Não me chames isso.

- Pois, já me esquecia, só o Lukezinho é que te pode chamar isso. – Fingiu um beicinho. – Pena que talvez nunca mais o ouças dizer isso...

- O que queres dizer com isso? – Exaltei-me.

- Bem, Mel, - Lutei contra a vontade de lhe mandar um berro para não me chamar assim. – Como tu percebeste quando entraste no quarto com os... nossos brinquedos, nós somos caçadores.

San Francisco • 5SOS → Lobisomens ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora