Megan
Estava ligeiramente espantada por Ashton me ter telefonado a pedir para nos encontrarmos. As nossas universidades ficavam a uma distância de aproximadamente três, quatro horas e, por isso, desde o início deste ano letivo que ainda não nos tínhamos visto pessoalmente, apenas tínhamos falado, pontualmente, por mensagens e a ocasional chamada. Podemos dizer que o nosso relacionamento não estava nos seus melhores dias e, embora me custasse, eu sabia qual era o motivo que levava a esta visita repentina do Ashton.
Saí do carro e entrei no café onde tínhamos combinado encontrar-nos. Ele já estava sentado à minha espera numa das mesas do café, com uma chávena à frente.
- Olá. – sentei-me à sua frente.
- Megan, olá, ainda bem que pudeste vir.
A falta do habitual beijo ao nos cumprimentarmos fez-me confusão, era como uma rotina e quebrar as rotinas causa sempre estranheza. Isso, aleado à tensão que se podia sentir entre nós, só me fazia ter cada vez mais certezas à cerca do motivo deste encontro.
- Quer pedir alguma coisa? – uma das empregadas perguntou-me.
- Pode ser um café. – respondi com um pequeno sorriso.
Ela acenou e virou costas para ir buscar o meu pedido. Durante este tempo, Ashton entretinha-se a olhar para o tampo da mesa, como se fosse a coisa mais interessante do mundo. Ainda não me tinha olhado nos olhos desde que eu chegara.
- Ashton. – chamei. – Não é que eu não esteja contente por te ver, mas ambos sabemos que estás aqui na cidade por algum motivo.
- Tens razão. – suspirou. – E acho que tu sabes o motivo.
A empregada a chegar com o meu café interrompeu-nos. Agradeci e esperei até ela se ter afastado para responder àquele que ainda é meu namorado.
- Como posso saber se tu não me disseres? – deitei açúcar no café.
- Não tornes isto mais difícil do que já é, Megan.
- Eu não estou a tornar nada mais difícil. Quero que me esclareças o porquê desta visita. Tenho a certeza que tens muitos trabalhos para fazer na universidade, não tens tempo para estas viagens. – bebi um pouco.
- Não me faças dizê-lo, por favor, Megan. – suplicou.
- Queres acabar não é? – perguntei já sabendo a resposta.
A expressão dele mostrou dor, como se tivesse levado um murro no estômago. Não era uma coisa que ele quisesse ouvir, mas também não era uma coisa que eu quisesse dizer. No entanto, era uma coisa que ambos sabíamos ser necessária.
- A distância é muita, Megan. Quase não nos podemos ver. Quando um de nós está mais disponível e com menos trabalhos, o outro não pode. Ambos sabemos que não podemos continuar assim. – ele olhou para o café à sua frente. – Não é saudável.
- Eu sei, Ashton. Eu também não gosto desta distância e não gosto de ter de acabar com uma coisa que demorou tempo a construir e da qual gosto tanto. Mas sei que é algo que precisamos. Não é justo estarmos presos um ao outro e este relacionamento só nos está a causar mais stress.
Era como se ser lógicos nos estivesse a proteger, como se enquanto tivéssemos uma explicação lógica para o porquê deste rompimento não ficássemos com o coração partido.
- Então este é o fim... - suspirou.
- Suponho que sim. – sorri tristemente. – Bem, é melhor eu ir. Tu também ainda tens a viagem de regresso para fazer.
- Tenho. – levantou-se para ir pagar a conta.
Saí do café e esperei por ele à porta, sabia que ainda tínhamos de nos despedir e que se eu me fosse embora sem dita despedida me iria arrepender futuramente.
- Vejo-te um dia destes, Megan.
- Podes ter a certeza que sim. – sabíamos que era impossível evitarmo-nos visto que o nosso grupo de amigos é o mesmo.
Olhámos um para o outro e, sem pensar, envolvi o seu tronco com os meus braços e senti-o abraçar-me de volta. Esta seria a última vez em algum tempo em que iria sentir os seus braços fortes e protetores à minha frente e, apesar de ser doloroso, queria aproveitar o momento ao máximo.
Não sei quanto tempo ficámos abraçados à porta do café, mas sei que quando ele me soltou e me deu um beijo na testa para logo depois se afastar, eu ainda não estava preparada para o ver ir embora. Mas não fui atrás dele.
Dei meia volta e entrei no carro pronta para dirigir para a universidade. Só quando estava a estacionar é que as lágrimas apareceram. Deixei-me estar encostada ao banco enquanto olhava em frente, sem conseguir focar devido às lágrimas. Não tinha coragem de sair do carro, não sabia se as minhas pernas poderiam aguentar com o peso do meu corpo até chegar ao dormitório, mas sabia que não queria estar sozinha. Por isso, saí do carro devagar, agarrei-me à porta quando senti uma tontura e respirei fundo antes de, finalmente, trancar o carro e começar a andar.
Ao andar pelos corredores, mantinha a cabeça baixa, não queria que ninguém visse como eu estava, não queria que alguém me viesse perguntar o que se passava porque eu não conseguiria responder a essa pergunta, tudo se tornaria mais real a partir do momento em que dissesse as coisas em voz alta.
Quando cheguei ao dormitório a que queria chegar, bati à porta e encostei-me à parede ao lado da mesma, à espera que alguém abrisse. Melanie abriu a porta poucos segundos depois, tinha um ar confuso que, logo que me viu, se tornou preocupado.
- Megan, o que se passou? – puxou-me para dentro do quarto e fechou a porta atrás de si.
- Eu... O Ashton... - não conseguia dizer uma frase que fosse, mas, de alguma maneira, Melanie não precisou que eu o fizesse.
- Oh, Megan. – abraçou-me. – Lamento.
Não respondi e ela também não disse mais nada, respeitou o meu silêncio e eu aprecio isso. Guiou-me até à sua cama e disse-me para me deitar lá e dormir, precisava de descansar. Ela tinha razão. Todo o choro tinha-me deixado esgotada emocionalmente e precisava mesmo de um bom sono. Aconcheguei-me, por isso, na sua cama que cheirava a Melanie, a minha melhor amiga, um cheiro reconfortante e familiar, e deixei-me adormecer.
- Luke, acho que é melhor ligares ao Ashton. – ainda a ouvi dizer ao telemóvel.
Mesmo que soubesse que isto iria acontecer, mesmo que soubesse que nós não iríamos aguentar a distância, o rompimento desta relação custa imenso porque, por mais que eu tente, sei que nunca vou deixar de amar o Ashton, o meu primeiro grande amor. Sempre o terei no meu coração.
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Hey,
O que acharam? Querem algum extra em especial?
Pergunta: Qual foi a parte que menos gostaram da 'San Francisco'? (Sem problemas a responder, estou curiosa para saber!)
A minha foi entre os capítulos 3 1e 41, principalmente aqueles na 3 pessoa. Não sei, mas acho que não ficaram muito bem escritos e um bocado confusos .
Bem, o próximo extra será no ponto de vista da Lydia.
bia xx
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San Francisco • 5SOS → Lobisomens ✔
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