Melanie
- O dia de hoje deixou-me estafada. - admitiu Megan. - Não estou habituada a andar tanto.
- Foi a ti e a mim... Estava a ver que ainda caía a meio do caminho. - concordou Katherine.
- Tu cala-te que andaste nas minhas costas o caminho quase todo. - riu-se Daniel.
- Oh, mas isso é porque tu és um amorzinho e gostas muito de mim. - ela disse numa voz de bebé.
- Essa é a tua sorte.
- Que dois idiotas. - resmungou Emma.
- O que se passa?
- Não te faças de parvo, Daniel. Vê lâ se ganhas tomates e dizes o que sentes de uma vez por todas. - disse-lhe Theo.
- Mas de que é que estão a falar.
- O mesmo se aplica a ti, Kath. - falei.
- Já tivemos esta conversa, meninas.
- Precisamente, já era tempo de abrires os olhos e seguires os nossos conselhos.
- MENINOS! - um professor chamou a nossa atenção. - Está quase na hora de ir para as tendas, já são 10:30h, comecem a preparar-se.
- Estás bem, Luke? - perguntei.
- Hum? Oh, sim, está tudo bem.
Luke estava a mexer-se desconfortavelmente ao meu lado. De dois em dois minutos olhava para o céu ou à sua volta. Tal como ele, os outros rapazes, assim como Lydia, Katherine e Emma pareciam desconfortáveis e, até mesmo, preocupados.
- Vocês parecem estranhos... - Megan comentou e eu concordei.
- Sim, está alguma coisa a preocupar-vos ou assim?
- Não, não se preocupem, está tudo bem.
- Sabem que eu não acredito nessa, certo?
- Ainda tínhamos esperança que fosses acreditar.
- Mas é alguma coisa em que nós possamos ajudar?
- Não exatamente...
- Mas não pensem muito no assunto, amanhã já estará tudo bem.
- Hum... Vocês a mim não me enganam, mas vamos fingir que sim.
***
Luke
Depois de toda a gente se ter deitado esperei um pouco antes de voltar a sair da tenda para ir ter com os outros. A noite estava calma e já começava a sentir os efeitos da Lua Cheia em mim. Era por isto que não queria vir acampar. Estar com tanta gente da escola perto de mim nesta situação não é nada bom. Tenho medo de ser visto, eu ou os outros, se nos virem podemos deitar tudo a perder, mas os nossos pais não pareceram preocupar-se muito, confiam em nós e não os quero desiludir.
- Pronto, Luke? - perguntou Calum à entrada da minha tenda.
- Estou. - com um suspiro levantei-me e saí da tenda.
- Vamos. Os outros já estão lá para a frente.
Calum indicou o caminho e eu segui atrás dele. Como ele tinha dito os outros já estavam afastados do acampamento improvisado, juntos no meio da floresta, onde as árvores nos abrigavam e nos permitiam esconder.
- Acham que alguém vai dar pela nossa falta?
- Não. - Ashton abanou a cabeça. - Está toda a gente a dormir e não é como se nos fossem procurar. Não gostam de nós, Luke, ninguém quer saber.
- Não digas isso, Ash.
- Mas é a verdade, Lydia, nós somos aqueles que ficam sempre de parte e são olhados de lado. Principalmente eu, o teu irmão, o Cal e o Mike e não consigo perceber porquê.
- Talvez as pessoas da escola não gostem de nós mas, no entanto, estamos bem assim. Temo-nos uns aos outros e, agora, a Melanie e a Megan também.
- Sim, mas elas não sabem o que nós somos... Quando souberem não sei se ficarão ao nosso lado e elas, mais tarde ou mais cedo, vão ter de saber porque para estarem conosco vão ter de perceber as coisas. Além disso, a Melanie é muito curiosa e atenta aos detalhes, a Meg também, mas a Melanie é mais... Temos de ter cuidado se não queremos que descubram cedo de mais.
- Hum... Está na hora. - disse Katherine interrompendo o Ashton.
- Tentem camuflar-se com as árvores e arbustos, não andem muitto juntos para ser mais difícil sermos visto mas não se afastem demasiado. Encontramo-nos aqui de madrugada. - comandou Calum.
Nestas situações costumava ser ele o "líder", por assim dizer. A calma que ele mantém e a capacidade de pensar em todo o tipo de situações sempre nos ajudou muito.
Depois de um olhar preocupado na direção dos outtros oito afastei-me para a esquerda. Esta situação deixa-me imensamente preocupado e stressado. Há um enorme risco de sermos vistos e isso assusta-me porque sei, por experiência própria, que é uma situação horrível, perigosa e que dá imensos problemas.
Sentei-me no chão encostado a uma árvore e olhei para a Lua. Já começava a sentir o seu efeito em mim e não ia fazer nada para parar o processo. Esta era a pior parte das noites de Lua Cheia. Os ossos estalavam, todo eu mudava e uma dor aguda fazia-se sentir por todo o meu corpo, uma dor que me faria gritar se tivesse voz para o fazer. Começava a ver os pêlos a crescer mas os meus olhos já doíam e ardejavam. Quando a dor acabou e os meus olhos se abriram o ambiente tinha mudado, pelo menos para mim.
Conseguia ver mais além e os cheiros estavam mais acentuados. A noite estava calma e sabia bem estar assim, em paz com a Natureza.
Afastei-me do sítio onde tinha estado e adentrei na floresta. Depois de uns minutos para me voltar a habituar às quatro patas comecei a correr e o sentimento de liberdade tomou conta de mim. Por pouco não me apercebia do pequeno chamamento de pânico que se ouvia levemente.
Corri mais depressa, se havia alguém em perigo não ia deixar que essa pessoa ficasse à mercê da noite.
Estar nesta situação tantos anos depois assusta-me. Já não sou aquela pequena cria de lobo nem ela é a pequena menina que eu ajudei à uns anos atrás. As coisas mudam enquanto crescemos, penso que não seja prudente mostrar-me, ao contrário de quando era pequeno e a minha curiosidade me fez ir ter com aquela menina perdida.
Mas Melanie estava à minha frente vulnerável, indefesa e perdida no meio da foresta e deixá-la ali não era uma hipótese para mim.
Por isso fiz o que o Luke de cinco anos faria. Deixei as sombras das árvores que me ocultavam e aproximei-me.
VOCÊ ESTÁ LENDO
San Francisco • 5SOS → Lobisomens ✔
Hombres LoboAs diferenças e as dificuldades não acabaram com a nossa amizade e só me fizeram amar-te mais. Foram elas que me fizeram ver que a pessoa perfeita para mim não tem de ser aquela pessoa que, aos olhos de todos, é perfeita mas sim aquela que torna a m...
