Melanie
- A escola decidiu que os alunos do secundário vão fazer uma viagem de um fim de semana. - informou a professora de geografia.
- Onde é que é a viagem? - perguntou um dos meus colegas de turma, Carter Mathews.
- É uma pequena viagem até uma parte da floresta. Vamos acampar.
Quando a professora disse que íamos acampar, um sorriso cresceu na minha cara. Sempre gostei muito de o fazer e, quando era mais nova e ainda estávamos na Austrália, eu e os meus pais e, às vezes, os meus tios e primos, costumávamos acampar várias vezes por ano.
- Não é obrigatório ir, antes que perguntem. No entanto, acho que seria uma boa experiência. - informou a professora. - A única coisa que têm de fazer é, até quarta feira, irem à secretaria e pedirem os papéis para se inscreverem e a escola poder saber quantos alunos vão. Lá, dar-vos-ão todas as informações necessárias. Agora vamos começar a aula. Abram os livros na página 83.
***
- Vais ao acampamento, Melanie? - perguntou Michael no intervalo.
- Claro, adoro acampar. E vocês?
- Eu vou. - anuiu Megan. - O ambiente em minha casa não anda muito bom, quero aproveitar todas as oportunidades para me afastar.
- Já sabes que quando quiseres podes ir a minha casa e, se for preciso, até podes ficar lá a dormir. Os meus pais já te conhecem, Megan, eles não se importam.
- Eu sei, Melanie, e obrigada.
- Mas passa-se alguma coisa de grave, Meg? - perguntou Ashton pegando na mão dela em cima da mesa.
- Não sei, não sei se é grave ou não. - ela suspirou. - Os meus pais estão sempre fora de casa a trabalhar e, quando estão os dois em casa, não param de discutir.
- Eu estarei sempre aqui para ti, Meg. Estou a um telefonema ou mensagem de distância. - Ashton disse apertando-lhe a mão.
- Eu não sei se posso ir. - comentou Luke.
- Anda lá! - insentivou Michael. - Tu gostas da natureza e vais estar aqui com os teus grandes amigos. Vais divertir-te.
- Não sei... No dia 20 vamos estar lá...
- O que tem o dia 20? - perguntei.
- Não te preocupes, Luke. Vamos ficar bem mas, de qualquer maneira, o melhor é falarmos com os nossos pais. - declarou Calum, não ouvindo ou ignorando a minha pergunta.
***
- Olá, Melanie! - cumprimentou Daniel. - Entra, os outros estão lá em cima.
Subimos as escadas e entrámos no quarto onde já tínhamos estado há uma semana atrás.
- Melanie! Finalmente estás aqui. Já estava cansada de aturar os rapazes sozinha. Já são anos a mais.
- Ama-nos menos, Kath.
- Menos ainda? - ela gargalhou.
- És tão mázinha! - Calum abanou a cabeça.
- Têm todos alguma lenda? - perguntou Daniel.
- Eu tenho. - disse Katherine. - É pequena mas é alguma coisa.
- O meu avô vem cá. Contei-lhe que íamos fazer o trabalho hoje e ele quer ajudar-nos. Achou o tema muito interessante.
- Filho, o avô chegou. - o pai de Daniel disse à entrada do quarto.
Daniel assentiu e levantou-se, seguindo escadas a baixo connosco atrás dele.
- Olá, avô.
- Olá, Mr. Skye.
- Olá, meninos... e meninas. - gargalhou. - Então, ouvi dizer que querem que vos conte uma história.
- Queremos. Para o trabalho de história.
- Ora... Uma lenda de San Francisco... Sei uma interessante, sou capaz de já a ter contado ao Daniel.
- É sobre o quê?
- Lobos. - o senhor sorriu.
- Lobos... Gosto de lobos. - comentei com um sorriso.
- Então ainda bem.
O avô de Daniel sentou-se no cadeirão que havia na sala. Com Calum e eu no chão e Daniel e Katherine no sofá.
- Há muitos milhares de anos atrás, uma praga atingiu a costa americana, não se sabe vinda de onde e não se sabe trazida por quem. O interessante desta praga, o que a tornava diferente, rara, única, era o estado em que deixava quem era afetado. Apesar de não se saber de onde veio a praga, presume-se que tenham sido os lobos a espalhá-la, precisamente pelas características especias e condições em que deixava as pessoas.
Engoli em seco e olhei em volta, Daniel estava com um pequeno sorriso, tenho a certeza que já tinha ouvido a história do seu avô. Katherine e Calum estavam atentos ao que o velho homem dizia, a beber-lhe as palavras.
- Quando uma pessoa era atingida pela praga os pêlos do seu corpo cresciam de uma maneira fora do normal, as unhas cresciam os dentes afiavam. Tornava-se difícil controlar os sentimentos e as emoções e havia a necessidade de caçar para se alimentarem, precisavam de carne freca.
- Basicamente, as pessoas tornavam-se lobos? - perguntei.
- Sim, mas isso não era o pior. Na Lua Cheia as pessoas simplesmente deixavam de ter controlo, convertiam-se totalmente em lobos e saiam à caça. Nessas noites não eram apenas animais caçados... Também caçavam pessoas. Quem foi infetado era mantido preso em caves, ordens da gente importante da cidade. Não servia de nada, conseguiam fugir e causar a destruição, começaram a revoltar-se e já não havia volta a dar.
- Wow. - Katherine disse baixinho.
- Chamaram a essas pessoas de lobisomens, metade lobos, metade Homens. Com o passar dos anos aprenderam a controlar-se, o mais difícil era com a Lua Cheia mas com o passar das gerações torna-se mais fácil.
- Isso quer dizer que, se a história for verdade, há uma possibilidade de haver lobisomens aqui, em San Francisco. - perguntei espantada.
- Aqui e em mais partes do mundo, Melanie. - o senhor sorriu. - As coisas espalham-se.
A lenda entrou-me na cabeça, não por me assustar ou coisa assim mas sim por ser diferente. Criaturas míticas é uma coisa que sempre me chamou a atenção e, não sei, acredito que existam. Se tudo for verdade, gostava de conhecer algum lobisomem, era uma coisa fantástatica e diferente. O avô do Daniel diz que com o passar das gerações conseguem controlar-se mais facilmente o que quer dizer que são menos perigosos. Wow, a lenda subiu-me mesmo à cabeça mas era o que precisávamos para o trabalho e, sem dúvida, a melhor história que já ouvi.
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San Francisco • 5SOS → Lobisomens ✔
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